Com apoio de atletas, La Porta é eleito no COB e barra Paulo Wanderley
Marco La Porta é o novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Ele foi eleito em pleito que ocorreu na manhã desta quinta-feira (3), no CT do Time Brasil, no Rio de Janeiro, e que teve controvérsias e tensão nos bastidores nos dias antecedentes. Ele era oposição à atual gestão e teve grande apoio da Comissão de Atletas no processo eleitoral, e fica no cargo pelos próximos quatro anos.
A chapa vencedora tem como vice Yane Marques, medalhista olímpica do pentatlo, e contou com 30 votos, contra 25 da candidatura de situação, encabeçada por Paulo Wanderley, atual mandatário, e tendo como vice Alberto Maciel Júnior, ex-presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo.
Estamos muito satisfeitos, principalmente com o processo [eleitoral]. Foi um processo democrático, e acho que a Assembleia escolheu aquilo que ela achou que era o melhor para o comitê olímpico neste momento. Estamos muito felizes, e vamos fazer o que propomos: um COB unido, atletas e confederações conversando juntamente, muitos projetos pela frente Marco La Porta
O comitê está em um momento importante, com bons patrocínios privados. Precisamos aproveitar esses investimentos de maneira assertiva, para chegar à ponta da linha, aos atletas. É isso que desejamos, com muita vontade. Tenho certeza que, com a Yane, vamos fazer um dupla que vai dar alegria ao esporte brasileiro Marco La Porta
O resultado eleitoral evita um imbróglio que poderia ter consequências financeiras ao COB, uma vez atletas e entidades ligadas ao esporte, como Pacto pelo Esporte e Atletas pelo Brasil, contestavam a candidatura de Paulo Wanderley por entender que, em caso de vitória, seria um terceiro mandato.
Esse protagonismo dos atletas começou lá atrás, quando me projetam a esse pleito, junto ao La Porta. Momento histórico. Estamos ocupando um espaço que, agora, estamos preparados para ocupar. Eu fico muito feliz em ser a voz dos atletas. Fico muito feliz por não só sentir a dor do atleta, hoje sei sentir a dor do dirigente, presidente de federação, pessoas que fazem parte da gestão esportiva. Estou disponível, com energia, para fazermos um trabalho bacana Yane Marques
Entenda o caso
Wanderley foi vice de Carlos Arthur Nuzman na eleição de 2016 e assumiu o posto no ano seguinte, após o então mandatário se afastar devido a denúncias de corrupção. Paulo Wanderley terminou o primeiro mandato em 2020 e, no ano seguinte, partiu para o segundo, que vai até o fim deste ano.
"Terceiros mandatos para presidentes de Comitês e Confederações representam um risco ao movimento olímpico e à boa governança do esporte, pois sem o repasse de recursos públicos, desestrutura-se todo o financiamento que dá suporte às preparações esportivas e de atletas", diz trecho de nota do "Atletas pelo Brasil".
O artigo 36 da Lei Geral do Esporte, que faz ponderações, entre outros assuntos, sobre repasses de recursos públicos federais, diz que serão beneficiadas somente as organizações que "demonstrem que seu presidente ou dirigente máximo tenha mandato de até 4 (quatro) anos, permitida uma única recondução consecutiva".
O entendimento da candidatura de Wanderley é que ele disputou a primeira reeleição, uma vez que de 2017 a 2020 estaria no cargo como "tampão". A compreensão sobre este primeiro período em que ele esteve à frente da COB, porém, não encontrou ecos, e há defesa de que seria, sim, um primeiro mandato.
Outras escolhas
Além de presidente e vice, foram escolhidos também sete membros do Conselho de Administração representantes das Entidades Nacionais de Administração do Desporto (ENADs) filiadas integrantes dos programas olímpicos de Verão e de Inverno e um membro independente do Conselho de Administração pelos próximos quatro anos.
Daniela Rodriguez de Castro foi eleita membro independente do conselho. Ela, que foi a candidata com apoio da oposição, teve 29 votos, e concorreu com Ricardo Leyser Gonçalves, que teve 26, e Willian Miotto Nadir.
É uma honra fazer parte do Conselho de Administração. A ideia do pacto é contribuir, e a minha pessoalmente contribui desde as questões legais, mas principalmente de governança, de melhorias de governança, de gestão, e aproximar de certa forma o patrocínio privado do esporte brasileiro. Acho que a gente vem aqui com essa missão para contribuir com o aumento de patrocínios para o esporte Daniela Rodriguez.
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Quero receberOs membros eleitos para o Conselho de Administração foram: sete assentos no Conselho de Administração são: ?Felipe Tadeu Moreira Lima do Rêgo Barros (Handebol), ?Flavio Cabral Neves (Wrestling), ?Flavio Padaratz (Surf), ?Jodson Gomes Edington Junior (Tiro Esportivo), ?Karl Anders Ivar Pettersson (Desportos na Neve),? ?Radamés Lattari Filho (Voleibol) e ?Rafael Girotto (Canoagem).
Momento descontraído
Durante a apuração dos votos para o membro independente do Conselho de Administração, pôde-se ouvir um áudio com "bom dia, Radamés" [Lattari, presidente do Confederação Brasileira de Vôlei], que arrancou risadas dos presentes. A mesa, então, brincou: "não está na votação".
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