'Voz aos atletas': Fabiana Murer e Agberto lançam chapa de oposição na CBAt
Agberto Guimarães e Fabiana Murer são candidatos à presidência e vice, respectivamente, nas próximas eleições da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). Ambos os atletas olímpicos lideram a chapa da oposição de olho no mandato que vai de 2025 a 2028.
Em conversa com o UOL, Agberto e Fabiana expuseram as principais propostas e ideias para a disputa contra a situação, liderada pelo atual presidente Wlamir Campos. O planejamento da oposição prevê uma gestão 'de atletas para atletas' como uma 'visão 360', que se traduz na participação de todos: competidores, federações, clubes, árbitros e gestores.
A eleição da CBAt deve acontecer no início do próximo ano, mas não tem data marcada. O colégio eleitoral é formado por: representantes das federações estaduais, membros da comissão de atletas, medalhistas olímpicos, e representantes dos treinadores, dos árbitros e dos clubes classificados no Troféu Brasil e nos Campeonatos Brasileiros das categorias sub-20 e sub-18.
Atletas em posição de liderança
A candidatura de Agberto Guimarães e Fabiana Murer é mais um movimento de atletas buscando posições de liderança em federações esportivas. Recentemente, a pentatleta Yane Marques venceu a disputa pela vice-presidência do COB (Comitê Olímpico do Brasil) ao lado de Marco Antônio La Porta.
Na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), aconteceu algo similar. Apesar disso, a chapa com Renato Cordani e Poliana Okimoto perdeu a eleição pelo comando da federação para Diego Albuquerque e Marcelo Falcão. Agberto e Fabiana celebraram o movimento dos atletas.
"A presença de atletas em posições de liderança, como a vice-presidência da Yane no COB, é crucial para um esporte mais inclusivo e representativo. Mas é importante valorizar também a atuação das federações e clubes na nossa visão 360. Não podemos esquecer que são as federações que difundem o atletismo nas diferentes regiões do país e que são os clubes que investem na contratação de treinadores e atletas. Ou seja, ter atletas na liderança é aproximar a visão de quem pratica ou praticou o esporte, trazendo suas vivências, desafios e necessidades diretamente para a mesa de decisões. Não há como ter sucesso sem dialogar, trocar ideias e, sobretudo, entender como o atletismo está se desenvolvendo fora do Brasil. Isso não só eleva a voz dos atletas, mas também garante que as políticas e práticas implementadas atendam realmente às suas expectativas. Atletismo 360 significa reunir federações, clubes, treinadores, árbitros e atletas e, juntos, discutir propostas para fazer o atletismo voltar a crescer", disse Fabiana Murer.
"Nenhum gestor esportivo, por melhor preparado que seja, terá a visão do atleta. O atleta sabe onde o sapato aperta. Essa experiência, poucos gestores têm no Brasil, de realmente ter sido atleta de alto rendimento na modalidade que é o gestor. Para fazer o processo que a gente fez, ir a três Jogos Olímpicos, como eu fui, ser finalista duas vezes, ser campeão pan-americano, você traz um olhar diferente. Trazer e com uma visão prática do que é necessário para detectar, desenvolver um talento até ele chegar no alto rendimento. É entender a necessidade de cada fase do atleta. Nenhum gestor vai poder entender isso se ele não passou por esse processo", comentou Agberto.
O que mais eles pretendem
Parceria entre Fabiana e Agberto
Nossa parceria surgiu da necessidade de renovação, unindo diferentes experiências e visões para o atletismo brasileiro. Eu trago a vivência mais recente da prática do atletismo e o Agberto conhece profundamente e já trabalhou com nosso esporte, além de trazer uma vasta experiência em gestão e planejamento esportivo nacional e internacional. A união da nossa paixão pelo atletismo com a expertise na administração. Juntos, propomos uma gestão inovadora e inclusiva que valoriza a escuta ativa e a participação de toda a comunidade do atletismo, refletindo o conceito do Atletismo 360.
Fabiana
Eu já fiz um percurso enorme. Talvez esteja na hora de botar todo esse conhecimento em prol do desenvolvimento do meu esporte, do atletismo. Muito conhecimento de gestão esportiva, muito relacionamento interno e externo. A quantidade de profissionais que nós produzimos, desde os Jogos Pan-Americanos até os Jogos Olímpicos, é enorme. Temos profissionais brasileiros trabalhando em todos os eventos internacionais lá fora. Eu tenho um desejo enorme de poder fechar esse ciclo de trabalho dentro da minha modalidade. A Fabiana também volta para casa, porque agora é empreendedora, tem o próprio negócio dela. Mas ela pode voltar para casa e trazer um pouco do conhecimento mais recente do atletismo. Compõe uma chapa de um mix de conhecimento espetacular que a gente quer colocar a favor do desenvolvimento do nosso esporte.
Agberto
Plano de vivências internacionais
Viver e competir fora do Brasil é fundamental para a evolução dos atletas. A exposição a diferentes culturas e níveis de competição enriquece a formação e aprimora habilidades, além de preparar os atletas para desafios internacionais. Essa é uma experiência que sobra nesse grupo. Entendemos que essa vivência faz toda a diferença quando competimos nos grandes campeonatos. Você se acostuma a competir com os seus principais adversários e isso diminui aquele friozinho na barriga antes dos grandes eventos. Esse é um dos nossos pilares estratégicos e uma ação que será prioridade para nossa gestão.
Fabiana
Eu não teria tido a carreira de sucesso que eu tive, se eu não tivesse ido pra Europa. Morava numa cidade perto de Roma, durante dois meses, treinava num centro de treinamento dos carabineiros italianos. Isso me ajudou muito a entender como é que as coisas funcionam do ponto de vista de organização de eventos, como é que eu me relacionava com as pessoas, mas sobretudo porque eu tinha, toda semana, a oportunidade de competir com atletas que estavam na edição anterior, dois, três dias antes, mas via de regra eram todos novos. Você media forças com adversários diferentes o tempo todo. Te permite também ter um olhar diferente em relação ao teu adversário. Você deixa de admirar, de idolatrar. Eles sofrem como a gente. Posso garantir quase com 100% de segurança que se o atleta que não passa por esse processo, quando ele chega lá, ele congela.
Agberto
Igualdade de gênero
A igualdade de gênero no esporte é uma prioridade para nós. Reconhecemos que, quando se trata de recursos, as atletas mulheres frequentemente enfrentam desigualdades. Estamos comprometidos em implementar um plano forte que assegure mais mulheres treinadoras liderando nossas equipes e recursos equitativos para todos os atletas, independentemente de gênero. Não é aceitável esse tipo de distinção entre um grupo e outro de atletas. Isso inclui investigar as necessidades específicas das mulheres na seleção brasileira e garantir que planos justos sejam aplicados em todas as áreas, incluindo os revezamentos.
Fabiana
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