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Brasileiros recebem gringos com carinho e esquecem gritos de 'uh, vai morrer' no UFC Belém

Marcel Alcântara, em Belém (PA)

Ag. Fight

31/01/2018 16h23

O card do UFC Belém, evento marcado para este sábado (3), conta com o tradicional embate entre atletas brasileiros e lutadores estrangeiros, cenário que quase sempre garante apoio total do publico aos ídolos locais e rende incansáveis gritos de 'Uh, vai morrer!' - manifestação importada do futebol e que garante uma certa pressão aos visitantes. No entanto, alguns 'gringos' sobram em carisma e vez ou outra conquistam os corações dos fãs.

Nesta quarta-feira, por exemplo, os três atletas estrangeiros escalados para se apresentarem no treino aberto do UFC Belém foram aplaudidos e passaram longe de receberem o tradicional grito que fez da torcida brasileira famosa no mundo do MMA. Pelo contrário, o que se viu no palco montado em um shopping da cidade foi apenas um clima de respeito e amizade.

 

"Claro que sabia que o Brasil amava MMA, então esperava ser muito bem recebida, mas está bem mais do que eu esperava (aplausos). Essa é minha primeira luta nos moscas (57 kg) e espero ter bons momentos nessa divisão. E a partir de agora eu não paro mais. Nunca gosto de falar o que acontecerá antes de passar pela luta. Estou totalmente focada nessa luta. Me sinto muito bem e muito forte. Vou dar ao público o que querem: espetáculo", prometeu Valentina Shevchenko.

A atleta do Quirguistão, por sinal, encara a lutadora paraense Priscila 'Pedrita', que apesar de ser local recebeu menos aplausos e apoio dos torcedores, que se encantaram com a habilidade de Valentina, ex-desafiante ao cinturão dos pesos-galos (61 kg) e que fará sua estreia na nova divisão neste sábado. Alheia a essa diferença de tratamento, a rival brasileira prometeu empenho no octógono.

"Aqui mora uma Pedrita avassaladora, guerreira e eu cheguei para ficar no UFC. Tenho certeza que logo, logo esse cinturão será meu. Não, será nosso. É Pedrita no UFC", garantiu.

Lyoto ovacionado em casa

Mas embora o clima tenha sido propício para os atletas visitantes, quem foi ovacionado de verdade durante o treino aberto foi Lyoto Machida, ex-campeão dos meio-pesados (93 kg) que fará a luta principal da noite. Criado em Belém, o carateca, que atravessa a pior fase da carreira com três derrotas seguidas, encara o invicto Eryk Anders e sabe que contará com a apoio de sobra das arquibancadas.

Empolgado, Lyoto aproveitou para arriscar passos da dança carimbó, típica da região, antes de pedir que a torcida, que a essa altura lotava três andares do shopping para ver o treino aberto do UFC Belém, gritasse em uníssono o que ele chamou de grito de guerra: "Pará, Brasil".

 

"Muito obrigado a todos. É isso que eu quero. Vamos torcer para todos os brasileiros. Tem gente do Rio, de São Paulo e vocês são mais um no octógono. Quando disseram que a luta seria em Belém, eu fiz questão de estar no evento", afirmou antes de iniciar rápida sessão de fotos com os fãs.

 

Lyoto Machida foi o lutador mais aplaudido durante treino aberto - Marcel Alcântara


Com um cartel perfeito após dez apresentações no MMA profissional,  Eryk Anders fará sua primeira aparição em solo brasileiro e pareceu surpreso com a falta de hostilidade dos presentes. Por isso, claro, ele tratou de elogiar os fãs presentes no treino aberto.

"Eu amo os brasileiros, adoro vocês. Apenas recebo contratos e assino. Não tem rivalidade. Isso era o que eu esperava. Treino muito duro para isso, e o que vocês viram na última luta é só um pedaço do que vai rolar sábado. Vou definir a luta no sábado. Sei que ele também estará e não quero desrespeitá-lo, mas vim para vencer", cravou o confiante americano.