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Danças nas comemorações do Brasil na Copa dividem opiniões

06/12/2022 13h07

Os jogadores da Seleção Brasileira dividiram opiniões depois de comemorarem seus gols na vitória por 4 a 1 nas oitavas de final da Copa do Mundo com danças, que inclusive tiveram a participação do técnico Tite.

O Brasil, um dos favoritos ao título mundial no Catar, fez uma exibição de gala, com um futebol ofensivo, para mandar os sul-coreanos de volta para casa e avançar às quartas de final do torneio. A próxima adversária será a Croácia de Luka Modric, atual vice-campeã do mundo.

A Seleção abriu 2 a 0 sobre a Coreia do Sul com 13 minutos de jogo, com gols de Vinícius Júnior e Neymar, que voltava da lesão no tornozelo direito depois de ficar dois jogos fora.

Mas foi a comemoração dos gols que chamou a atenção de muitos, com os brasileiros fazendo uma série de coreografias.

"Nunca tinha visto tanta dança, é como assistir a 'Strickly'", disse o ex-capitão do Manchester United Roy Keane, em referência a um popular programa de televisão britânico em que celebridades participam de um concurso de dança.

"Não posso acreditar no que estou vendo. Sério, não posso", acrescentou o agora comentarista, conhecido por suas entradas violentas em seus tempos de jogador. "Não gosto disso, acho que é desrespeitoso com o adversário".

Inclusive Tite, uma figura de autoridade que se esforça para nunca perder a compostura, dançou com os jogadores no banco depois do terceiro gol, marcado por Richarlison.

O atacante do Tottenham disse que a dança foi ensaiada antes do jogo.

"A gente ensaiou essa dancinha na preleção, antes de vir para cá. É importante esse clima alegre e feliz, a alegria do professor nos contagia dentro de campo", revelou o camisa 9.

- O fantasma do caso Vini. Jr. -

Tite, de 61 anos, também defendeu a comemoração.

"Sempre tem os maldosos que vão entender como desrespeito", disse o treinador na entrevista coletiva pós-jogo. "Eu falei para os atletas me esconderem um pouco, sei da visibilidade".

"Não queria que tivesse outra interpretação a não ser pela alegria do gol, do resultado, do desempenho, mas não desrespeito pelo adversário ou ao Paulo Bento (técnico da Coreia), que tenho respeito muito grande", acrescentou Tite.

As críticas de Keane não passaram despercebidas no Brasil. A palavra "desrespeitoso" foi uma das mais comentadas nesta terça-feira no Twitter, onde alguns consideraram que as declarações do ex-jogador tinham um fundo "racista".

"Quando o Pelé comemorava gols dando socos no ar, os europeus diziam que era violento. Quando o Vini Jr. comemora dançando, é desrespeitoso. O que incomoda mesmo alguns europeus é a imagem de um homem negro vencedor. E no esporte que eles mais amam", escreveu o usuário @punkbiology.

Em setembro, o futebol brasileiro se solidarizou com Vinícius Júnior, depois que Pedro Bravo, presidente da Associação Espanhola de Agentes de Jogadores (AEAF), criticou as danças do brasileiro no Real Madrid, dizendo que ele deveria "respeitar" seus companheiros e "deixar de fazer macaquices".

"BAILA, VINI JR", escreveu então Neymar no Twitter, andes de Bravo pedir desculpas.

- "O melhor momento do nosso jogo" -

O ex-zagueiro americano Alexi Lalas, que disputou a Copa do Mundo de 1994, se mostrou favorável às danças nas comemorações, comuns em vários países da América do Sul e que também aconteceram em outras edições do Mundial.

"Se você é alguém que resmunga e fica irritado e mau humorado com jogadores de futebol que dançam depois de marcar um gol, ou com jogadores brasileiros que dançam depois de marcar um gol, você tem um conceito errado do que é a esportividade... Então sinto muito por você", disse Lalas ao canal Fox Sports.

"Sinto muito porque a vida que você vive não tem alegria", acrescentou o ex-jogador. "Se você quer dançar, se você quer cantar, se você quer correr como um louco, você faz o que quiser para comemorar o melhor momento do nosso lindo jogo".

Já o ex-treinador escocês Graeme Souness não se mostrou disposto a aceitar esse tipo de comemoração.

"É só uma questão de tempo antes de alguém arrebentar um desses brasileiros", disse Souness, que também foi volante do Liverpool e da seleção escocesa.

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© Agence France-Presse