Médicos do futebol: "Fast-food" e insônia, pesadelos dos médicos
Paris, 29 Mar 2018 (AFP) - Quando era médico do Lyon, Emmanuel Orhant organizou cursos de cozinha e enviou cozinheiros às casas dos jogadores jovens, "que comiam qualquer coisa, kebab ou hamburguers".
O doutor, agora diretor do Centro Médico de Clairefontaine, quartel general da seleção francesa, é um dos especialistas em supervisionar os dois principais motivos que ameaçam os talentos do futebol em sua vida diária: má alimentação e noites de insônia nas redes sociais ou assistindo séries de televisão.
Tudo isso sem deixar de insistir que uma boa nutrição e sono adequado são essenciais para prevenir lesões.
A alimentação do jovem talento Ousmane Dembélé foi notícia no Barcelona, quando se recuperava de lesão na coxa esquerda.
"Dembélé e muitos outros jogadores recorrem à pessoas de confiança, a nutricionistas que o ajudam", explicou o técnico do Barça, Ernesto Valverde, enquanto o entorno do jogador desmentia à revista France Football qualquer mau hábito do atacante.
- Carne demais -No Lyon, onde trabalhou de 2008 a 2017, Emmanuel Orhant reconheceu ter tido vários casos de jovens jogadores que recorriam com muita frequência ao 'fast food'.
"Os pesávamos diariamente e fazíamos o cálculo de massa gorda muito regularmente. Lembro o caso de um jogador que foi para o Lille depois. Fazia qualquer coisa. Para fazer ele entender as coisas, o tiramos do treinamento durante uma semana e só ficou correndo com um preparador físico, sem jogar futebol", indica.
No futebol francês, as questões dietéticas não estão tão desenvolvidas como em outros países, segundo o especialista Michel Martino, que trabalha para o Toulouse desde 2016.
"Na Inglaterra, na Itália e na Espanha estão muito a frente. Existem nutricionistas em todos os clubes, às vezes dois por clube. Na maior parte dos clubes da Ligue 1 são o fisioterapeuta, o médico e o preparador físico que se responsabilizam pelo tema", destaca.
Este dietista-nutricionista realiza planos de alimentação para os jogadores do Toulouse: um para os dias de treino, outro para a véspera de um jogo e um terceiro para o "dia D".
"O combustível principal de cada atleta são os carboidratos (macarrão, arroz, batatas). Depois vêm as frutas e as verduras, que frequentemente são deixadas de lado", conta.
"Globalmente, a sociedade consome proteínas (carne, peixe, ovo) demais e nos deparamos várias vezes com atletas que consomem equivocadamente as mesmas quantidades que um fisioculturista", indica.
Para evitar problemas com a alimentação, cada vez mais equipes organizam pelo menos duas das refeições do dia no clube, mas sem pretender um controle total e intransigente.
"Se autoriza uma refeição prazerosa por semana. Isso bate bem na cabeça, permite relaxar. Normalmente é depois dos jogos, mas não chega a ser uma orgia", destaca Michel Martino.
- Sono insuficiente -Outro problema recorrente é a falta de sono. Emmanuel Orhant fala do "vício nas séries de televisão", com atletas que "assistem quatro ou cinco episódios de 50 minutos durante a noite. Depois estão tuitando, nas redes sociais em seus celulares", o que inevitavelmente tira tempo de descanso.
No Monaco, recorreram a um especialista do sono, o professor François Duforez.
Nas seleções juvenis são muito conscientes do perigo, já que o caso da má alimentação é um problema que ultrapassa os limites do futebol e alcança um setor amplo da sociedade.
"É preciso vigiá-los porque efetivamente existem novos ritmos de vida que se impõe", avalia Ludovic Batelli, ex-técnico da seleção sub-20 da França.
Para se recuperar de noites de pouco descanso, existem frequentes "grandes sonecas pela tarde, de três ou quatro horas". Por isso, "é complicado dormir de noite, é um ciclo vicioso".
No Mundial Sub-20 do ano passado, o técnico francês exigiu que os jogadores fossem para seus quartos "no máximo entre 23:00h e 23:30h".
"Mas depois não dá para pedir para a comissão técnica os vigiarem durante toda a noite. Eu sou treinador, não sou policial. Corresponde a cada jovem ver o que deseja em sua carreira ou durante o torneio", acrescentou.
O doutor, agora diretor do Centro Médico de Clairefontaine, quartel general da seleção francesa, é um dos especialistas em supervisionar os dois principais motivos que ameaçam os talentos do futebol em sua vida diária: má alimentação e noites de insônia nas redes sociais ou assistindo séries de televisão.
Tudo isso sem deixar de insistir que uma boa nutrição e sono adequado são essenciais para prevenir lesões.
A alimentação do jovem talento Ousmane Dembélé foi notícia no Barcelona, quando se recuperava de lesão na coxa esquerda.
"Dembélé e muitos outros jogadores recorrem à pessoas de confiança, a nutricionistas que o ajudam", explicou o técnico do Barça, Ernesto Valverde, enquanto o entorno do jogador desmentia à revista France Football qualquer mau hábito do atacante.
- Carne demais -No Lyon, onde trabalhou de 2008 a 2017, Emmanuel Orhant reconheceu ter tido vários casos de jovens jogadores que recorriam com muita frequência ao 'fast food'.
"Os pesávamos diariamente e fazíamos o cálculo de massa gorda muito regularmente. Lembro o caso de um jogador que foi para o Lille depois. Fazia qualquer coisa. Para fazer ele entender as coisas, o tiramos do treinamento durante uma semana e só ficou correndo com um preparador físico, sem jogar futebol", indica.
No futebol francês, as questões dietéticas não estão tão desenvolvidas como em outros países, segundo o especialista Michel Martino, que trabalha para o Toulouse desde 2016.
"Na Inglaterra, na Itália e na Espanha estão muito a frente. Existem nutricionistas em todos os clubes, às vezes dois por clube. Na maior parte dos clubes da Ligue 1 são o fisioterapeuta, o médico e o preparador físico que se responsabilizam pelo tema", destaca.
Este dietista-nutricionista realiza planos de alimentação para os jogadores do Toulouse: um para os dias de treino, outro para a véspera de um jogo e um terceiro para o "dia D".
"O combustível principal de cada atleta são os carboidratos (macarrão, arroz, batatas). Depois vêm as frutas e as verduras, que frequentemente são deixadas de lado", conta.
"Globalmente, a sociedade consome proteínas (carne, peixe, ovo) demais e nos deparamos várias vezes com atletas que consomem equivocadamente as mesmas quantidades que um fisioculturista", indica.
Para evitar problemas com a alimentação, cada vez mais equipes organizam pelo menos duas das refeições do dia no clube, mas sem pretender um controle total e intransigente.
"Se autoriza uma refeição prazerosa por semana. Isso bate bem na cabeça, permite relaxar. Normalmente é depois dos jogos, mas não chega a ser uma orgia", destaca Michel Martino.
- Sono insuficiente -Outro problema recorrente é a falta de sono. Emmanuel Orhant fala do "vício nas séries de televisão", com atletas que "assistem quatro ou cinco episódios de 50 minutos durante a noite. Depois estão tuitando, nas redes sociais em seus celulares", o que inevitavelmente tira tempo de descanso.
No Monaco, recorreram a um especialista do sono, o professor François Duforez.
Nas seleções juvenis são muito conscientes do perigo, já que o caso da má alimentação é um problema que ultrapassa os limites do futebol e alcança um setor amplo da sociedade.
"É preciso vigiá-los porque efetivamente existem novos ritmos de vida que se impõe", avalia Ludovic Batelli, ex-técnico da seleção sub-20 da França.
Para se recuperar de noites de pouco descanso, existem frequentes "grandes sonecas pela tarde, de três ou quatro horas". Por isso, "é complicado dormir de noite, é um ciclo vicioso".
No Mundial Sub-20 do ano passado, o técnico francês exigiu que os jogadores fossem para seus quartos "no máximo entre 23:00h e 23:30h".
"Mas depois não dá para pedir para a comissão técnica os vigiarem durante toda a noite. Eu sou treinador, não sou policial. Corresponde a cada jovem ver o que deseja em sua carreira ou durante o torneio", acrescentou.
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