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Pogba volta a ser questionado na França e é cobrado por técnico

Pogba durante jogo da França contra a Bulgária - Michel Euler/AFP
Pogba durante jogo da França contra a Bulgária Imagem: Michel Euler/AFP

Da AFP, de Paris

08/10/2016 16h40

A mesma pergunta sempre volta à tona: quando Paul Pogba vai ter uma atuação à altura do seu talento com a seleção francesa? Na goleada por 4 a 1 sobre a Bulgária, o jogador mais caro da história se contentou mais uma vez com escassos lampejos e até o técnico Didier Deschamps está começando a perder a paciência.

Normalmente, o capitão dos 'Bleus' campeões mundiais em 1998 prefere não falar sobre o desempenho individual dos seus jogadores, mas dessa vez, Pogba não escapou de uma crítica.

"Ele alternou coisas boas e nem tão boas. Ele pode e precisa melhorar", criticou Deschamps, que lançou Pogba com a seleção principal em 2013, quando o meia tinha apenas 20 anos.

O caso Pogba é assunto recorrente nas entrevistas coletivas dos 'Bleus', diante da incapacidade do jovem craque de ser o dono do meio de campo, como costuma fazer com seus clubes.

Eleito revelação da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, quando tinha 21 anos, o meia era visto como a esperança de uma nova liderança técnica para os 'Bleus', orfãos de um 'maestro' desde a aposentadoria de Zinedine Zidane.

O próprio Pogba chegou a declarar antes da Eurocopa-2016, disputada na França, que tinha como ambição "virar uma lenda" do futebol.

No torneio continental, porém, o craque, hoje com 23 anos, não pesou tanto sobre o jogo dos anfitriões, que amargaram o vice-campeonato ao perder a final para Portugal (1-0 na prorrogação).

Marcou apenas um gol, de cabeça, na vitória por 5 a 2 sobre a Islândia, nas quartas de final, e provocou uma grande polêmica por uma suposta 'banana' na direção da torcida depois da partida contra Albânia (2-0).

Quem roubou a cena foi o atacante Antoine Griezmann, artilheiro da competição com seis gols marcados e novo herói da torcida francesa.

Um dos únicos lampejos, no entanto, resultou em um dos momentos mais marcantes da trajetória dos 'Bleus' na competição. Com um drible genial e um cruzamento cheio de veneno, Pogba foi decisivo no segundo gol de Griezmann contra a Alemanha (2-0), na semifinal.

- Pressão e juventude -O problema é que suas atuações sempre se resumem a um acúmulo de altos e baixos.

O próprio Deschamps reconheceu na sexta-feira que o esquema atual em 4-2-3-1 não é o ideal para o perfil de Pogba.

Muito concentrado nas tarefas defensivas, o meia não tem tantas oportunidades de mostrar sua criatividade.

"Ele não atuava na posição que valoriza mais sua qualidade técnica, porque jogou na frente da dupla de zaga", explicou o treinador.

Griezmann também fez questão de sair em defesa do companheiro. "Paul precisa de um pouco carinho da parte dos jornalistas. A cada jogo, tudo mundo sempre cai para cima dele. Só queremos que ele contribua para o jogo da equipe, não que faça gols de 50 metros", analisou.

Aos 23 anos, Pogba ainda é muito jovem para assumir sozinho o protagonismo. Na mesma idade, Zidane ainda atuava no Bordeaux, time mediano da França, e não era titular da seleção.

O preço astronômico da transferência de Pogba da Juventus para o Manchester United (105 milhões de euros) só aumentou a pressão que pesa sobre o jovem craque.

Ao contrário do que acontecia com a 'Velha Senhora', o meia também deixa a desejar com seu novo clube, que ainda precisa mostrar que valeu o investimento.

Depois da vitória sobre a Bulgária, ele não parou para as perguntas dos jornalistas na zona mista, explicando que preferia "responder em campo".

A resposta é aguardada na segunda-feira, no choque com a Holanda, em Amsterdã.