Sonhador e vizinho de Ramon Dino! Conheça Matheus Camilo, segundo acreano a chegar no UFC

No último sábado (14), mesma data da realização do UFC Tampa - que fechou o calendário de 2024 da liga -, o Ultimate ganhou um reforço que promete dar o que falar em 2025. E os fãs dos esportes de combate brasileiros terão uma nova promessa para acompanhar daqui em diante. Com apenas 23 anos, Matheus Camilo é o mais novo contratado da companhia presidida por Dana White. Apelidado de 'Jaguar', predador da Amazônia, sua região, o jovem se tornou o segundo lutador acreano da história a adentrar na principal organização de MMA do mundo - seguindo os passos de Francimar Bodão.

E o contrato junto ao UFC veio de maneira diferente, sem passar por programas como 'Contender Series' ou 'The Ultimate Fighter'. Matheus foi escalado contra Dorobshokh Nabotov em uma espécie de confronto eliminatório no evento 'Z-Fight Night' que daria ao vencedor uma chance de integrar o plantel do Ultimate. E para o duelo em questão, vencido pelo brasileiro na decisão unânime, todos os holofotes estavam voltados para seu adversário.

Afinal de contas, o atleta do Tajiquistão viralizou na internet ao interromper a coletiva de imprensa do UFC 308, em Abu Dhabi (EAU), e pedir diretamente a Dana White uma vaga em sua companhia. Invicto no MMA profissional, Nabotov convenceu o presidente do Ultimate a lhe dar uma chance. Mas para alcançar seu objetivo, o wrestler precisaria derrotar Matheus Camilo, que acabou frustrando seus sonhos e 'roubou' a vaga, surpreendendo o dirigente pelo desempenho.

"Trabalhei desde criança por esse momento, sou um cara que acredito muito em Deus. Tudo aconteceu como tinha que acontecer, essa luta estava nos planos de Deus. Claro que ele (Nabotov) foi lá na coletiva do UFC e chamou o público e todo mundo. E me escolheram para lutar com ele. Tudo faz parte do plano de Deus, eu sabia que a vitória era certa. Trabalhei desde criança por esse momento e aconteceu. No dia que falaram que eu iria lutar contra ele e disputando o contrato no UFC, pensei: 'Chegou a minha hora'. Trabalhei muito para isso, não iria deixar passar", relembrou Camilo, em entrevista exclusiva à Ag Fight.

Seguindo os passos de Francimar Bodão

Com o contrato garantido pelo mais recente triunfo, Matheus se juntou a Francimar Barroso como os únicos atletas do Acre que conseguiram chegar até o UFC. Seu conterrâneo, inclusive, teve um papel mais que importante no início de sua trajetória. Foi na academia fundada por 'Bodão' que, aos 16 anos, 'Jaguar' - que já treinava kickboxing e jiu-jitsu - teve o primeiro contato com as artes marciais mistas.

"Antigamente tinha um ex-lutador do UFC, que foi o primeiro lutador do UFC acreano, o Francimar Bodão. Ele abriu uma academia, e nessa academia eu tive o (primeiro) contato com o MMA. A gente já fazia um pouco de MMA, foi ali que comecei a praticar, por volta dos 16 anos. Meu sentimento é de gratidão, nossa terra é um pouco escassa, mas tem muitos talentos. Me vejo como um espelho para outras crianças, exemplo de que dá para chegar lá. Me sinto grato demais. Tenho todo respeito (pelo Bodão), foi o cara que me mostrou o caminho das pedras lá no começo", destacou Camilo.

Vizinho de Ramon Dino

Além de Bodão, que integrou o UFC entre 2013 e 2018, Matheus possui uma relação com outro atleta de alto rendimento que exalta suas raízes do Acre: Ramon Dino. Também conhecido como o 'Dinossauro do Acre', o fisiculturista brasileiro era vizinho de Camilo no bairro de Sobral. E o lutador guarda com carinho as memórias construídas ao lado do agora estabelecido astro mundial do fisiculturismo.

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"Sim, eu conheço o Ramon (Dino). Ele é lá da rua também, lá de Sobral, do meu bairro. E a gente sempre se via. Ele era patrocinado no começo pelo mesmo patrocinador que o meu. Eu sempre via ele, tinha uma lanchonete bem em frente à minha casa, e ele sempre comia lá, aqueles 'X-Tudo', o 'podrão' (risos). O cara sempre foi gigante (risos). E é muito massa ver de onde a gente saiu e onde a gente está chegando. Ele lá é um grande exemplo para a galera", revelou o atleta brasileiro.

Perda do pai, maior incentivador

Desde a adolescência, quando teve seu primeiro contato com as artes marciais em Rio Branco, Matheus contava com o apoio incondicional do pai, seu maior incentivador a trilhar uma carreira como lutador profissional. Durante a pandemia, porém, o peso-leve (70 kg) perdeu um dos maiores pilares de sua vida com a morte de seu maior exemplo. Desde então, Camilo mantém seu Gentil no coração como um fator motivador para seguir seu caminho até o topo, conforme seu pai projetou no passado.

"Ao longo de todo esse caminho, acabei perdendo meu pai, que era meu maior incentivador. Foi na época da pandemia, então foi um momento chave, de decisões. Meu pai era tudo para mim. Só queria ele do meu lado agora para ele ver tudo isso que está acontecendo. Mas acredito que, de onde ele estiver, está me vendo e bem feliz de me ver realizando esse sonho. Ele é uma das minhas maiores motivações para seguir lutando. Ele e minha mãe são tudo para mim, luto por eles, pela minha família, pelo meu estado e país. É até um pouco difícil falar dele (meu pai). Gentil Camilo (o nome dele)", lamentou Matheus.

Ida para os EUA em busca do sonho

Durante sua trajetória como atleta, Camilo migrou do Acre para o Rio de Janeiro em busca de maiores oportunidades e evolução. Foi na 'Cidade Maravilhosa' que o jovem conheceu Dedé Pederneiras e passou a treinar na tradicional equipe 'Nova União', berço de talentos como José Aldo e Renan Barão, ex-campeões do UFC. Uma vez radicado na nova cidade, Matheus teve uma oportunidade única de migrar para os Estados Unidos.

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Com o aval de seu próprio mestre Dedé, o brasileiro viajou até a 'Terra do Tio Sam' disposto a mudar definitivamente de vida. A princípio, porém, a ida para os EUA seria pontual, para ajudar companheiros de treinos na função de corner de um combate. De olho em fixar suas raízes em um novo país, Matheus acabou ficando em definitivo, onde foi acolhido pela equipe 'Xtreme Couture', em Las Vegas (EUA).

"Muitas coisas passaram na minha vida até eu chegar aqui onde estou (EUA). Tive que ir embora (do Acre), fui para o Rio de Janeiro. Pelo Acre não ter muito esporte forte lá, tive que ir para outro estado. Foi quando conheci o mestre Dedé, passei a treinar na Nova União e lá comecei a minha carreira profissionalmente e estou aqui até hoje", relembrou Camilo, antes de explicar sua ida para os Estados Unidos.

"Apareceu uma oportunidade junto ao Bruno Cappelozza e Ronny Markes de poder vir para cá. Foi na época da pandemia e quase ninguém tinha visto. Eu era o único que tinha e eles precisavam de mais um corner. Aí falei para o Dedé: 'Mestre, vou para lá'. E o Dedé disse: 'Matheus, se você puder ficar lá vai ser a melhor coisa que você vai fazer da sua vida'. Aí eu vim e estou aqui até hoje (risos). Desde o início passei a treinar na 'Xtreme Couture'. Quando vim para cá, vim decidido a mudar a minha vida. Vi como uma chance e agarrei. Pensei: 'Vou lá para ficar, mudar minha vida, lá é a casa das oportunidades'. E os frutos estão aparecendo agora, creio que foi uma ótima decisão", concluiu o brasileiro.

Estreia no UFC

Agora que alcançou um de seus objetivos e ingressou no UFC, Matheus já faz planos para sua aguardada estreia no octógono mais famoso do mundo. Depois de competir duas vezes em um intervalo de apenas três meses, o brasileiro admitiu que vai prezar por um descanso no final do ano. Entretanto, já visa retomar aos treinos em definitivo o quanto antes para pleitear uma vaga em algum evento da companhia a partir de março. Camilo integrará a categoria até 70 kg, uma das mais populares e movimentadas do MMA. Apesar do desafio, Jaguar mira um futuro promissor na 'nova casa'.

"Nessa luta não tive nenhuma lesão, graças a Deus. A gente tem planos para lutar em março, fazer a estreia (no UFC) a partir de março. Conversei com meus empresários, e essa é a data que estamos planejando. Vou tirar um descanso agora de fim de ano, até porque fiz duas lutas uma em cima da outra. E vou me preparar para ano que vem chegar com tudo. Tenho o sonho de ser campeão dentro daquela organização, e é isso que vou buscar lá", projetou.

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Cria de Rio Branco, Matheus é dono de um cartel de nove vitórias e duas derrotas como profissional de MMA. Com apenas 23 anos, Jaguar, como é conhecido, surge como um prospecto a ser observado no Ultimate em 2025, onde competirá na categoria dos pesos-leves. Com sonhos na mente, Camilo tem a chance de colocar o Acre novamente no mapa do mundo dos esportes de combate.

 

 

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