Itália de Mancini lembra "a de 1982", diz Dino Zoff
A Itália de Roberto Mancini lembra um pouco "a de 1982", se referindo à seleção que conquistou a Copa do Mundo na Espanha, disse o ex-goleiro e ex-técnico da 'Azzurra', Dino Zoff, em entrevista à AFP.
Contra a Inglaterra, no domingo, na final, é "factível" ver a Itália se sagrar campeã apesar de jogar no Estádio de Wembley, em Londres, diz Zoff, de 79 anos, que integrou o elenco da seleção italiana campeã da Eurocopa em 1968, no única edição do torneio em que a 'Nazionale' ergueu a taça, ao vencer a Iugoslávia na decisão.
Com Zoff como técnico, a Itália perdeu a final da Eurocopa de 2000 para a França (2-1).
Entrevista
Pergunta: Você ficou surpreso com o renascimento da Itália, três anos depois de ter ficado de fora da Copa do Mundo de 2018 na Rússia?
Resposta: "Este renascimento remonta já há um tempo, já faz dois ou três anos que tem dado bons resultados, tanto em amistosos como nas eliminatórias para a Eurocopa. Tem excelentes estatísticas, incluindo as desta Euro. Para mim não é uma surpresa vê-la na final. Eu tinha certeza de que eles iriam se sair bem depois das eliminatórias. Estava confiante. Eu havia previsto antes do torneio que eles estariam entre os quatro primeiros. E aí estamos".
P: Qual foi a chave para a renovação da equipe?
R: "Além dos jogadores, diria que tudo se deve a Roberto Mancini, que soube tomar as decisões certas. Ele deu muita segurança e confiança, sua equipe joga um futebol muito bom em situações muito diversas. Espero acima de tudo que ele abra um ciclo como aconteceu com a Espanha há algum tempo, com seus títulos na Eurocopa (2008 e 2012) e na Copa do Mundo (2010). A Copa do Mundo (Catar-2022) não está longe, então estou confiante".
P: Você vê alguma semelhança com os times italianos em que jogou?
R: "Vejo talvez algumas pequenas coisas em comum com a seleção de 1982. É uma equipe muito rápida, viva e, nesse aspecto, está um pouco mais próxima de nós na Copa do Mundo de 82".
P: O que você achou da semifinal da Inglaterra contra a Dinamarca (a quem venceu por 2 a 1) e como você vê a seleção inglesa na final?
R: "Os ingleses fizeram um bom jogo, com o apoio de sua torcida. Os dinamarqueses não desmereceram, também fizeram o seu jogo e tudo foi decidido por um pênalti. Mas a Inglaterra fez outra coisa para merecer a vitória. A Itália com certeza terá a grande desvantagem do público, será um jogo fora de casa. Mas é factível. A Inglaterra oferece mais possibilidades de jogo no meio de campo, com mais espaços, e acho que a Itália não precisa temer o desafio físico".
P: Você jogou várias finais, em 1968 e 1982 como jogador e em 2000 como treinador. Você tem dicas para esse tipo de jogo?
R: "Os conselhos são sempre os mesmos. Chegando à final, a pressão e a responsabilidade aumentam, mas você tem que dar o máximo. Não tem receita, tem que dar tudo, com o caráter adequado. O que importa é a confiança dos jogadores".
P: Como ex-goleiro, o que você acha das atuações de Gianluigi Donnarumma?
R: "Sua defesa na disputa de pênaltis foi muito útil contra a Espanha (sorriso). Tenho grande consideração por ele. Ele é jovem, jogou várias temporadas no Milan e jogou muito pela seleção nacional. É evidente que tem grandes perspectivas de se tornar um grande goleiro. Então tudo dependerá dele, mas as possibilidades são imensas".
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