Rigobert Song põe à prova sua "teoria do perigo" contra o Brasil
Quando estava à beira de ser eliminado nas eliminatórias para a Copa do Catar, Rigobert Song cunhou a "teoria do perigo". Agora convertida em sua marca registrada, o técnico camaronês poderá colocá-la à prova para tentar vencer o Brasil nesta sexta-feira e avançar para as oitavas de final da Copa do Mundo.
"A teoria é simples e veio naturalmente para mim. Também se aplica ao nosso dia a dia", explicou Song, de 46 anos, em entrevista à Fifa antes do início da Copa do Mundo.
"Quando você sabe que está em perigo, na verdade você não está mais em perigo, porque você se torna consciente desse perigo. No entanto, quando você não sabe que está em perigo, é quando você (realmente) está em perigo," acrescentou.
O mantra do icônico ex-jogador para motivar os 'Leões Indomáveis' surgiu em momentos de tensão máxima: Camarões havia perdido em casa por 1 a 0 para a Argélia de Riyad Mahrez no jogo de ida da fase final das eliminatórias africanas disputado em 25 de março.
"Estávamos entre a cruz e a espada e não tínhamos outra opção a não ser vencer a Argélia fora de casa para nos classificarmos", lembrou ele.
- A primeira prova de fogo -
Song colocava em jogo seu prestígio, que havia sido consolidado depois de ser capitão da seleção camaronesa de Samuel Eto'o, bicampeã da Copa Africana de Nações em 2000 e 2002, e de participar de quatro Copas do Mundo (1994, 1998, 2002 e 2010).
O ex-zagueiro, que comandou a seleção sub-23 de Camarões antes de assumir a seleção principal no início de março, expôs sua teoria e quatro dias depois, em Blida, sua equipe conseguiu uma passagem para a oitava Copa do Mundo, embora com muito sofrimento.
O craque Eric Maxim Choupo-Moting, do Bayern de Munique, empatou o confronto (no placar agregado) aos 22 minutos, após um erro do goleiro Raïs M'Bolhi. A dramática partida foi para a prorrogação, onde tudo parecia mais uma vez perdido por causa de uma cabeçada do zagueiro Ahmed Touba aos 118 minutos.
Mas seis minutos depois, um chute de pé direito do atacante Toko Ekambi, do Lyon, selou a vantagem de 2 a 1 que deu aos herdeiros de Roger Milla a vaga na Copa do Mundo graças ao critério de gols do visitante.
Essa vitória dramática, que recolocou os africanos em um Mundial após a ausência na Rússia-2018, foi o primeiro triunfo da "teoria do perigo".
Para alguns, a abordagem do técnico é inspirada em um modelo de nome semelhante ('modelo do perigo) sugerido em 1994 pela imunologista Polly Matzinger para explicar o funcionamento do sistema imunológico
- 'Hemlé', o espirito de luta camaronês -
Seja como for, a frase motivacional virou marca registrada do treinador, que dá palestras online sobre o assunto e até o usa bordado em um boné preto com o qual comanda os treinos dos africanos no Catar.
"O futebol é antes de tudo a minha vida. É sempre um prazer transmitir as minhas experiências às novas gerações. Incuto neles o espírito de luta e determinação em cada compromisso que assumem. É o que chamamos no nosso país de 'hemlé': ser mentalmente forte, ser corajoso, mostrar vigor inabalável", disse ele.
Agora a história se repete no Grupo G do Mundial: Camarões (terceiro colocado, com 1 ponto) precisa vencer a seleção brasileira (líder, com seis), já classificada e favorita ao título, no estádio Lusail às 22h locais (16h de Brasília).
Além disso, tem que torcer para que a Suíça (segunda colocada, com 3 pontos) não vença a Sérvia (última, com apenas 1 ponto) em confronto que será disputado paralelamente no estádio 974. Se a seleção dos balcãs vencer, os africanos precisam superar os sul-americanos e superar os sérvios no saldo de gols.
O caminho é difícil para Song, que em 2016 sofreu um derrame que o deixou em coma por alguns dias.
Mas ele tem mais uma chance de provar sua "teoria" contra ninguém menos que a seleção pentacampeã, que não contará com os lesionados Neymar, Danilo e Alex Sandro e escalará os reservas.
"Acreditamos que podemos vencer o Brasil", disse ele na segunda-feira. "Não viemos à Copa do Mundo apenas para participar. Ainda temos algo a mostrar no torneio, mesmo sabendo que o Brasil é uma grande seleção".
raa/gh/aam
© Agence France-Presse
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