Touré diz que Fifa "não está nem aí" para casos de racismo e critica Europa
Yaya Touré, ex-meia do Barcelona e do Manchester City que joga atualmente na China, acusou a Fifa de não se importar com o racismo no futebol ao analisar os recentes gritos de macacos contra jogadores ingleses durante a partida entre Inglaterra e Bulgária.
A partida, válida pelas Eliminatórias para a Eurocopa-2020, disputada em meados de outubro e vencida pela Inglaterra por 6 a 0, teve que ser interrompida duas vezes.
Parte do público búlgaro insultou os jogadores ingleses negros e fez a saudação nazista nas arquibancadas, o que provocou enorme indignação no Reino Unido. Apesar dos gritos de macacos durante a partida disputada na Bulgária, os jogadores ingleses optaram por continuar em campo até o fim.
Touré, de 36 anos e quatro vezes eleito melhor jogador africano do ano (2011-2014), conversou com a AFP após a vitória no fim de semana de seu clube, o Qingdao Huanghai, da 2ª divisão chinesa, em um triunfo que valeu a sua equipe o acesso à elite do futebol no gigante asiático.
"É uma vergonha. Por que que você joga pela Inglaterra?", questionou Yaya Touré, conhecido por criticar abertamente o racismo nos estádios europeus. "Falam muito, bla-bla-bla, e o que acontece? Nada muda", lamentou o marfinense, que acrescentou:
"Isso me irrita. As pessoas da Fifa não estão nem aí, eles conversam, mas isso continua. Não quero dizer que não estou preocupado. Estou preocupado, isso me irrita."
O marfinense, vencedor da Liga dos Campeões com o Barcelona e três vezes campeão do Campeonato Inglês com o City, acredita que também é dever dos jogadores reagir.
"Eles precisam levar esse problema a sério, os jogadores precisam tomar medidas firmes, senão os racistas vão continuar. Os jogadores precisam abandonar o campo de jogo", analisou Touré.
Ao analisar sua passagem pelo futebol chinês, Touré afirmou estar feliz no país, onde garante nunca ter sofrido qualquer tipo de descriminação. No entanto, ele já pensa em buscar novos ares na próxima temporada, já que pretende atuar até os 40 anos.
"É uma ótima experiência, porque descobri pessoas com uma mentalidade diferente da Europa em relação a forma de jogar futebol, do comportamento em campo. Quando jogo nos estádio aqui, ninguém me vaia por ser negro. É uma cultura diferente, há respeito. Na Europa não respeitam ninguém", relatou o jogador, que acrescentou:
"Acredito que fico até dezembro ou janeiro. Depois, irei em busca de um novo desafio. As pessoas acham que estou acabado, mas não estou."
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