Vinícius Júnior não vai parar de lutar contra o racismo, mas acredita que suas ações terão pouca efetividade se não houver apoio constante de personalidades expressivas, seja do futebol ou de outras áreas da sociedade. "Se eu enfrentar o racismo sozinho, o sistema vai me esmagar", disse o atacante da seleção brasileira.
Em entrevista ao L'Équipe, o jogador do Real Madrid falou sobre as injúrias sofridas na Espanha, pediu maior combatividade aos seus aliados e criticou entidades como a Fifa, a Uefa e La Liga.
O jornal francês mostra Vini Jr. como uma das grandes promessas do futebol mundial, aos 23 anos, ainda que o jovem não tenha entrado na lista dos melhores do mundo, e aborda, principalmente, os ataques racistas sofridos por ele.
"Quando estamos todos juntos, quando pessoas importantes abordam o assunto, como o presidente do Brasil [Lula], como o presidente da Uefa [Aleksander Ceferin], como Kylian [Mbappé], como Neymar e outros grandes jogadores como Rio Ferdinand, que sempre me escreve e está comigo nessa luta, isso necessariamente tem mais peso", contou Vini Jr.
Porém, ele lamenta que o apoio se esvai: "Assim que acaba, não falam mais com você".
Ataque racista na Espanha
Na última semana, Vini Jr. depôs à Justiça espanhola sobre o caso de racismo sofrido no Estádio de Mestalla, casa do Valencia, no dia 21 de maio, em partida válida pelo Campeonato Espanhol. O brasileiro manteve o que já havia dito em outras ocasiões e confirmou ter sido vítimas de ofensas racistas por torcedores espalhados em diferentes setores do Mestalla. O Valencia, porém, contesta Vini Jr.
O clube alega, em nota, que é deve-se ser "escrupulosamente preciso e responsável neste tipo de manifestações" e defende que "os torcedores do Valencia não podem ser classificados como racistas". Ao final do comunicado, é pedida uma manifestação pública do brasileiro sobre o depoimento.
O Valencia chegou a ser punido pelo Comitê de Competições da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) em razão dos ataques racistas a Vinícius Júnior. O setor "Mario Kempes" do Estádio Mestalla, onde ocorreu a maior parte das ofensas ao brasileiro, ficou sem receber torcedores por cinco partidas. Houve ainda multa de 45 mil euros, cerca de R$ 241 mil. À época, a direção da equipe espanhola classificou como "injusta" as punições. Além disso, o clube acusou Rodrygo, também do Real Madrid, de mentir sobre o caso.
Lei e interrupção de partidas por racismo
Vinícius Júnior virou nome de lei no Rio de Janeiro: a Lei 10.053/23 institui a Política Estadual Vini Jr de Combate ao Racismo nos Estádios e nas Arenas Esportivas do Estado. De acordo com o texto, qualquer cidadão poderá informar condutas racistas a qualquer autoridade presente no estádio. A denúncia deverá ser encaminhada à organização do evento, à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e às autoridades.
Na época das injúrias na Espanha, o Ministério do Interior do país também determinou que as forças de segurança podem interromper partidas e até mesmo esvaziar um estádio quando houver casos de racismo e xenofobia. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, também defendeu a interrupção de jogos em casos de racismo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.