Fundador da Mediapro diz que valor dos direitos de transmissão deve cair
A epidemia do coronavírus que paralisou o futebol na Europa irá "afetar os direitos de televisão" pagos aos clubes, garantiu em entrevista à AFP o espanhol Jaume Roures, sócio-fundador do Mediapro, detentora dos direitos de diversas ligas, convencido também do fim da inflação nos valores das transferências de jogadores.
- A crise obriga a revistar a estratégia de aquisição de direitos de transmissão?
"Acredito que o mundo todo está mudando. Não só em relação às datas, mas também na tentativa de antecipar o que vai acontecer. Para nós, a prioridade, onde estamos presentes, é concluir as ligas, tanto na Espanha como na França... De qualquer maneira, isto vai afetar os preços dos direitos de uma maneira ou de outra. Não sei dizer até que ponto agora, mas serão afetados.
Por outro lado, acabou isso de pagar centenas de milhões de euros por um jogador. Primeiro porque os clubes não terão dinheiro e os bancos não vão emprestar dinheiro com a mesma facilidade que antes... Isso tudo vai mudar e acho que é muito positivo a nível social, porque já não concordava com pagar 140, 160 milhões de euros por um jogador de futebol. Acho que é gastar por gastar. Se esta inflação acabar, será muito positivo para a sociedade em geral e para a economia dos clubes em particular".
- Os valores dos direitos de transmissão eram altos demais?
"O nível dos direitos, no geral, havia chegado a seu máximo. Da mesma maneira que digo que as transferências serão afetadas, é evidente que os direitos de televisão também serão afetados (...) Se os bares e restaurantes estão fechados, se for preciso jogar com portões fechados... Não digo que isso vai afetar o grosso dos acordos que temos, mas não é bom especular agora. Em princípio, todos estão trabalhando para que os treinos sejam retomados em maio. Se for possível fazer isso, se pudermos garantir os aspectos de saúde para os jogadores e para a comissão técnica durante três ou quatro semanas, estaremos em condições de reiniciar e veremos o que acontece".
- A atual situação pode levar a Mediapro a rever seus objetivos?
"A crise não vai afastar as pessoas do futebol. É possível que sejamos obrigados a jogar com portões fechados, que bares e restaurantes fiquem fechados até não sabemos quando, mas as pessoas têm necessidade, ou pelo menos vontade de assistir futebol no momento. Não vejo a necessidade de mudar as coisas".
- É inevitável voltar a jogar com portões fechados?
"Acho que é obrigatório. É uma condição para garantir a saúde dos espectadores. Temos que focar nos jogadores e técnicos, mas nem os governos nem as ligas são capazes de garantir a saúde dos espectadores, e isso é a prioridade. Então com certeza temos que tentar acabar o campeonato e, se voltar, sem dúvida será com portões fechados".
- Será preciso rever os horários e dias dos jogos?
"Se jogarmos com portões fechados não será preciso jogar sábado e domingo. Normalmente jogamos nos fins de semanas porque são os dias em que as pessoas podem ir ao estádio, mas a realidade não será assim nos próximos meses. Podemos adaptar os horários e as audiências de televisão serão melhores, porque uma parte importante da população estará em casa. O futebol seguirá sendo o esporte favorito das pessoas".
-Se o futebol voltar, será preciso acabar os campeonatos nacionais antes da Liga dos Campeões ou podem ser disputados paralelamente?
"Por motivos de logística, o melhor seria acabar primeiro os campeonatos nacionais, porque assim é possível ter maior controle sobre os deslocamentos, e depois buscar uma solução para a Champions. Faltam só cinco rodadas para a Liga dos Campeões... Depende da evolução da doença, mas seria possível encontrar lugares mais seguros para jogar a Champions, em função dos países".
- Na atual situação, o Barcelona vai tentar contratar Neymar?
"O Barcelona não tem a capacidade financeira para gastar tanto. É impossível agora".
pve-gr/psr/am
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