Ginasta dos EUA chora por bronze perdido em Paris: 'Foi pela cor da pele'

Um mês após perder a medalha de bronze na final do solo dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 por determinação da Corte Arbitral do Esporte (CAS), a norte-americana Jordan Chiles quebrou o silêncio e deu uma declaração bastante polêmica sobre a decisão, garantindo que foi um ato racista. Na visão da ginasta, tudo ocorreu por causa "da cor" de sua pele.

O CAS alegou na época que o 0,1 acrescentado à nota de Chiles após um recurso da delegação dos Estados Unidos foi irregular. O Tribunal afirmou que o recurso foi pedido depois do prazo estabelecido de um minuto e que a medalha fosse repassada - que ocorreu - para a romena Ana Barbosu. As delegações trocaram recursos pelo terceiro lugar olímpica.

Na ocasião da determinação pela devolução, a ginasta apenas postou alguns corações partidos com a decisão e resolveu abandonar as redes sociais. Após alguns dias, apenas postou fotos de biquíni. Convidada para falar no Forbes Power Women's Summit, nesta quarta-feira, em Nova York, ela não poupou críticas à decisão.

"A maior coisa que foi tirada de mim foi o reconhecimento de quem eu era. Não apenas meu esporte, mas a pessoa que eu sou. Para mim, tudo o que aconteceu não tem a ver com a medalha, mas sim com a cor da minha pele", afirmou, sem conseguir segurar as lágrimas, Chiles, na Cúpula das Mulheres. Em Paris-2024, o pódio foi todo negro, com a brasileira Rebeca Andrade em primeira, a compatriota Simone Biles em segundo e ele na terceira colocação.

Chiles ainda reclamou que acabou no "escuro", sem respaldo de ninguém. Ela já havia se decepcionado em 2018, quando "perdeu o amor pelo esporte" ao acusar um treinador de abuso emocional e verbal e não ser ouvida. E mostrou que o sentimento atual é parecido. "Me sinto como se tudo tivesse sido retirado novamente. Em 2018 perdi o amor pelo esporte e o perdi novamente. Senti que fiquei realmente no escuro, que tiraram algo de mim tentando colocar o nome ginástica na frente".

A norte-americana imaginava que a situação atual seria diferente e não imaginava ter de relembrar o calvário de 2018. "Eu não conseguia usar minha voz nem ser ouvida. Isso é uma coisa que sinto agora, que não consegui ser ouvida. Mas fiz história e sempre continuarei fazendo com a razão. Segui as regras, minha treinadora seguiu as regras", continuou Chiles.

Ela reforça que Cecile Landi não atrasou quatro segundos para enviar o recurso que resultou na mudança de sua pontuação para ficar em terceiro lugar, o que a USA Gymnastics também garante ter provas de ter sido a tempo. Apesar de ter perdido a medalha de bronze, Chiles viu que continua no coração da torcida ao receber muito carinho em Nova York.

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