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Empresário admite erro em tática de Borrachinha e revela problemas pré-luta

 Israel Adesanya não tomou conhecimento de Paulo Borrachinha e faturou o cinturão dos médios no UFC 253 - Josh Hedges/Zuffa LLC
Israel Adesanya não tomou conhecimento de Paulo Borrachinha e faturou o cinturão dos médios no UFC 253 Imagem: Josh Hedges/Zuffa LLC

Carlos Antunes, no Rio de Janeiro (RJ) e Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)

Ag. Fight

29/09/2020 16h58

Após meses de espera, Paulo Borrachinha enfim enfrentou Israel Adesanya, em duelo válido pelo cinturão dos pesos-médios (84 kg) do Ultimate, mas o resultado e, principalmente, a atuação do brasileiro não foram como todos esperavam. O mineiro foi dominado pelo rival e acabou nocauteado no segundo round do UFC 253, adiando assim seu sonho de conquistar o título. Mas o que deu errado para o brasileiro não soltar seu característico jogo agressivo? Wallid Ismail, seu empresário, deu detalhes dos bastidores da luta.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Wallid revelou que a ideia de Borrachinha era mudar sua maneira de atuar para o duelo, adotando um pouco mais de cautela nos assaltos iniciais. Entretanto, o empresário afirmou que o brasileiro não mudou a tática quando sofria clara desvantagem - e esse foi um dos principais erros.

"Quando o Adesanya começou a chutar ele na panturrilha, era para ele ter mudado a estratégia. A estratégia era manter os dois primeiros rounds e ir com tudo no restante da luta para tentar nocautear. Era para ter mudado a estratégia no terceiro minuto do primeiro round. Ou bota para baixo, sai na porrada, mas faz alguma coisa, porque ele não ia aguentar tomar essa quantidade de chutes na panturrilha. Ele só aguentou porque é muito casca-grossa. Houve um erro tático muito grande", disse o manager do lutador, que também revelou detalhes de bastidores.

De acordo com Wallid, outros problemas assombraram o lutador 24h antes de Borrachinha pisar no octógono. Segundo o empresário, o brasileiro enfrentou dificuldades na recuperação de seu peso e precisou ser atendido por médicos durante a noite. Além disso, o atleta não não se adaptou ao fuso horário de Abu Dhabi (EAU), o que influenciou na sua performance.

"Ele pede para não falar, para não achar que é desculpa, mas ele não dormiu a noite, 24 horas antes da luta. Ele já tem um problema de dormir, tanto que ele treina a noite e o fuso acabou com ele. Foi péssimo. Ele estava apático. O Charles, que é do Performance Institute do UFC, às 23h estava no quarto dele dando vitamina, porque ele estava com cãibra na panturrilha. Repare que a panturrilha estava toda marcada de ventosa", contou, emendando.

"Não era o Borrachinha ali. Além de não ter ido bem taticamente, teve todo esse problema de não ter descansado no último dia. Teve erro de estratégia, de recuperação. O fuso horário acaba com o cara, quem viaja muito sabe disso, mas não tem desculpa. Além de tudo isso, o Israel lutou muito bem. Fez a coisa certa", completou.

Após ser derrotado e quando ainda estava no chão, Borrachinha teve que lidar com uma nova provocação do nigeriano, que lhe deu uma 'sarrada'. Em um primeiro momento, o brasileiro não viu a atitude de Adesanya, mas assim que soube, ficou furioso e com mais gana de pedir por uma revanche, por se sentir desrespeitado com o ato.

"Ele disse que ia enfiar a porrada nesse vagabundo safado, que ele é da pior espécie. Acabou a luta? Acabou, e ele quis fazer aquilo. Então ele quer lutar com ele de novo. Pediu para avisar o UFC, que esse desrespeito não ia passar. O Adesanya disse que luta, então estamos vendo se o UFC vai colocar para janeiro ou fevereiro. O UFC sabe que ele não estava nos 100% dele. Mas se não tiver a revanche, queremos lutar no mesmo dia que o Adesanya lutar, porque se o adversário dele não puder, o Borrachinha vai lutar", explicou Wallid, antes de detalhar o motivo de confiar que o brasileiro possa receber uma nova chance imediata pelo título.

"Há males que vem para o bem. O Borrachinha está gigante e quer essa luta. Estamos esperando os números do pay-per-view, parece que teve mais de um milhão e meio de visualizações a mais que Conor vs Khabib. Então, essa luta deve ser gigante e o credencia. O lutador tem que ter o pacote completo. Tem vagabundo que saiu do UFC e quer falar alguma coisa. Você nunca pode ouvir conselho de quem nunca construiu nada. Teve um cara que acabou com a carreira, foi para as drogas e quer falar. Eu nem respondo. O cara que se abalar com crítica de internet tem que se matar", concluiu.

Com a derrota para Israel Adesanya, Borrachinha, além de ter perdido a chance de ser campeão do UFC, também viu o fim da sua invencibilidade no MMA profissional. Antes dessa luta, o brasileiro estava invicto após 13 compromissos.