Ítalo Ferreira conquista o primeiro ouro da história do surfe olímpico
Ichinomiya, Japão, 27 Jul 2021 (AFP) - O brasileiro Ítalo Ferreira conquistou a primeira medalha de ouro da história do surfe nas Olimpíada, ao derrotar o japonês Kanoa Igarashi na final dos Jogos de Tóquio.
O surfista potiguar, de 27 anos, terminou a bateria decisiva com 15,14 pontos, contra 6,60 de Igarashi na praia de Tsurigasaki, que fica no município de Chiba, a 100 quilômetros da capital japonesa.
O australiano Owen Wright levou o bronze, ao superar o outro brasileiro que estava na competição, Gabriel Medina, na decisão do terceiro lugar (11,97 a 11,77).
O surfe é um dos esportes incluídos no programa de Tóquio-2020 pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para tentar atrair uma audiência mais jovem.
E assim como no caso do skate (com as pratas de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal na categoria street), a nova modalidade olímpica deu muitas alegrias ao Brasil.
Ítalo Ferreira confirmou a ótima fase (campeão mundial em 2019, segundo lugar no ranking mundial de 2021) e subiu ao lugar mais alto do pódio.
"Eu vim com uma frase para o Japão: diz amém que o ouro vem. Eu treinei muito nos últimos meses, mas só tenho que agradecer a Deus por tudo. Meu intuito é ajudar as pessoas e as famílias", declarou após a conquista à Rede Globo
"Eu queria que a minha avó estivesse viva para ver isso. Sou muito feliz pelo que me tornei, pelo que fiz pelos meus pais. Sempre pedi para que esse sonho fosse realizado e aconteceu", completou o potiguar.
Na final, Ítalo levou um susto nos primeiros minutos: sua prancha quebrou e ele precisou trocar por uma peça reserva. Mas depois do problema, ele dominou completamente a decisão.
O ouro olímpico é mais uma conquista triunfal em uma carreira que começou com muitas dificuldades: Ítalo começou a domar as ondas usando como prancha uma tampa de isopor da caixa térmica onde seu pai guardava os peixes que vendia.
Ainda no início, às vezes, seus primos emprestavam uma prancha para enfrentar o mar em Baía Formosa, cidade do Rio Grande do Norte, onde nasceu há 27 anos.
"Um dia um primo me deu uma prancha quebrada, mas era suficiente e melhor do que isopor. Aí meu pai me comprou uma prancha, ele pagou com um peixe e o resto em dinheiro. A partir daí comecei a surfar um pouco mais", lembrou o surfista em entrevista virtual à AFP de sua casa em sua cidade natal, antes da viagem para o Japão.
O Brasil teve chances de conquistar outra medalha na primeira disputa da história do surfe olímpico, mas Gabriel Medina (campeão mundial em 2014 e 2018, atual líder do ranking mundial) foi derrotado nos últimos minutos das semifinais pelo japonês Igarashi. Na disputa do bronze, ele perdeu por apenas 0,20 ponto para o australiano Owen Wright.
A medalha de Ítalo é a quinta do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Além das pratas do skate, o país conquistou dois bronzes, um no judô (Daniel Cargnin na categoria até 66 kg) e outro na natação (Fernando Scheffer nos 200 metros livre).
- Americana leva o ouro -Na disputa feminina, a americana Carissa Moore se tornou a primeira campeã olímpica do surfe, ao derrotar na final a sul-africana Bianca Buitendag. O bronze foi conquistado pela japonesa Amuro Tsuzuki.
A brasileira Silvana Lima foi eliminada nas quartas de final justamente por Carissa Moore. E Tatiana Weston-Webb caiu nas oitavas de final de Tóquio-2020.
As finais do surfe estavam programadas inicialmente para quarta-feira, mas foram antecipadas em um dia devido a uma tempestade tropical que forçou a mudança de algumas competições olímpicas.
A previsão meteorológica indicava mar agitado nesta terça-feira em Tsurigasaki, mas um mar calmo na quarta-feira.
amk/gj/fp
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