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Superfinal da Libertadores entre Boca-River no limbo após incidentes violentos

25/11/2018 18h02

Buenos Aires, 25 Nov 2018 (AFP) - A histórica final da Copa Libertadores com o clássico argentino entre Boca Juniors e River Plate está no limbo, depois de ser adiada neste domingo a uma data ainda indefinida, por conta dos seguidos incidentes do dia anterior.

"Não estão dadas as condições de igualdade esportiva para disputa da final. Por isso, a Conmebol tomou a decisão de adiar a final da Libertadores e convocou os presidentes de ambos os clubes para Assunção para encontrar uma nova data", disse Domínguez ao canal Fox Sports da Argentina.

A reunião entre os presidentes do Boca, Daniel Angelici, e do River, Rodolfo D'Onofrio, será realizada na terça-feira na sede da Conmebol. "É uma vergonha a imagem que demos ao mundo", lamentou Domínguez.

Os torcedores do River deixaram o estádio Monumental sem incidentes, depois do novo anúncio do adiamento da finalíssima. O comunicado da Conmebol se produziu minutos depois do Boca pedir à confederação a suspensão do jogo e a aplicação do Regulamento Disciplinar de competições para punir o River.

"Esperamos que (o Tribunal) revise sobre o expediente de 15 folhas que apresentamos com todos os relatórios médicos e policiais do que aconteceu", disse Angelici.

D'Onofrio, por outro lado, se mostrou confiante com a realização do jogo no Monumental e com a presença da torcida do River.

"O River disse ao Boca que não quer ter vantagens, que queremos jogar o jogo e ver quem dos dois será o campeão jogando em um campo e em igualdade de condições", sustentou o dirigente do River.

- Boca busca pontos -No sábado, Domínguez assegurou que os presidentes dos clubes fecharam "um pacto de cavalheiros" para suspender o jogo e disputá-lo no domingo. No entanto, a diretoria do Boca mudou de ideia durante a madrugada e contemplou a ideia de pedir os pontos da partida usando-se do artigo 18 do Regulamento Disciplinar de Competições da Conmebol.

Entre as mais importantes punições previstas neste artigo estão dedução de pontos, determinação do resultado de um jogo, obrigação de jogar uma partida a portas fechadas e a desqualificação de competições em curso e/ou de futuras competições.

A decisão da Conmebol em adiar o jogo para uma data ainda indefinida põe em dúvida a participação da representação sul-americana no Mundial de Clubes da Fifa, previsto para ser disputado entre os dias 12 e 22 de dezembro nos Emirados Árabes.

No sábado, torcedores do River Plate utilizaram pedras e gases para agredir o ônibus do rival na chegada ao estádio Monumental de Núñez. Vários jogadores, entre eles o capitão Pablo Pérez, ficaram machucados por conta dos cacos da janela quebrada e dos artefatos que entraram no ônibus.

"Não estamos em condições de jogar, estão nos obrigando a jogar a partida. Existem três companheiros que ficaram afetados pelo que caiu" no veículo, disse o ídolo da torcida do Boca, Carlos Tevez.

Os incidentes fizeram a Conmebol atrasar o horário previsto duas vezes para tentar realizar a partida, esperando uma recuperação dos jogadores do Boca. Após horas de suspense e confusão, a confederação sul-americana confirmou o adiamento da partida para este domingo, às 18h pelo horário de Brasília.

Com o empate em 2 a 2 na Bombonera há duas semanas no jogo de ida, a expectativa para a finalíssima superou os limites da paixão. A violência de torcedores novamente se voltou contra o espetáculo, em mais um capítulo do histórico de violência no futebol argentino.

Por conta da escalada da violência nos últimos anos, as autoridades argentinas decidiram em 2013 pela proibição de torcedores visitantes nos jogos.

"É uma vergonha! Eles pensam que as pessoas vão vir na volta?", questionou Hernán Curtis, torcedor do River que saiu de Córdoba, a 800 km de Buenos Aires, para assistir o jogo no estádio.

"Estou enojado de tudo", disse Guillermo Dell'Oro, sócio do Boca, perguntado no outro lado da cidade.