Prestes a virar mãe, veterana volta ao octógono para frear sensação do UFC
A experiente Viviane Araujo tem neste sábado (16) mais um duelo à brasileira no UFC, desta vez contra Karine Silva, que está invicta e se destacando. Recuperada de lesão, a lutadora de 38 anos volta à ação após oito meses trazendo uma motivação adicional: dar orgulho à sua filha, que deve nascer entre as festas de fim de ano.
Gravidez durante lesão
Vivi Araújo e a esposa, Catarina, estão prestes a virarem mães. Elas, que estão juntas há cinco anos, encaram o oitavo mês de gestação e já pensam nos preparativos finais para a chegada da bebê Lua, programada para ocorrer entre o Natal e o Ano Novo.
O casal deu início ao processo de fertilização in vitro (FIV) após a última luta da atleta, em fevereiro, e a companheira engravidou. Depois da derrota para Natalia Silva, Vivi retirou seu óvulo, que foi fecundado via banco de esperma e introduzido no útero de Catarina.
A gravidez da esposa coincidiu com o período "de molho" da lutadora, que passou por cirurgia no joelho. A veterana rompeu o menisco e como ia ficar um tempo sem treinar, decidiu dar início ao sonho de virar mãe. Ela pediu liberação do antidoping do UFC para usar hormônio e realização a preparação dos óvulos para o procedimento.
Vivi conciliou sua recuperação com o apoio à mulher em gestação, ficou 100% novamente e agora se sente ainda mais motivada. A gravidez tinha um risco maior por se tratar de uma FIV. Catarina passou mal e chegou a ficar internada por um tempo, mas o susto passou e tudo vem correndo bem desde então. A lesão da lutadora também ficou para trás, e o combate foi marcado.
Estou super focada, em um momento muito bom da minha vida. Eu e minha esposa estamos esperando a bebezinha Lua, que deve chegar no final do ano. Tudo vai se refletir na luta. Estou muito feliz e isso está refletindo na minha carreira também, dentro de mim. Minha motivação aumentou mais ainda. O que eu quero é dar orgulho para a minha filha. Vivi Araujo, ao UOL
Quebra de um ciclo, continuação de outro
A gravidez também enterra uma passado nebuloso na vida da lutadora, que cresceu com episódios de violência doméstica em sua casa. O pai, alcoólatra, batia na mãe durante a infância de Vivi. Ela encontrou nas artes marciais um escape e, depois que aprendeu jiu-jítsu, chegou até a brigar fisicamente com o pai para defender a mãe. As agressões pararam.
Vivi se emociona por saber que vai "quebrar o ciclo" com a filha que está por vir. Ela ponderou que o trauma faz parte de sua história e que a fortaleceu, mas ressaltou que vai fazer "tudo diferente" com sua família. Lua, que será a primeira, não deve ser a única: a lutadora e a esposa pretendem ter mais três filhos pela frente.
Tudo que eu passei na minha infância me fez estar aqui hoje, me tornaram uma mulher forte. Faz parte da minha história, não tem como apagar. É uma história ruim, mas faz parte da minha. Quando eu penso em construir uma família, penso em fazer tudo diferente, em quebrar o ciclo. Sempre falo isso com a minha esposa, porque a minha filha não vai viver aquilo. Vai ser tudo diferente. Vivi Araujo
Motivação dobrada
A veterana tem páreo duro pela frente em seu retorno ao octógono. Vivi fará o seu 4º combate seguido contra uma compatriota, tendo perdido duas vezes e vencido apenas uma das lutas brasileiras anteriores.
Adversária desta noite, Karine Silva está invicta e em ascensão no UFC. A oponente é a 11ª do ranking do peso-mosca e pode saltar posições em caso de vitória.
Vivi, por sua vez, integra o top 10 da categoria desde 2019, seu primeiro ano no UFC. Natural de Brasília, ela é a atual 9ª colocada no ranking e quer mostrar que está na briga para disputar o cinturão do peso-mosca.
Essa luta vai ser bem importante para mim, para minha carreira, porque Karine é uma atleta que está em ascensão. Está crescendo, vindo com grande hype. Então, se seu sair com a vitória contra ela, acho que isso me credencia a subir na categoria. Meu objetivo é mostrar que eu tenho grandes chances de disputar o título em breve. Vivi Araujo
A lutadora se anima por ser a brasileira mais velha em atividade no UFC e afasta a ideia de aposentadoria: "Não me sinto velha". Ela acredita estar na melhor forma física e que ainda tem "muita lenha a queimar" na organização. "Enquanto eu tiver energia, alegria dentro de mim de estar lutando, eu vou estar fazendo isso", finalizou.
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