Palmeiras cobra R$ 160 milhões da WTorre por repasses do Allianz Parque
São Paulo
15/02/2024 08h16
O Palmeiras cobra R$ 160 milhões da Real Arenas, empresa criada pela WTorre para controlar as atividades do Allianz Parque até 2044. O valor é referente a repasses devidos desde 2015 e ainda não pagos para o clube. Até então, a presidente Leila Pereira havia apresentado uma quantia menor no saldo devido pela empresa, que, na época, reconheceu o débito, mas contestou o valor. Desta vez, a Real Arenas indicou que "até o momento não recebeu nenhum comunicado oficial sobre o tema em questão".
O valor é cobrado na Justiça de São Paulo. A polícia também investiga o caso como possíveis crimes de apropriação indébita e associação criminosa, a pedido do Palmeiras. A informação do novo valor foi noticiada pelo site ge.com e confirmada pelo Estadão. "O que posso dizer a vocês é que uma receita que seria muito relevante ao Palmeiras e não recebemos um centavo", disse Leila Pereira, em entrevista coletiva no mês de janeiro.
O atrito entre Palmeiras e WTorre acontece além da Justiça. O clube deixou de jogar no Allianz Parque após reclamações sobre o gramado do estádio. O próprio técnico Abel Ferreira nunca escondeu a insatisfação com o campo, especialmente depois de shows realizados na Arena, como quando miçangas ficaram espalhadas pela grama depois dos shows da cantora Taylor Swift, em novembro do ano passado. O Allianz Parque foi inaugurado em novembro de 2014.
Conforme o Palmeiras, foram feitos os repasses pela Real Arenas nos dois últimos meses de 2014 e de janeiro a junho de 2015 (com exceção do mês de maio). Na época em que Leila Pereira apontou o valor de R$ 150 milhões, a construtora reconheceu o débito, mas contestou o valor que está sendo cobrado.
Agora, a Real Arenas/WTorre afirma não ter sido notificada oficialmente sobre a cobrança de R$ 160 milhões. Em junho de 2023, a Justiça de São Paulo já suspendeu uma execução solicitada pelo Palmeiras contra a WTorre, também cobrando uma quantia milionária.
Contrato rompido
O Palmeiras desfez o vínculo com a Soccer Grass, que instalou, em 2020, o gramado sintético no Allianz Parque e também na Academia de Futebol. O distrato foi mais um sinal de insatisfação com a demora nas soluções apresentadas pela empresa.
A Real Arenas pediu a troca do composto termoplástico do gramado em 29 de janeiro, no "menor prazo possível". Segundo a empresa, a solicitação foi feita depois de receber o laudo do fornecedor do gramado sintético. Esse documento foi elaborado a partir de uma solicitação da empresa ainda no final de 2023, como procedimento de acompanhamento da qualidade da grama sintética realizado ao final da temporada passada.
O elastômero termoplástico (TPE), mais conhecido como termoplástico, partículas cilíndricas de até cinco milímetros de comprimento. A base do piso é uma tela de polietileno e propileno. Os tufos de grama são entrelaçados três vezes no suporte, para dar segurança. São necessários cerca de 30 blocos de piso, cada um medindo cerca de quatro metros de largura por 78 metros de comprimento. Segundo a empresa, esse material não suportou o calor da cidade.
Palmeiras em Barueri
Em meio à tensão entre o clube e a empresa, o Palmeiras decidiu por mandar os jogos na Arena Barueri. O estádio é gerenciado pela Crefipar, empresa de Leila Pereira, presidente do clube alviverde, ligada à Crefisa e a FAM, que venceu liminar e vai administrar o local pelos próximos 35 anos. O local foi utilizado na reta final do Campeonato Brasileiro, quando o Allianz recebeu uma maratona de apresentações internacionais.
O Allianz Parque foi vetado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para a realização de partidas do Estadual. Em portaria, a entidade apontou que o gramado sintético não está apto a receber os jogos por causa da condição do termoplástico. A previsão é de que o Allianz Parque esteja com o gramado reformado até o dia 20 de fevereiro.
O Palmeiras tem o próximo jogo como mandante no domingo, dia 18. A equipe recebe o Corinthians, pela nona rodada do Campeonato Paulista.
WTorre e outros clubes paulistas
Outros dois clubes grandes de São Paulo têm negócios recentes com a empresa. O Santos tem acordo para a WTorre construir um novo estádio na Vila Belmiro. O projeto estava em fase final de aprovação. Já o São Paulo assinou uma reforma e modernização do MorumBIS, prevista para ser finalizada em 2030.