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Palmeiras é processado em R$ 8,75 mi por família de torcedor morto em emboscada

São Paulo

04/12/2024 09h45

Familiares de José Victor dos Santos Miranda, cruzeirense morto em emboscada de integrantes da Mancha Alvi Verde a um ônibus de torcedores da Máfia Azul, do Cruzeiro, estão processando o Palmeiras. São quatro ações de danos morais no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Somadas, as indenizações podem chegar a R$ 8,75 milhões.

O advogado Juliano Pereira Nepomuceno é o representante dos familiares nos quatro processos. Ele já tem outra ação contra o Palmeiras por dano morais, na qual é cobrado R$ 1,15 milhão pelo irmão de Gabriela Anelli. A garota de 23 anos foi morta no entorno do Allianz Parque, em julho do ano passado, após briga entre torcidas de Palmeiras e Flamengo.

Os processos são distribuídos por sorteio a juízes do Foro Central Cível. Dois deles estão com o mesmo magistrado, Felipe Poyares Miranda, da 16ª Vara Cível. O juiz determinou que uma das ações tenha a petição inicial direcionada à outra, sob argumento de "economia processual" e "inexistência de justificativa para distribuir duas ações sobre os mesmos fatos e a mesma vítima".

Um dos processos da 16ª Vara Cível é o que cobra o maior valor em indenização: R$ 5,75 milhões. Os outros três pedem R$ 1 milhão cada.

O Palmeiras não comenta assuntos jurídicos. Entretanto, o Estadão apurou que as ações surpreenderam e causaram revolta nos bastidores do clube, que é rompido com a Mancha Alvi Verde, investigada pelo crime. A organizada já protagonizou protestos contra a gestão de Leila Pereira, reeleita recentemente.

Após uma manifestação feita em live, na qual foram feitas ameaças contra a presidente, Leila conseguiu medida protetiva contra três integrantes da Mancha. Dois deles, Jorge Luis Sampaio Santos e Felipe Mattos, são suspeitos de participar da emboscada e considerados foragidos.

Internamente, o Palmeiras entende que não faz sentido o clube ser responsabilizado por um crime ocorrido em uma rodovia, em dia em que não houve jogo. A emboscada aconteceu em 27 de outubro, no quilômetro 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP). Os suspeitos interceptaram ônibus de cruzeirenses que voltavam para Belo Horizonte após partida do clube mineiro contra o Athletico-PR, em Curitiba.

Além da morte de José Victor dos Santos Miranda, outras 17 pessoas ficaram feridas. Após o caso, a Federação Paulista de Futebol (FPF) proibiu uniformes e acessórios da Mancha Alvi Verde em estádios de São Paulo por tempo indeterminado.

Na sede social do Palmeiras, passou a valer uma modificação no código de vestimenta. Leila Pereira proibiu a entrada de associados com trajes e acessórios da Mancha Alvi Verde e de quaisquer outras torcidas organizadas.

Até o momento, 12 pessoas foram presas temporariamente como suspeitas do crime. Nesta terça-feira, a Polícia Civil cumpriu diligências que prenderam dez pessoas - dois já haviam sido presos. Três suspeitos continuam foragidos.

Segundo o advogado Gilberto Quintanilha, que representa Sampaio e Motta, a entrega dos dois depende de a defesa ter acesso à acusação. O processo corre em segredo de Justiça e até mesmo partes envolvidas já reclamaram de não ter conseguido acessá-lo.

A emboscada é entendida como uma "cobrança" dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alvi Verde em 2022, também na rodovia Fernão Dias. Na época, Jorge Luís Sampaio Santos teve sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.

Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam nesta quarta-feira, no Mineirão, em Belo Horizonte, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviou um ofício aos clubes determinando que o jogo seja disputado com portões fechados. O governo de Minas Gerais recorreu à Justiça comum, solicitando que a partida seja realizada somente com cruzeirenses na arquibancada, e espera reverter a decisão. Ambas as diretorias se posicionaram contra a decisão da CBF.

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