Mariana Becker sobre voltar à TV: 'Ficaria triste de deixar a Fórmula 1'

Em entrevista exclusiva ao Pole Position, a jornalista Mariana Becker falou sobre seu futuro na Fórmula 1 e afirmou que "ficaria muito triste" em deixar a cobertura da principal categoria automobilística do mundo.

Mariana Becker comentou o fim do contrato da Fórmula 1 com a Band, disse que quer continuar trabalhando na TV e revelou o que lhe deu mais prazer na cobertura da F1 nos últimos anos, quando conquistou o público brasileiro. Confira abaixo os principais trechos!

O programa Pole Position é apresentado pela colunista Julianne Cerasoli e vai ao ar no canal de UOL Esporte no Youtube.

'Ficaria triste de deixar a Fórmula 1'

Questionada sobre o fim da relação entre Band e F-1, Mariana Becker se disse "muito triste" com a situação. Segundo ela, seu futuro profissional está em aberto.

Como eu não sei meu futuro, não posso nem te dizer o que há. Eu fiquei muito triste, porque eu acho que isso é uma coisa frustrante para a gente que está trabalhando, que está querendo fazer o melhor possível e, de repente, não vou poder continuar a fazer o que eu estava fazendo. Na verdade, como não está nas minhas mãos, eu tenho que esperar um pouco, ver o que o futuro me reserva. Hoje em dia a gente tem muita falação, muita notícia, e eu acho que as coisas só viram fato mesmo quando se assina tudo. Então, até aí, não tem nenhum tipo de previsão.

Eu só acredito nas coisas depois de assinado. A Fórmula 1 ensina a gente isso. Eu gosto muito de Fórmula 1 e gostaria de continuar trabalhando com Fórmula 1, dentro de condições normais. Agora, se eu tiver que não trabalhar com a Fórmula 1 e trabalhar com outra coisa, também trabalharei. Ficaria triste por ter que deixar, mas acho que a capacidade de contar histórias está sempre comigo. Talvez não numa televisão, mas em outras coisas. Eu não sei. Não adianta eu tentar te dar alguma pista aqui, porque como eu não sei, não posso nem dar um pitaco. Zero. Não posso falar do futuro.

'Verstappen está ficando de saco cheio'

Mariana Becker comentou os desabafos e palavrões recentes do tricampeão mundial Max Verstappen. Na avaliação dela, o holandês está ficando "de saco cheio" do excesso de controle na categoria. Será que o piloto da Red Bull pode deixar a Fórmula 1?

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Eu acredito que ele fala do fundo do coração. Talvez, se ele pensar um pouco mais, esfrie um pouco mais e reconsidere algumas coisas, talvez não seja de fato. Mas que ele está falando o que ele sente ali naquele momento, eu acredito. Ele não está usando os microfones para ameaçar. O Max, hoje, sente que está num patamar muito acima. Ele já conquistou três títulos mundiais, já ganhou um monte de grana, está com a vida ganha. E o que sempre moveu o Max, pelo que a gente vê, lembra que o Vettel reclamava também muito das coisas, quando começava a ter muito controle eletrônico, muita regra, que pode isso, não pode aquilo, em termos de normas dentro da pista, quando começou a ficar muito controlado, ele dizia, pô, deixa a gente correr.

Então, acho que o Max tem um pouco essa postura também, ele conquistou já os três títulos, ele sempre diz para mim: 'agora o que vem para frente é lucro', Obviamente, como piloto de Fórmula 1, como um cara competidor e jovem, ele quer ganhar. Mas eu entendo e vejo como real quando ele fala assim, eu também não sei se eu quero continuar, se for continuar, se for pra ser desse jeito, que não pode falar o que eu quero, não posso fazer... Enfim, está contra o que ele acha que é mais natural e prazeroso. Não é que ele vai deixar de correr porque ele não pode falar um palavrão, mas ele começa a ficar cada vez mais de saco cheio, com perdão da expressão, mas de saco cheio do controle. Ele falou, se for pra ser desse jeito, não estou afim de brincar mais, entendeu? Então, eu acho que é verdadeiro.

'Fórmula 1 mudou para melhor'

A jornalista avaliou que a Fórmula 1 mudou para melhor nos últimos anos. Ela apontou que a maior abertura dos pilotos, das equipes e da organização transformou a categoria.

Eu cada vez sinto mais prazer de trabalhar. O prazer da gente como jornalista esportivo vem de duas fontes principais: uma é do esporte ser surpreendente, dele gerar histórias, de gerar momentos em que você, de repente, se vê como testemunha ali pertinho de algo que não foi feito antes, ou de algo inovador, ou da história daquele esporte estar sendo construída, e o prazer de poder contar, bom, eu estava ali pertinho, eu vi isso. Então, tem esse fator do esporte em si. O esporte é surpreendente, o esporte continua gerando emoção, uma certa ansiedade para ver o que vem depois. Isso já está me dando e me dá cada vez mais, porque a gente não está podendo prever nem por corrida. Não é nem por ano, por corrida a gente já não está podendo prever, está uma delícia.

A outra coisa que melhorou muito também é que os pilotos estão mais abertos. Apesar do controle, desde que eu cheguei, eles falam mais, eles se revelam mais. Essa melhora vem principalmente do comportamento e de como a Fórmula 1 mudou no sentido de que você tem hoje mais mídias sociais. Os caras se expressam mais através das mídias sociais, as pessoas podem ver um pouco mais deles, querer saber mais, eles ficam mais abertos também. E teve essa história da Netflix, da série Drive to Survive, que trouxe muita gente que não tinha muita proximidade e a gente pode sair um pouco do trivial. Você pode explorar um assunto com o cara, poder entender por que pela milésima vez os caras erraram na estratégia com ele, e ouvir isso. Então, isso é uma coisa que melhorou muito. Me dá muito prazer de poder cobrir e contar isso tudo.

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'É o prazer que eu tive nos últimos anos'

Mariana Becker também falou sobre o que lhe dá mais prazer na cobertura diária da F1. Para ela, estar in loco é fundamental para contar as histórias e revelar os bastidores da categoria.

Me deu muito prazer eu poder entrevistar mais as pessoas, mostrar mais o lado dos caras que a gente não podia, não tinha como mostrar antes isso. Eu pude fazer não só na TV, mas também nas minhas mídias sociais, às vezes não dá entrevista, porque eu não posso entrevistar o cara nas minhas mídias sociais, mas eu posso mostrar ele, eu posso fotografar ele, o cara às vezes brinca comigo, às vezes mostra um negócio ali na sapatilha. Você começa a mostrar lados daqueles pilotos que as pessoas não viam. Então, isso é uma coisa que alimenta muito o espectador e alimenta, claro, o meu prazer também de poder mostrar os detalhes.

Uma coisa é você dar a manchete 'Daniel Ricardo se emociona no cockpit' e diz que aquilo foi a realidade dele durante muitos anos. E outra coisa é quando você pode mostrar o cara falando e aproveitar, por exemplo, o silêncio dele, quando ele tenta se controlar entre uma frase e outra. Esse silêncio, você poder mostrar o tempo desse silêncio, é um troço preciosíssimo. Porque quem está em casa vai se sentindo junto, sabe? E começa a ficar... Então, é esse prazer que eu tive nesses últimos anos, de poder mostrar os detalhezinhos que eu observo, que a gente observa, e nem sempre pode mostrar.

'Relação com o público me comove'

A mistura do rigor profissional com o tom despojado fez de Mariana Becker sinônimo das transmissões de F1 na Band. Ela contou que se aproximou muito do público nesse período.

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Fiquei muito surpresa. E claro que é uma coisa que me toca bastante ler, eu leio cada mensagem no meu Instagram, cada coisa que me escrevem. Aquilo não passa batido, né? Então, para mim, é uma coisa muito gratificante, porque é sinal de que a gente está conseguindo se comunicar, que as pessoas estão conseguindo sentir, ver e ouvir o que eu estou falando e gostam, aquilo faz diferença na vida deles. Ou porque eles agora gostam mais de Fórmula 1, ou porque se distraem mais, ou porque a pessoa começa a se ligar para se conectar com você. Então, isso me toca, me comove muito. Eu acho muito, muito legal.

Isso ou aquilo?

Na reta final da entrevista, a apresentadora Julianne Cerasoli fez uma brincadeira de perguntas e respostas com Mariana Becker. Confira!

Julianne Cerasoli: "Pra terminar, fazer uma brincadeirinha assim: é isso ou aquilo? Então, eu dou duas opções, você escolhe uma. Não precisa explicar muita coisa, é bate-pronto, não tem certo nem errado. Você prefere um GP animado na pista e cheio de perrengue na transmissão ou calmo na pista e com a transmissão perfeita?

Mariana Becker: "Não, animado e com perrengue. Animado de qualquer jeito, entendeu?"

Julianne Cerasoli: "Você prefere entrevistar um piloto legal que não ganha nada ou um piloto chato vencedor, mala?"

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Mariana Becker: "Vencedor. Posso explicar?"

Julianne Cerasoli: "Pode, pode".

Mariana Becker: "Depende do mala, uma coisa é o mala porque o cara é mal-humorado, não interessa. O caráter dele está para ser mostrado ali, me interessa saber o que um vencedor pensa. Agora, se ele é mala pelo fato de não falar, de não se revelar, aí eu prefiro entrevistar qualquer um, porque a coisa mais chata do mundo é você entrevistar uma pessoa que não fala, não quer, não vai, não consegue sair da superfície"

Julianne Cerasoli: "Se você fosse uma chefe de equipe, você contrataria o Niwi para fazer o seu carro ou o Senna para pilotar o seu carro?"

Mariana Becker: "Ai, que horror! O Senna".

Assista ao Pole Position na íntegra

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