Mãe russa e nascido nos EUA: o ginasta que quer vestir as cores do Brasil

Pai brasileiro, mãe russa, nascido e criado nos Estados Unidos e membro de uma família que tem a ginástica artística no DNA. Vitaliy Guimarães, de 24 anos, é uma das caras novas da modalidade e busca conquistar espaço na seleção brasileira no ciclo para Los Angeles-2028.

Nascido em Dallas, no Texas, Vitaliy disputou a Liga Universitária — estudou na Universidade de Oklahoma — e chegou à seleção dos Estados Unidos. Ele desembarcou no Brasil em março do ano passado: "Eu adoro o país, uma cultura única. Foi a melhor decisão da minha vida".

Ele chegou para defender o Minas Tênis Clube e considera que a atual temporada pode ser uma virada de chave. Inclusive, esteve no primeiro estágio de treinamento, organizado pela confederação, da caminhada até os Jogos Olímpicos.

É um processo, um pé na frente do outro e, a partir daí, aumentar devagar. Quero chegar à seleção, competir no Mundial e em outras competições internacionais, mostrar que eu posso ajudar a seleção. E acho que começa esse ano para mim. Tenho de trabalhar.
Vitaliy Guimarães, ao UOL

A história de Vitaliy tem um capítulo inicial no interior de São Paulo. Tatiana Kondratova, mãe dele e técnica de ginástica, veio trabalhar no Brasil no começo da década de 90. Após uma passagem pelo Pinheiros, mudou-se para Ribeirão Preto, onde conheceu o também treinador Marcelo Guimarães.

Vitaliy Guimarães, ginasta brasileiro
Vitaliy Guimarães, ginasta brasileiro Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

O casal foi morar nos Estados Unidos, onde nasceu Vitaliy Guimarães — que tem nacionalidade brasileira. "Eu nasci e sempre estive no ginásio. Eu ficava correndo com as crianças, fazendo bagunça. Depois, comecei a frequentar as aulas com os pequenos e, posteriormente, passei a competir. E meus pais sempre ajudaram muito dentro e fora do ginásio".

Marcelo acabou se tornando o primeiro técnico de Vitaliy, que contava também com os ensinamentos da mãe "principalmente, para melhorar no salto e no solo", conta ele. "Éramos como um pequeno time, o Time Guimarães".

Aos 10 anos, o ginasta se mudou para Denver, onde passou a treinar no famoso ginásio 5280 e permaneceu até os 18 anos. Foram ainda cinco anos disputando pela universidade, com quatro anos na seleção de base dos Estados Unidos e dois na adulta.

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Sempre mantivemos contato no Brasil. Conversei com meus pais e vimos como uma boa oportunidade. Quero mostrar que posso representar o Brasil. No começo, foi difícil para me adaptar, mas é sempre um processo. Não é fácil sair de um programa de ginástica para entrar em outro. Mas as coisas começaram a ficar mais fáceis e acho que estou entendendo um pouco mais.

Apesar dos obstáculos, Vitaliy fez ótima estreia no Troféu Brasil, em junho de 2024, quando foi ouro no solo e prata no salto — aquelas modalidades em que teve uma ajuda especial da mãe.

A comunicação, inclusive, não é problema para o ginasta, apesar do sotaque. Desde a infância, as conversas em casa contavam com português e russo, as línguas nativas dos pais.

O conhecimento da cultura brasileira não estava apenas na língua. Vitaliy já conhecia a culinária, com destaque para o arroz com feijão, e acompanhava o futebol nacional — herdou o gosto pelo Palmeiras: "Assistia aos jogos do Campeonato Brasileiro com meu pai, cresci com isso". O ginasta ainda não teve tempo para ir a uma partida no Allianz, mas espera poder estar na arquibancada em breve.

Formado em psicologia, o ginasta também pretende se especializar em psicologia do Esporte. "Eu adoro esporte e tudo que o envolve. Quero trabalhar com atletas e ajudá-los a pegar o nível máximo que puderem. Meus pais me ajudaram muito com esse lado psicológico, na preparação para treinos, competições. Você tem de sair do ginásio satisfeito com o que fez".

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