Werdum não se arrepende de criticar patrocinador do UFC e conta prejuízo
A parceria entre UFC e Reebok, iniciada em julho de 2015, não demorou para colecionar uma legião de críticos entre os atletas da organização. Pela proibição de negociar e exibir outras logomarcas durante a semana do evento, os lutadores passaram a ser remunerados de acordo com uma tabela estabelecida pela empresa patrocinadora oficial do evento. Desta forma, o novo modelo atingiu diretamente competidores conhecidos que não assinaram nenhum contrato unilateral com a marca, como é o caso de Fabrício Werdum, personagem de uma grande polêmica ao longo da semana.
Depois de utilizar suas redes sociais para ironizar o acordo entre Reebok e UFC – Werdum postou uma montagem em que o símbolo da Nike aparece no lugar da empresa rival no uniforme dos atletas -, o peso-pesado afirmou que isso lhe custou o emprego como comentarista da Fox Sports para a América Latina. E a perda deste trabalho somada aos acordos não assinados com possíveis patrocinadores nos últimos 16 meses totalizariam um rombo milionário ao gaúcho.
“Nossa, somando tudo, com certeza, dá mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,2 milhões). Isso é certo”, estimou o veterano em conversa com a reportagem da Ag. Fight. “Nunca tive nada com a Reebok. Fiz um post na minha rede social como um protesto realmente, de ganhar muito dinheiro antes e agora ganhar US$ 5 mil de patrocínio por luta. Não tenho contrato com a Reebok, estou livre, não tenho nada. Não teve multa, mas me tiraram das transmissões. E sempre fiz elas muito bem, por três anos, tanto que tenho mais fãs na América Latina do que no Brasil para você ter uma ideia”.
Com mais uma baixa em sua conta bancária, o sinal de alerta foi ligado. Repreendido pela postura crítica que adotou, o atleta de 39 anos, no entanto, garante que não baixará a cabeça ou mudará de ideia uma vez que, de acordo com seu raciocínio, esta seria uma forma de ajudar que outros atletas também se posicionem em busca de melhorias para a classe como um todo.
“Não me arrependo de nada. Nunca tive nada com a Reebok, é um protesto mesmo, pelo fato de ter uma troca tão grande de valores. Mudou muito. De cento e tantos mil para cinco mil . Perdi patrocínios por não poder botar nada na hora da luta. Não estou feliz mesmo. Quis fazer isso para todos abrirem os olhos e para as pessoas verem que não é o que se vê na televisão”, garantiu.
Questionado sobre o rompimento de seu contrato de comentarista, Werdum deixou claro que nada de ilegal ou abusivo foi cometido por nenhuma das partes. Isso porque o seu acordo era diretamente com o UFC e não com a emissora de televisão. Desta forma, coube diretamente aos dirigentes da empresa decidirem pelo fim de suas funções como forma de punição pela crítica ao acordo entre o evento e sua patrocinadora majoritária.
“Não era um contrato com a Fox. Era com o UFC Network. Sempre fui lá e fiz, e me pagavam normal, não posso reclamar. Mas não tenho contrato com a Fox. Eu só não sabia que podiam mandar embora por uma besteira assim. Não foi algo como se eu não estivesse trabalhando direito. Não tem o que falar. Só queria mostrar para as pessoas que é assim que funciona”.
Desde que o contrato e a tabela de valores (baseada no número de lutas de cada atleta dentro da organização) entrou em vigor, Werdum se apresentou no octógono em duas ocasiões. Ex-campeão dos pesos-pesados, o gaúcho perdeu o cinturão em maio deste ano diante de Stipe Miocic, enquanto que, em setembro, ele fez as pazes com a vitória ao bater Travis Browne por pontos.
Seu próximo compromisso no maior evento de MMA do mundo será no dia 30 de dezembro, no UFC 207, quando encara o também Cain Velasquez em Las Vegas (EUA).
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