Últimos brasileiros campeões da São Silvestre: 'Falta suporte e dedicação'

Lucélia Peres e Marílson Gomes dos Santos foram os últimos brasileiros a vencer a Corrida Internacional de São Silvestre. Mas faz tempo. Em entrevista ao UOL, eles analisaram os desafios enfrentados pelos atletas brasileiros na busca pelo topo dessa prova histórica.

Desafios para a vitória brasileira

Lucélia Peres, campeã em 2006, destacou a dificuldade da prova e os obstáculos culturais e sociais que ainda pesam.

Lucélia Peres, vencedora da São Silvestre 2006
Lucélia Peres, vencedora da São Silvestre 2006 Imagem: Tião Moreira Contra-Relógio

"É um período bem longo sem uma vitória brasileira. Acredito que em algum lugar do Brasil há uma mulher se preparando para nos dar esse gosto novamente. Mas é preciso mais investimento, projetos esportivos e suporte para que possamos encaminhar talentos tanto femininos quanto masculinos."

Já Marílson Gomes dos Santos, tricampeão (2003, 2005 e 2010), apontou a necessidade de planejamento e foco específico para a São Silvestre:

"A São Silvestre tem um nível técnico altíssimo. Muitas atletas de referência mundial competem aqui. Acredito que hoje falta um pouco dessa dedicação integral e planejamento que tínhamos na minha época."

Memórias de vitórias marcantes

Lucélia relembrou com emoção a conquista de 2006, que coroou 11 anos de preparação e foco:

Minha estratégia foi aumentar o ritmo na milha oito e liderar a prova no momento certo. Quando virei para a Avenida Paulista, só pensei em cruzar a linha de chegada sem ser ultrapassada.

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Para Marílson, a lembrança mais especial é da vitória em 2003.

Marílson dos Santos, vencedor da São Silvestre 2010
Marílson dos Santos, vencedor da São Silvestre 2010 Imagem: Arquivo Pessoal

Na subida da Brigadeiro, a torcida brasileira vibrava, e isso me motivou a dar o meu máximo. Esse apoio foi crucial para alcançar o topo da prova

Reflexões sobre o futuro

Ambos enfatizaram a importância de incentivar jovens talentos e criar uma base sólida para o atletismo de alto rendimento no Brasil.

Lucélia reforçou a necessidade de políticas públicas externas para o esporte:

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"Com projetos consistentes, veremos mais brasileiros no topo, competindo em nível internacional".

Marílson destacou que o Brasil possui bons treinadores e condições para formação de atletas de elite, mas alertou para a diminuição no número de atletas competitivos:

"Hoje é difícil convencer jovens a praticar atletismo, especialmente provas de longa distância. Precisamos resgatar essa paixão e oferecer suporte adequado".

Destaques de 2024

Sobre possíveis vencedores brasileiros na 99ª edição, ambos apontaram favoritos:

Lucélia aposta em Kleidiane Barbosa Jardim, pela regularidade e experiência.

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Marilson destacou Fábio de Jesus Correia, enfatizando a importância do preparo mental e da estratégia:

"Se ele distribuir bem o ritmo, é um forte candidato à vitória."

Momentos pessoais

Lucélia lembrou quem apresentou sua alegria ao cruzar a linha de chegada:

A primeira pessoa que vi foi meu noivo, hoje meu marido. Logo depois, meu técnico estava lá para comemorar comigo

Marilson dos Santos registrou a emoção de conquistar sua primeira São Silvestre em 2003, destacando o apoio da esposa, Juliana, e de sua equipe, liderada pelo técnico Adauto Domingues. Ele relatou a intensidade do momento, a dificuldade em se deslocar pela multidão e o carinho do público:

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"É uma prova muito especial. O acolhimento das pessoas é gratificante".

A dedicação é o que nos levou ao topo. Aos que sonham com a São Silvestre, saibam que é possível, mas exigem muito suor e batalha Marílson Gomes dos Santos

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