Formiga se despede da seleção brasileira após carreira de recordes e luta
São Paulo, 26 Nov 2021 (AFP) - Aos 43 anos de idade e com vários recordes em seu currículo, a meia Formiga se despediu da Seleção Brasileira na noite de quinta-feira, encerrando uma brilhante carreira internacional.
"Foi maravilhoso, não poderia ter sido melhor", disse a jogadora, segundo declarações divulgadas nesta sexta-feira pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Miraildes Maciel Mota, conhecida como Formiga, vestiu a 'amarelinha' pela última vez na noite de quinta na vitória do Brasil por 6 a 1 sobre a Índia, em jogo do Torneio Internacional de Futebol Feminino, em Manaus.
"Foi maravilhoso, não poderia ser melhor. Saímos com a vitória, essas meninas se empenharam bastante por isso, então agradeço também a cada uma delas por se dedicarem a esse jogo, possibilitando que esta terminasse dessa forma. Foi maravilhoso o placar. Para fechar com chave de ouro, realmente tem que ser dessa forma. Tudo foi mesmo como imaginei", disse a jogadora, que deixou o Paris Saint-Germain em junho passado para assinar com o São Paulo até dezembro de 2022.
A lendária camisa 8 encerrou uma carreira de 26 anos com a Seleção 'entrando no minuto 78, quando o placar estava 5 a 1. Embora tivesse tido algumas chances de aumentar, a goleira adversária e os erros de finalização impediram uma comemoração maior.
Natural de Salvador da Bahia, a incansável meia estreou com a camisa do Brasil em 1995, aos 17 anos.
Desde então, disputou 234 partidas, número que a torna a jogadora que mais vestiu a camisa nacional, inclusive superando o recorde masculino.
Formiga marcou 37 gols e pendurou as chuteiras pela Seleção com um saldo de 152 vitórias, 35 empates e 47 derrotas.
Ao formarem um corredor de honra, companheiros de equipe e adversárias se renderam a um verdadeiro mito do futebol mundial.
- Recordista e batalhadora -A jogadora nasceu em 1978, quando ainda era ilegal para as mulheres jogar futebol no Brasil devido a uma lei, promulgada em 1941, que considerava esse e outros esportes "incompatíveis com as condições de sua natureza". A proibição durou até 1979.
Embora tenha enfrentado resistências da família ao iniciar seu caso de amor com a bola, Formiga lutou para ser jogadora de futebol até atingir recordes inigualáveis.
"Ele queria ir para o campo, jogar bola o tempo todo. Naquela época, tinha muito preconceito. Diziam que ela seria moleque macho, que viraria piveta, os irmãos ouviam isso e batiam nela para que ela não jogasse mais", lembra a mãe, dona Celeste.
Dona Celeste viu em Manaus pela primeira vez um jogo da filha com a camisa do Brasil, a quem sempre acompanhava pela televisão.
Nas arquibancadas da Arena da Amazônia sua mãe e centenas de torcedores observavam pela última vez, pelo menos com a camisa da Seleção, a única jogadora que já participou dos sete torneios olímpicos de futebol feminino da história, que começaram em Atlanta em 1996.
Nesses torneios ela ganhou duas medalhas de prata, em Atenas-2004 e Pequim-2008, mas sua lenda é ampliada por ser a única jogadora de futebol a ter participado de sete Copas do Mundo (1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019 ), uma marca absoluta para o futebol feminino e masculino.
Vice-campeã na Copa do Mundo de 2007, até hoje continua sendo a jogadora mais velha a disputar um Mundial feminino (41 anos em 2019) e a marcar um gol nessa competição (aos 37 anos em 2015).
"É difícil imaginar a Seleção sem a Formiga, sem a garra que ela sempre colocou nos treinamentos e jogos, sem a resenha do dia a dia", disse Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, após a partida.
Aos elogios da camisa 10 se juntaram outros grandes nomes do futebol brasileiro como Pelé, Neymar e Thiago Silva.
"Eu te parabenizo de todo o coração", disse o 'Rei' em um vídeo. "Viva o nosso Brasil, viva a Formiga!".
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