Nadador sul-africano que perdeu perna para tubarão compete para salvar estes animais
Rio de Janeiro, 17 Set 2016 (AFP) - O sul-africano Achmat Hassiem se motiva na piscina paralímpica imaginando que um tubarão o persegue... o mesmo que arrancou metade de sua perna há uma década.
A vida de Hassiem esteve inevitavelmente ligada aos tubarões desde aquele fatídico dia na Cidade do Cabo, onde um grande branco o atacou durante um treinamento para salva-vidas.
O animal quase o matou naquele dia. Hoje, a lesão o impulsiona nos Jogos Paralímpicos Rio-2016.
Na semana que vem, ao fim de seus terceiros e últimos Jogos, Hassiem começará uma nova carreira: ativista contra a sobrepesca de tubarões.
"Meu apelido é 'garoto tubarão'", declarou à AFP na terça-feira, depois de competir nos 100 m livre.
"Meu irmão diz que é um apelido de super-herói e eu gosto de pensar que é mesmo", completou.
Quando Hassiem, de 34 anos, retira a prótese, adornada com as cores sul-africanas, e entra na piscina, não consegue evitar pensar no momento que poderia ter sido seu último em vida.
"Eu uso esse medo para competir", afirmou. "Eu imagino um grande tubarão branco de 4,7 metros me seguindo na raia e me pressionando para chegar em primeiro".
- 'Pensei que fosse um golfinho' -O encontro com o tubarão ocorreu em 13 de agosto de 2006, quando, aos 24 anos, Hassiem e o irmão mais novo Tariq se faziam passar por vítimas de afogamento em um exercício para salva-vidas na praia de Muizenberg.
Quando esperava para ser resgatado por um bote, percebeu que um triângulo cinza se aproximava do irmão.
"Pensei que fosse um golfinho, um golfinho ou uma foca. Decidi olhar debaixo d'água", lembrou.
Ao emergir, só deu tempo de gritar: seu irmão estava na mira de um tubarão. Temendo que o bote não chegaria a tempo, Hassiem começou a bater na água para tentar desviar a atenção do animal. O plano funcionou, seu irmão estava a salvo.
Hassiem, contudo, precisou lutar por sua vida.
"Em questão de segundos estava cara a cara com o tubarão", relatou. Lutando para se manter distante da boca, chegou a tentar subir nas costas do animal, mas notou que a perna direita não se movia.
"Foi nesse momento que vi que metade da minha perna estava na boca do tubarão", explicou.
O tubarão arrastou Hassiem para baixo d'água por 50 metros, distância de uma piscina olímpica.
Só quando o animal arrancou sua perna foi que Hassiem conseguiu voltar à superfície, quase afogado, e ser resgatado.
- Sonhos arruinados, novo significado -Hassiem se recuperou, mas sem uma das pernas terminou o sonho de se tornar jogador profissional de futebol.
Foi quando a sul-africana Natalie Du Toit, vencedora de diversas medalhas paralímpicas, recomendou a natação. Não houve volta.
"Tomei conta da piscina como o tubarão manda no oceano", brincou.
Hassiem competiu em Pequim-2008, Londres-2012, onde ganhou um bronze, e agora encerra a carreira no Rio.
"É ai que vem a parte louca", anunciou entre risos: A Organização das Nações Unidas (ONU) o nomeou no ano passado guardião global dos tubarões.
"Isso envolve trabalhar para proteger os tubarões em todo o mundo, algo como embaixador dos tubarões", explicou o atleta, alto e amigável.
Longe de cultivar ódio ou raiva pelo animal que quase o matou, Hassiem se sente no dever de deter a sobrepesca que está destruindo populações de tubarões e ameaçam interromper a cadeia alimentar do oceano.
"As estatísticas são terríveis. Cerca de 100 milhões de tubarões são assassinados a cada ano, enquanto mais humanos são mortos por uma torradeira do que por um tubarão", alertou.
Olhando para trás e vendo como sua vida mudou após o fatídico dia de terror, Hassiem não titubeia ao afirmar: "tenho que devolver aos tubarões o que os tubarões me deram".
A vida de Hassiem esteve inevitavelmente ligada aos tubarões desde aquele fatídico dia na Cidade do Cabo, onde um grande branco o atacou durante um treinamento para salva-vidas.
O animal quase o matou naquele dia. Hoje, a lesão o impulsiona nos Jogos Paralímpicos Rio-2016.
Na semana que vem, ao fim de seus terceiros e últimos Jogos, Hassiem começará uma nova carreira: ativista contra a sobrepesca de tubarões.
"Meu apelido é 'garoto tubarão'", declarou à AFP na terça-feira, depois de competir nos 100 m livre.
"Meu irmão diz que é um apelido de super-herói e eu gosto de pensar que é mesmo", completou.
Quando Hassiem, de 34 anos, retira a prótese, adornada com as cores sul-africanas, e entra na piscina, não consegue evitar pensar no momento que poderia ter sido seu último em vida.
"Eu uso esse medo para competir", afirmou. "Eu imagino um grande tubarão branco de 4,7 metros me seguindo na raia e me pressionando para chegar em primeiro".
- 'Pensei que fosse um golfinho' -O encontro com o tubarão ocorreu em 13 de agosto de 2006, quando, aos 24 anos, Hassiem e o irmão mais novo Tariq se faziam passar por vítimas de afogamento em um exercício para salva-vidas na praia de Muizenberg.
Quando esperava para ser resgatado por um bote, percebeu que um triângulo cinza se aproximava do irmão.
"Pensei que fosse um golfinho, um golfinho ou uma foca. Decidi olhar debaixo d'água", lembrou.
Ao emergir, só deu tempo de gritar: seu irmão estava na mira de um tubarão. Temendo que o bote não chegaria a tempo, Hassiem começou a bater na água para tentar desviar a atenção do animal. O plano funcionou, seu irmão estava a salvo.
Hassiem, contudo, precisou lutar por sua vida.
"Em questão de segundos estava cara a cara com o tubarão", relatou. Lutando para se manter distante da boca, chegou a tentar subir nas costas do animal, mas notou que a perna direita não se movia.
"Foi nesse momento que vi que metade da minha perna estava na boca do tubarão", explicou.
O tubarão arrastou Hassiem para baixo d'água por 50 metros, distância de uma piscina olímpica.
Só quando o animal arrancou sua perna foi que Hassiem conseguiu voltar à superfície, quase afogado, e ser resgatado.
- Sonhos arruinados, novo significado -Hassiem se recuperou, mas sem uma das pernas terminou o sonho de se tornar jogador profissional de futebol.
Foi quando a sul-africana Natalie Du Toit, vencedora de diversas medalhas paralímpicas, recomendou a natação. Não houve volta.
"Tomei conta da piscina como o tubarão manda no oceano", brincou.
Hassiem competiu em Pequim-2008, Londres-2012, onde ganhou um bronze, e agora encerra a carreira no Rio.
"É ai que vem a parte louca", anunciou entre risos: A Organização das Nações Unidas (ONU) o nomeou no ano passado guardião global dos tubarões.
"Isso envolve trabalhar para proteger os tubarões em todo o mundo, algo como embaixador dos tubarões", explicou o atleta, alto e amigável.
Longe de cultivar ódio ou raiva pelo animal que quase o matou, Hassiem se sente no dever de deter a sobrepesca que está destruindo populações de tubarões e ameaçam interromper a cadeia alimentar do oceano.
"As estatísticas são terríveis. Cerca de 100 milhões de tubarões são assassinados a cada ano, enquanto mais humanos são mortos por uma torradeira do que por um tubarão", alertou.
Olhando para trás e vendo como sua vida mudou após o fatídico dia de terror, Hassiem não titubeia ao afirmar: "tenho que devolver aos tubarões o que os tubarões me deram".
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