A Fifa está em rota de colisão com as principais ligas da Europa e do sindicato internacional de jogadores (Fifpro). Em reunião nesta segunda-feira (12), em Bruxelas, na Bélgica, ocorreu um contragolpe forte contra o "abuso de poder" da entidade na luta contra o inchaço cada vez maior do calendário.
Uma greve geral já anda sendo especulada caso a responsável por organizar o calendário do futebol na Europa não pare de aumentar suas competições, esquecendo das condições físicas e mentais e do desgaste dos atletas, apenas visando lucro.
"Nossa queixa para a Comissão Europeia é clara: a Fifa está abusando de seu poder de ditar o calendário de jogos internacionais e expandir suas próprias competições - e, assim, aumentar suas próprias receitas", disparou David Terrier, presidente da Fifpro na abertura da coletiva de imprensa após as ligas concordarem, por unanimidade, que o calendário imposto é humanamente impossível de ser respeitado.
A bronca vem com a criação do Mundial de Clubes com 32 equipes a partir de 2025, assim como o maior número de rodadas da Liga dos Campeões e a ampliação da Liga das Nações de seleções - a Copa do Mundo já aumentará de 32 seleções para 48 a partir de 2026. Jogadores iniciaram a reclamação dias atrás e o movimento cresceu ma ponto de ameaçarem cruzar as pernas enquanto a entidade não voltar atrás nas decisões.
"O calendário internacional de futebol saturado coloca em risco a segurança e o bem-estar dos jogadores e ameaça a sustentabilidade econômica e social de importantes competições nacionais que são apreciadas há gerações pelos torcedores na Europa e em todo o mundo", protestou a Fifpro e as Ligas Europeias.
A queixa foi apresentada hoje na Comissão Europeia contra a Fifa sobre "sua conduta em relação à imposição do calendário internacional de partidas, incluindo decisões relacionadas à Copa do Mundo de Clubes de 2025."
Na cobrança, pedem revisão no calendário contra um "futebol insustentável" e citam que a Fifa pense nos jogadores, em relação a "sua saúde, bem-estar e longevidade de carreira."
Executivos da FIFPRO e das Ligas europeia apresentaram os detalhes da reclamação descrevendo como a Fifa mantém papéis conflitantes como órgão regulador e organizador de competições, o que dá origem a um conflito de interesses. "A Fifa usou seu poder regulatório para promover seus interesses comerciais às custas dos parceiros sociais (jogadores e ligas)."
"Está chegando a um ponto crítico. O feedback que temos dos jogadores é que há muito futebol sendo jogado e há uma expansão constante. A Premier League não mudou de forma. O que mudou nas últimas décadas foi a marcha das competições internacionais e regionais de futebol", disparou Richard Masters, CEO da Premier League, organizadora do Campeonato Inglês.
"A Serie A, como quase todas as outras Ligas Europeias, nos últimos 20 anos não aumentou o número de jogos. Pelo contrário, a Fifa e a Uefa, ciclo após ciclo, aumentaram constantemente o tamanho de suas competições para clubes e seleções nacionais e agora chegamos a um ponto de saturação no calendário", admitiu Luigi De Siervo, CEO da Liga Italiana. "O problema do calendário sobrecarregado não é causado pelas competições da liga, mas pela Fifa, com seu novo formato e duração dos torneios, e pela Uefa com a Liga das Nações e as novas competições de clubes da Uefa com o aumento do número de datas e jogos."
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