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O Atlético de Madrid e a dura tarefa de desenvolver o futebol no país do críquete

22/01/2019 13h33

Lahore, Paquistão, 22 Jan 2019 (AFP) - O Atlético de Madrid tem uma tarefa difícil: desenvolver o futebol no Paquistão, um país louco pelo críquete, onde o primeiro-ministro é um ex-campeão mundial do esporte. Para promovê-lo, o clube espanhol acaba de abrir uma academia.

Em Lahore, técnicos espanhóis supervisionam os jovens paquistaneses, na primeira academia no país de um clube europeu de futebol.

"Não estamos buscando jogadores para o Atlético de Madrid, porque sabemos que é muito difícil... Nosso objetivo é fazer com que o futebol progrida aqui", diz à AFP o técnico Javier Visea.

No Paquistão, o futuro do futebol tem que enfrentar obstáculos como um tímido apoio do governo, infraestruturas precárias e um histórico de problemas com a Fifa, que se traduziram em suspensões de sua federação.

O país asiático ocupa o posto de número 199 do ranking da Fifa e nunca se classificou para uma Copa.

- Audiência da Premier League e da La Liga -Mas nem sempre foi assim. A seleção paquistanesa estava no Top 10 do futebol asiático até os anos setenta e o futebol é muito seguido entre as classes médias do país, enquanto que videogames como o da franquia da Fifa são muito populares.

Estes dados fazem com que as expectativas do Atlético sejam otimistas com sua academia, que foi inaugurada no último mês de setembro neste país de 200 milhões de habitantes.

"Sabemos que o críquete é o esporte principal, mas há muitos fanáticos pelo futebol, que acompanham a Premier League inglesa e a Liga espanhola", afirma Visea.

O Atlético busca promover o futebol - tem outras academias em países como Egito, Romênia e México -, assim como sua própria marca em um mercado como o sul da Ásia.

Em novembro, o vencedor da última Liga Europa anunciou o lançamento de uma rede de academias na Índia, o grande vizinho do Paquistão. Em março se aliou a um gigante do marketing chinês para desenvolver sua marca no país de 1,3 bilhão de habitantes, consumidores potenciais.

Durante décadas, o hóquei sobre grama foi o esporte mais popular no Paquistão, com quatro títulos mundiais, mas foi superado pelo críquete, principalmente depois que o país ganhou o Mundial desta modalidade em 1992, com Imran Khan, atual primeiro-ministro, na equipe.

Mas se surgisse um talento no futebol como Khan no críquete, muitas coisas poderiam mudar. E isso é o que buscam as academias como a do Atlético em Lahore.

Fiza Shahid, de 10 anos, sonhou em se tornar jogadora de futebol desde que viu seus heróis Lionel Messi e Cristiano Ronaldo na televisão, e jogou em seu bairro durante anos, antes de entrar para a academia do Atlético.

Enquanto ela corre no campo, seu pai Muhammad Shahid diz estar orgulhoso de ver a filha praticando esse esporte em um país conservador e tradicional como o Paquistão.

Shahid, apesar de sua origem humilde e crenças religiosas conservadoras, acredita no direito de sua filha de jogar.

- Melhorar a segurança -"Tanto filhas quanto filhos têm os mesmos direitos", afirma.

Para Hussam Suhail, de 12 anos, a academia do Atlético não só oferece um lugar para que ele imite seus ídolos, mas também um gramado de qualidade para facilitar um bom futebol.

"Nas ruas há árvores e carros e não dá para jogar bem, enquanto que aqui a gente pode jogar muito bem sem parar", diz ele.

A abertura da academia também chega em um momento em que há uma maior segurança no Paquistão, depois de alguns anos de atentados.

"Quando nos perguntaram sobre vir para cá, tínhamos um pouco de medo com todas as notícias que vinham do Paquistão", explica o técnico Daniel Limones.

Mas a impressão mudou quando chegou ao país. "Nos sentimos como na Espanha, sem preocupação com a segurança", acrescenta.

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