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Equipe olímpica de refugiados, uma 'fonte de inspiração'

14/07/2021 09h43

Lausana, Suíça, 14 Jul 2021 (AFP) - Os Jogos Olímpicos de Tóquio receberão, pela segunda vez na história da competição, uma Equipe Olímpica de Refugiados, que será composta por 29 integrantes.

Esta é a história desta equipe, diferente das outras, e dos seus atletas.

- Criação -Em 2012, Guor Marial, um maratonista refugiado nos Estados Unidos, participou dos Jogos de Londres como atleta independente. Ele fugiu do Sudão, mas não tinha nacionalidade americana e o Sudão do Sul, recentemente independente, ainda não tinha um comitê olímpico.

Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida em outubro de 2015, em meio à crise global de refugiados, o presidente do COI, Thomas Bach, anunciou a criação da Equipe Olímpica de Refugiados - a primeira do gênero - para os Jogos Olímpicos Rio-2016.

Os atletas dessa equipe recebem uma bolsa e, após Rio-2016, foram investidos cerca de dois milhões de dólares nesses atletas refugiados.

A atuação da equipe no Brasil motivou a criação da Fundação Olímpica para Refugiados, que visa dar a um milhão de jovens refugiados o acesso ao esporte até 2024.

- Bandeira e hino -Os atletas desta equipe, ao contrário das demais, desfilam atrás da bandeira olímpica. Se algum de seus membros ganha uma medalha, é a famosa bandeira dos cinco aros que é hasteada ao som do hino olímpico.

O código da equipe olímpica - as três letras que normalmente aparecem para designar a nacionalidade - será 'EOR', para Equipe Olímpica de Refugiados.

Essa equipe será a segunda a desfilar na cerimônia de abertura, atrás da Grécia.

- Precedente do Rio -Dez atletas, originários da Etiópia, Sudão do Sul - que representam metade da delegação -, Síria e República Democrática do Congo, competiram no Brasil junto com outros 11 mil atletas olímpicos.

Seis integrantes participaram em provas de atletismo, dois da natação e dois do judô.

A atleta Rose Lokonyen, cuja especialidade é os 800 metros e que foi forçada a fugir do Sudão do Sul a pé para se refugiar no Quênia aos 10 anos, foi quem carregou a bandeira na cerimônia de abertura.

Para a solenidade de encerramento, foi o judoca da República Democrática do Congo, Popole Misenga, que se refugiou no Brasil, que teve a honra de portar a bandeira.

- Rumo a Tóquio -Cinquenta e seis atletas receberam bolsas e 29 foram escolhidos para participar dos Jogos de Tóquio, com base em seu desempenho esportivo e após a confirmação de seu status de refugiado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

A história pessoal, mas também o desejo de ter uma equipe representativa em questões de diversidade de disciplinas, gêneros e regiões de origem, também influenciaram a seleção.

Dos 29 eleitos, nove são da Síria, cinco do Irã, quatro do Sudão do Sul, três do Afeganistão, dois da Eritreia e um dos Camarões, Congo, República Democrática do Congo, Iraque, Sudão e Venezuela, respectivamente.

Eles participam de 12 esportes.

Seis dos 29 já estiveram no Rio, como Rose Lokonyen, Popole Misenga e a nadadora síria Yusra Mardini. Alguns atletas já são medalhistas.

Kimia Alizadeh, que fugiu do Irã para se refugiar na Alemanha em 2020, ganhou a medalha de bronze no Rio no taekwondo.

Javad Mahjoub, que é judoca e fugiu do Irã para o Canadá, conquistou o ouro no Campeonato Asiático em 2013.

A equipe ficará hospedada na Vila Olímpica, assim como o restante das delegações e atletas.

- Declarações -- Thomas Bach, presidente do COI:

"Quando vocês, membros da Equipe Olímpica de Refugiados, e os atletas dos Comitês Olímpicos Nacionais de todo o mundo, se reunirem em Tóquio no dia 23 de julho, uma poderosa mensagem de solidariedade, resiliência e esperança será enviada a todo o planeta.

- Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados:

"Estou muito feliz em parabenizar todos os atletas que fazem parte da Equipe Olímpica de Refugiados para Tóquio-2020. Formam um grupo de pessoas excepcionais que serão uma fonte de inspiração para todo o mundo."

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