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Meia do Milan diz que pode abandonar campo novamente e mídia italiana elogia atitude

"Não vou mais aceitar isso", disse Boateng sobre manifestações racistas de torcedores - Shaun Botterill/Getty Images
"Não vou mais aceitar isso", disse Boateng sobre manifestações racistas de torcedores Imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Da AFP

Em Milão (Itália)

04/01/2013 18h07

O meia Kevin-Prince Boateng, do Milan, anunciou que voltará a abandonar o campo de jogo se sofrer novos ataques racistas, tal como ocorrido na quinta-feira em amistoso, sem se importar com a competição que estiver disputando.

O ganês abandonou o campo aos 26 minutos do jogo amistoso contra o Pro Patria, da quarta divisão italiana, depois de torcedores rivais terem gritado cantos racistas. Os outros jogadores do Milan também se retiraram de campo.

MILAN ABANDONA AMISTOSO APÓS TORCEDORES OFENDEREM JOGADORES

"Não me importa de que partida se trata - amistoso, da Série A ou da Liga dos Campeões - abandonarei outra vez o campo de jogo e acredito que todos me apoiarão", disse Boateng à CNN.

O meio-campista afirmou que se havia se queixado com o árbitro em três ocasiões pelo comportamento racista dos torcedores do Pro Patria e que decidiu se retirar de campo porque o juiz não interveio e os gritos continuaram.

"Falei com ele que se isso continuasse, eu não jogava mais. O juiz me falou 'não se preocupe' e eu respondi que estava preocupado sim, que não era uma situação agradável", explicou.

"Estou surpreso de ainda ter que escutar coisas assim em 2013. Não é a primeira vez na minha vida que tenho que escutar ou ver esse tipo de coisa, mas tenho 25 anos e não vou mais aceitar isso", completou.

Boateng também pediu à Fifa, órgão máximo do futebol mundial, que atue de forma mais contundente para acabar com o racismo. "Muitas pessoas na Fifa podem fazer algo a respeito e deveriam começar agora. Isso não deveria ser aceito. Deveriam expulsar para sempre essas pessoas dos estádios. É a primeira coisa que poderiam fazer".

"Recebi um apoio maciço na Itália e até na Inglaterra, e de muitos jogadores como Rio Ferdinand e Patrick Vieira, e queria agradecer", informou o ganês.

A decisão de deixar o campo por parte de todos os jogadores do Milan foi vista com bons olhos pela mídia e por personalidades na Itália.

"Por fim uma reação", anunciava o jornal La Repubblica em sua primeira página. "O racismo está numa crescente na Itália e na Europa, e devemos agradecer aos jogadores do Milan por terem tido a valentia de fazer o que o juiz não ousou", continuou.

"Foi um ato forte, importante, que enfim criou um precedente", disse o ex-jogador Damiano Tommasi, presidente da associação de futebolistas italianos.

"No final, o Milan e Allegri (treinador do Milan) foram fantásticos. A Itália precisa crescer e este ato representa o primeiro passo", indicou o treinador da seleção italiana, Cesare Prandelli.

O Corriere della Sera também elogiou a "reação necessária" contra o racismo no futebol. "Mas isto deve ser apenas o começo, agora, quando for ouvido o primeiro grito contra um negro, todos devem sair de campo", pediu o jornal.

De acordo com o jornal La Gazzetta dello Sport, a partido de quinta-feira foi a primeira na história do futebol italiano a ser interrompida por causa de gritos racistas.