Qatar não indenizará trabalhadores mortos ou feridos na preparação da Copa
O Qatar rejeitou os pedidos de ONG's para criar um fundo de indenização para os trabalhadores mortos ou feridos nos preparativos da Copa do Mundo. A informação foi revelada pelo ministro Ali bin Samij Al-Marri em entrevista à "AFP".
"Este pedido (...) de uma campanha de indenização é uma estratégia de comunicação", assegurou Ali bin Samij Al-Marri, lamentando que várias organizações e alguns países estejam tentando "desacreditar o Catar com afirmações deliberadamente enganosas".
Ao longo de toda a preparação para a Copa do Mundo, a Fifa tem sido criticada pela escolha do Qatar como país sede. Isso porque, diversas denúncias contra as situações precárias de trabalho foram divulgadas.
Em 2021, uma investigação conduzida pelo jornal britânico The Guardian ainda constatou que pelo menos 6,7 mil migrantes morreram no Qatar entre 2010 e 2020. Os organizadores da Copa rejeitam o número.
Recentemente, a Anistia Internacional, organização não governamental (ONG) voltada para a proteção dos Direitos Humanos, apontou para evoluções nos últimos cinco anos, mas destacou problemas na aplicação das regulamentações. Os principais prejudicados nas relações trabalhistas são imigrantes. Centenas de milhares de pessoas saíram de outros países para atuar em projetos relacionados à Copa do Mundo. Muitos desses trabalhadores sofrem com salários atrasados, não recebem folgas e operam em ambientes inseguros.
Devido à pressão internacional direcionada ao país e à Fifa, o Qatar passou por reforma trabalhista em 2017. Entre as promessas, estava o fim do sistema kafala, em que um "patrocinador" - geralmente o patrão - detém os passaportes de imigrantes. O governo catari também criou leis para proteger os trabalhadores das condições climáticas extremas. No entanto, de acordo com o relatório, os aparatos legais não possuem a efetividade necessária e os abusos persistem "de maneira significativa".
A ONG apresentou um plano de ação, com dez passos, para melhorar a situação dos trabalhadores no Qatar. A investigação de mortes nas construções para a Copa do Mundo, a permissão para a criação de sindicatos, o fim definitivo do sistema kafala e a compensação de abusos históricos estão entre os pontos sugeridos pela Anistia Internacional.
Alguns países europeus, inclusive, já anunciaram 'boicote' à Copa do Mundo como, por exemplo, França e Suíça. As famosas 'fan zones' não serão promovidas como forma de protesto às violações dos direitos humanos no Qatar.
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