Eliminatórias podem servir de laboratório de testes para os classificados Brasil e Argentina
São Paulo, 24 Jan 2022 (AFP) - Com a tranquilidade de já ter no bolso as vagas para a Copa do Mundo, Brasil e Argentina podem ser dar ao luxo de usar a reta final das eliminatórias sul-americanas como um laboratório de testes, de olho em aprimorar suas seleções antes de viajar ao Catar.
Classificadas para a Copa desde novembro, as duas potências terão a oportunidade de arriscar e testar nas últimas quatro partidas que restam pelas eliminatórias, enquanto as outras seleções do continente, salvo a eliminada Venezuela, batalham pelas outras duas vagas diretas e pela repescagem.
O líder Brasil poderá avaliar alternativas táticas e o nível de alguns jogadores contra o Equador, nesta quinta-feira em Quito, e contra o Paraguai, na próxima terça-feira em Belo Horizonte. A Argentina, segunda colocada, fará o mesmo diante do Chile, em Santiago, e Colômbia, em Córdoba.
Apesar das ausências de Neymar, que está na reta final da recuperação de uma lesão no tornozelo esquerdo, e de Lionel Messi, reintegrado recentemente ao PSG após ter tido covid, os técnicos Tite e Lionel Scaloni se mantiveram fiéis às convocações recentes para os primeiros jogos de 2022.
"Nesses poucos jogos que restam, acho que nenhum treinador vai fazer milhares de testes. É preciso ter algumas convicções e trabalhar nessas convicções, e acredito que é o que Tite e Scaloni vão fazer", declarou à AFP Paulo Calçade, comentarista dos canais Disney.
"Eles acreditam num formato táctico, tendo ou não Messi e Neymar, e a base será mantida", completou.
- Ataque renovado, briga atrás -Quebrando recordes, mas frequentemente questionado pelo futebol apresentado, o Brasil parece ter se fortalecido após a derrota para a Argentina na final da Copa América-2021, disputada no Maracanã.
Uma mudança que veio com o rejuvenescimento do ataque, o mais letal das eliminatórias (27 gols em 13 jogos), mas que parecia ser muito dependente de Neymar.
Os rápidos Antony e Raphinha surpreenderam nos jogos de outubro e novembro, respaldados pela consolidação de Lucas Paquetá, que já vinha demonstrando ótimo entendimento com Neymar em campo e que cresceu na armação de jogo na ausência do camisa '10'.
Embora ainda não pareça ter a total confiança de Tite, Vinicius Jr. tem sido nome certo nas convocações por causa do grande desempenho apresentado no Real Madrid. O jovem de 21 anos, revelado pelo Flamengo, tem tudo para brigar por uma vaga no avião que levará o Brasil para o Catar, especialmente em função dos problemas físicos ou de rendimento dos veteranos Richarlison, Everton Cebolinha e Firmino.
O Brasil também deverá aproveitar as eliminatórias para definir seu sistema defensivo, no qual algumas peças já estão definidas na cabeça de Tite e dos torcedores.
Danilo (lesionado) tem a vantagem na lateral direita, enquanto Daniel Alves e Emerson Royal brigam por um lugar no banco. Na esquerda, Alex Sandro costuma ser o titular de Tite, mas é ameaçado por Renan Lodi, Guilherme Arana e Alex Telles.
"Nos próximos dez meses, é preciso olhar atentamente quem pede passagem e quem não se dedica. Puxar a corda para acompanhar os mais decisivos e insistir na recuperação de Neymar", analisou o comentarista Paulo Vinicius Coelho, na Folha de São Paulo.
- Teste sem Messi -As vagas e disputas na Argentina são mais escassas.
Tanto apoiadores como críticos reconhecem a qualidade de Scaloni na hora de afinar a equipe entorno de Messi. Foi assim que venceram a Copa América, acabando com 28 anos de seca de títulos, e garantiram a vaga na Copa do Mundo do Catar.
"Scaloni não vai ficar fazendo muita variação nem muito teste, seleção é confiança também", afirmou Calçade.
Contra Chile e Colômbia, Scaloni deverá fazer pequenas variações. Além de Messi, o técnico argentino também não poderá contar com os lesionados Cristian Romero Exequiel Palacios e Nicolas Dominguez.
Sem o capitão, a responsabilidade de guiar os mais jovens ficará com os já consagrados Emiliano Martínez, Nicolás Otamendi, Rodrigo de Paul, Leandro Paredes, Ángel Di María e Lautaro Martínez.
"Tem um ótimo grupo, dá pra ver que não ficam nervosos em campo. A Argentina pode brigar com qualquer seleção", afirmou Julio Olarticoechea, campeão do mundo no México-1986, ao diário La Nación de Buenos Aires.
Diferentemente do Brasil, mais acostumado a driblar a ausência de Neymar, esta será a primeira vez desde outubro de 2019 que a Argentina não poderá contar com Messi.
"Nem Brasil nem Argentina têm saídas consistentes para Messi ou Neymar no nível que eles jogam, mas é o que se apresenta e pode ser uma realidade na Copa do Mundo, como já foi para o Brasil" em 2014, quando o craque se machucou nas quartas de final contra a Colômbia, lembrou Calçade.
raa/mel/ol/am
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