Chapecó, o silêncio de uma cidade arrasada
Chapecó, Brasil, 30 Nov 2016 (AFP) - Ainda sem entender direito o que aconteceu, Chapecó amanheceu nesta quarta-feira envolta no silêncio do luto, mas deve voltar à noite ao estádio Arena Condá na mesma hora em que deveria começar uma partida que já não será disputada para homenagear seus heróis.
Apesar das faixas de luto que adornam os edifícios e estátuas da cidade, ninguém quer acreditar no que aconteceu na longínqua Medellín. Nas montanhas de uma noite terrível que acabou o sonho da equipe que havia quebrado a rotina da pacata cidade de quase 200.000 habitantes no interior de Santa Catarina.
"Chapecó não é uma cidade grande. Encontrávamos com eles (jogadores) na rua, em qualquer lugar. É difícil se reerguer. Ontem já foi difícil, a cidade está desalmada", contou à AFP Aline Fonseca, uma professora de 21 anos no bairro onde fica o estádio.
"Não se escuta música alta, não se escuta nada", completou.
Uma dor contida no silêncio, rompido pelos torcedores na véspera, durante a caminhada que sucedeu a lotada missa na catedral.
Depois de anos batalhando nas ásperas divisões inferiores do futebol brasileiro -onde não há câmeras ou estrutura e os salários, quando pagos, são frutos do equilíbrio das apertadas contas dos clubes-, a jovem 'Chape' conseguiu, no fim, conquistar sua torcida, se tornando um matador de gigantes continental.
Com as contas saneadas, o clube do interior de Santa Catarina pôde deixar o medo de lado.
"Vim dar um pouco de mim para fortalecer as famílias que sofrem, os amigos, a comunidade chapecoense que sofre por uma equipe que representava nossa cidade, nossos corações", explicou Vinícius Bassak, um professor de educação física de 28 anos que se aproximava de uma igreja para rezar pelos falecidos.
"Realmente havia uma paixão muito maior do que acreditávamos", valorizou.
- Sonhos arruinados -Há uma semana, a lua de mel entre o 'Furacão do Oeste' e sua sonhadora torcida viveu seu auge.
Diante de um estádio lotado como nunca, a Chape surpreendeu o continente ao segurar um empate sem gol diante do tradicional San Lorenzo, da Argentina. Foram 90 minutos de muita tensão, alegria, angustia e nervos à flor da pele que, no fim, explodiram em uma euforia desconhecida.
A Chape, o grande azarão, estava na final da Copa Sul-Americana.
Pela primeira vez em sua história, o 'Furacão' ia disputar uma decisão continental, pouco mais de um ano depois de ter jogado a primeira partida internacional de seus 43 anos de vida.
Toda Chapecó estaria com os olhos grudados na tela da televisão nesta quarta-feira para ver a disputa da partida de ida contra o Atlético Nacional, enquanto muitos preparavam suas camisas verdes para viajar a Curitiba na semana que vem.
Agora, se preparam para receber os mortos.
"Ainda é difícil acreditar nisso. Acho que realmente nos daremos conta quando chegarem os falecidos. Estamos sentindo uma dor muito profunda", lamentou o vendedor de jornais Valdemar Jardine, 50 anos.
Curitiba, agora, parece estar a anos luz de distância. A capital do Paraná seria sede do jogo de volta contra o Atlético Nacional, já que a Arena Condá não cumpria as exigências mínimas de público da Conmebol. Nada disso, porém, diminuiu o ânimo da torcida.
No que acabou sendo sua última coletiva de imprensa, no domingo em São Paulo, um esperançoso Caio Júnior voltava a pedir aos torcedores que percorressem os 500 km de Chapecó até Curitiba para apoiar o time na final.
"Peço aos torcedores que se programem, sei que não é tão simples ir a Curitiba, mas seria genial contar com o peso da torcida. É uma final internacional, um momento fantástico, o auge do clube. Não sabemos se teremos outra oportunidade assim. Vale a pena o esforço", pedia o técnico na véspera da viagem a Medellín.
A tragédia quis que o esforço maior para Chapecó acabasse sendo esses dias de tristeza, e os meses que seguirão a crueldade com que desapareceram suas esperanças, junto às 71 pessoas que faleceram na enevoada madrugada de Medellín.
Por eles, a cidade repetira nesta quarta-feira, às 21h45 locais, o mesmo caminho que percorreu saltitando há uma semana.
Desta vez, porém, o farão de luto.
Apesar das faixas de luto que adornam os edifícios e estátuas da cidade, ninguém quer acreditar no que aconteceu na longínqua Medellín. Nas montanhas de uma noite terrível que acabou o sonho da equipe que havia quebrado a rotina da pacata cidade de quase 200.000 habitantes no interior de Santa Catarina.
"Chapecó não é uma cidade grande. Encontrávamos com eles (jogadores) na rua, em qualquer lugar. É difícil se reerguer. Ontem já foi difícil, a cidade está desalmada", contou à AFP Aline Fonseca, uma professora de 21 anos no bairro onde fica o estádio.
"Não se escuta música alta, não se escuta nada", completou.
Uma dor contida no silêncio, rompido pelos torcedores na véspera, durante a caminhada que sucedeu a lotada missa na catedral.
Depois de anos batalhando nas ásperas divisões inferiores do futebol brasileiro -onde não há câmeras ou estrutura e os salários, quando pagos, são frutos do equilíbrio das apertadas contas dos clubes-, a jovem 'Chape' conseguiu, no fim, conquistar sua torcida, se tornando um matador de gigantes continental.
Com as contas saneadas, o clube do interior de Santa Catarina pôde deixar o medo de lado.
"Vim dar um pouco de mim para fortalecer as famílias que sofrem, os amigos, a comunidade chapecoense que sofre por uma equipe que representava nossa cidade, nossos corações", explicou Vinícius Bassak, um professor de educação física de 28 anos que se aproximava de uma igreja para rezar pelos falecidos.
"Realmente havia uma paixão muito maior do que acreditávamos", valorizou.
- Sonhos arruinados -Há uma semana, a lua de mel entre o 'Furacão do Oeste' e sua sonhadora torcida viveu seu auge.
Diante de um estádio lotado como nunca, a Chape surpreendeu o continente ao segurar um empate sem gol diante do tradicional San Lorenzo, da Argentina. Foram 90 minutos de muita tensão, alegria, angustia e nervos à flor da pele que, no fim, explodiram em uma euforia desconhecida.
A Chape, o grande azarão, estava na final da Copa Sul-Americana.
Pela primeira vez em sua história, o 'Furacão' ia disputar uma decisão continental, pouco mais de um ano depois de ter jogado a primeira partida internacional de seus 43 anos de vida.
Toda Chapecó estaria com os olhos grudados na tela da televisão nesta quarta-feira para ver a disputa da partida de ida contra o Atlético Nacional, enquanto muitos preparavam suas camisas verdes para viajar a Curitiba na semana que vem.
Agora, se preparam para receber os mortos.
"Ainda é difícil acreditar nisso. Acho que realmente nos daremos conta quando chegarem os falecidos. Estamos sentindo uma dor muito profunda", lamentou o vendedor de jornais Valdemar Jardine, 50 anos.
Curitiba, agora, parece estar a anos luz de distância. A capital do Paraná seria sede do jogo de volta contra o Atlético Nacional, já que a Arena Condá não cumpria as exigências mínimas de público da Conmebol. Nada disso, porém, diminuiu o ânimo da torcida.
No que acabou sendo sua última coletiva de imprensa, no domingo em São Paulo, um esperançoso Caio Júnior voltava a pedir aos torcedores que percorressem os 500 km de Chapecó até Curitiba para apoiar o time na final.
"Peço aos torcedores que se programem, sei que não é tão simples ir a Curitiba, mas seria genial contar com o peso da torcida. É uma final internacional, um momento fantástico, o auge do clube. Não sabemos se teremos outra oportunidade assim. Vale a pena o esforço", pedia o técnico na véspera da viagem a Medellín.
A tragédia quis que o esforço maior para Chapecó acabasse sendo esses dias de tristeza, e os meses que seguirão a crueldade com que desapareceram suas esperanças, junto às 71 pessoas que faleceram na enevoada madrugada de Medellín.
Por eles, a cidade repetira nesta quarta-feira, às 21h45 locais, o mesmo caminho que percorreu saltitando há uma semana.
Desta vez, porém, o farão de luto.
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