Supercopa da Espanha estreia novo formato em meio a polêmica
Jidá, Arábia Saudita, 7 Jan 2020 (AFP) - A partir desta quarta-feira, Valencia, Real Madrid, Atlético e Barcelona disputam um novo formato de Supercopa da Espanha em forma de 'final four', com o objetivo de impulsionar um troféu em queda de popularidade e agora marcado pela polêmica de sua disputa na Arábia Saudita.
Valencia e Real Madrid vão jogar amanhã a primeira semifinal, enquanto Barcelona e Atlético de Madri se enfrentam nesta quinta-feira (9) valendo a outra vaga na final de domingo, no estádio da Cidade dos Esportes Rei Abdullah, em Jidá, no litoral do Mar Vermelho.
Pela primeira vez desde que esse troféu foi criado, em 1982, a disputa não será apenas entre o vencedor da Liga Espanhola e o campeão da Copa do Rei, mas entre o campeão (Barcelona) e o vice-campeão (Atlético de Madrid) do Campeonato Espanhol e os finalistas da Copa do Rei (Valencia e Barcelona).
Como o Barça foi finalista da Copa do Rei e campeão da Liga, o Real Madrid ficou com a quarta vaga por ter um melhor retrospecto na Copa do Rei do que o Betis, que foi o outro semifinalista do torneio.
Transformação ou morte
"A Supercopa tinha duas possibilidades, dois caminhos: um era acabar, encerrar a competição. O outro era buscar um formato atraente que gerasse interesse e muito mais receita", explicou em novembro o presidente da Federação Espanhola (RFEF), Luis Rubiales, para justificar a mudança.
A Supercopa é ampliada com a participação de quatro equipes principais da Liga Espanhola e é transferida de agosto a janeiro, com jogadores já em plena temporada e em forma, o que promete um espetáculo maior.
A mudança é complementada com sua saída da Espanha, como aconteceu na edição passada, em 2018, quando Sevilla e Barcelona disputaram o título na cidade marroquina de Tanger com a vitória do Barça por 2 a 1.
A Federação Espanhola segue assim os passos da França e da Itália, que disputam este troféu há anos longe de suas fronteiras.
Em dezembro passado, a Lazio venceu a Juventus por 3 a 1 em Riade, capital da Arábia Saudita, enquanto o PSG venceu a Supercopa da França no ano passado contra o Rennes por 2 a 1 na cidade chinesa de Shenzhen.
Escolha polêmica
Depois do Marrocos, a Federação decidiu levar a Supercopa nos próximos três anos para a Arábia Saudita, país que, segundo a imprensa espanhola, pagaria cerca de 30 milhões de euros por ano para sediar esta competição.
"Além da receita dos clubes participantes, aquela que a RFEF receberá desta competição será usada integralmente para melhorar o futebol não profissional, ou seja, segunda e terceira divisão, futebol feminino e futsal", lembrou a Federação em uma declaração anunciando o acordo com o país asiático.
Mas, esse acordo também gerou polêmica na Espanha quando a televisão pública espanhola anunciou que não concederia direitos de transmissão do torneio por ser disputado "em um local onde os direitos humanos não são respeitados", especialmente o das mulheres.
Várias jogadoras espanholas de futebol também criticaram a decisão, incluindo a atacante do Utah Royals, Vero Boquete, que a considerou "um erro grave".
Ciente de que essa polêmica poderia acontecer, a RFEF garantiu que o acordo "contempla o acesso irrestrito das mulheres às partidas e o lançamento de uma competição de futebol feminino na Arábia Saudita".
"Esta Copa é a Copa da Igualdade", declarou o presidente da RFEF, Luis Rubiales, em novembro, garantindo que "eles nos pediram para ajudar a transformar o país e vamos fazê-lo. Temos a chance de mudar as coisas".
"Tudo o que signifique uma tentativa de mudança, como Rubiales disse, tentar levar as mulheres aos estádios, aproveitar o esporte para se unir, acho que é algo maravilhoso e esplêndido", disse por sua vez o capitão do Real Madrid, Sergio Ramos.
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