Boxeadora de Taiwan segue argelina e assegura bronze em meio à polêmica na Olimpíada
Ovacionada pela torcida presente na Arena Paris Norte, a boxeadora Lin Yu-ting, de Taiwan, assegurou ao menos a medalha de bronze após derrotar a búlgara Svetlana Staneva por decisão unânime dos juízes, nas quartas de final da categoria até 57kg, neste domingo, e avançar à semifinal - no boxe não há disputa do terceiro lugar.
Assim como a argelina Imane Khelif, que também havia garantido sua medalha no sábado, na disputa até 66kg, Yu-ting é pivô de polêmica por ter sido autorizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a participar dos Jogos Olímpicos mesmo após ter sido reprovada em testes de gênero realizados pela controversa Associação Internacional de Boxe (IBA). No Mundial de Boxe do ano passado, realizado na Índia, ambas foram desclassificadas pela IBA após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que "elas tinham cromossomos XY (que determina o sexo masculino)".
Tanto Yu-ting quanto Khelif obtiveram o apoio de seus países em meio aos protestos, que incluíram comentários do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, da escritora J.K. Rowling e de outras pessoas que fizeram afirmações falsas sobre elas serem homens ou transgêneros.
Por outro lado, Yu-ting também recebeu apoio, como a mensagem do ex-presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, após a vitória sobre a usbeque Sitora Turdibekova, na sexta-feira. "Quando conheci Lin Yu-ting, vi uma atleta destemida diante dos desafios, sejam eles de dentro ou de fora do ringue", escreveu nas redes sociais. "Quando ela representar Taiwan no palco olímpico, estaremos com ela e com todos os atletas de Taiwan, deixando-nos orgulhosos."
A taiwanesa, que enfrentará a turca Esra Kahraman, na quarta-feira, afirmou que seu objetivo é continuar em frente e buscar o ouro. Ela não mencionou os ataques de internautas recebidos acerca da identidade de gênero e disse ter fechado suas redes sociais antes da disputa olímpica em Paris-2024.
Diferentemente da italiana Angela Carini, que havia se recusado a cumprimentar Imane Khelif após desistir do combate entre elas na estreia, Staneva levantou a mão de Yu-ting como o vencedora da luta, sentou-se na corda do lado da oponente e a levantou para que ela saísse do ringue. A búlgara, que já havia sido derrotada pela taiwanesa no Mundial de 2023, herdou o bronze após a desclassificação da adversária.
"Quero agradecer a todos os apoiadores de Taiwan", disse Yu-ting, que se curvou para a torcida, em agradecimento, antes de abraçar seu treinador ao término da luta. Bicampeã mundial pela IBA, a boxeadora compete em Olimpíadas pela terceira vez.
Em atrito com o COI, a IBA, que acumula uma série de polêmicas e decisões contestadas nos últimos anos, deixou de organizar o torneio de boxe olímpico em 2019. A modalidade quase ficou fora do programa olímpico em Paris-2024.
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