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Felix Baumgartner: o homem que poderá ultrapassar a barreira do som

O piloto austríaco Felix Baumgartner já pulou de mais de 21 mil metros de altura - Jay Nemeth/Efe
O piloto austríaco Felix Baumgartner já pulou de mais de 21 mil metros de altura Imagem: Jay Nemeth/Efe

Das agências internacionais

Em Viena (Áustria)

08/10/2012 17h54

O atleta austríaco Felix Baumgartner está acostumado a quebrar recordes com sua coragem, mas nesta terça-feira poderá se tornar uma lenda, caso consiga ser o primeiro homem a ultrapassar a barreira do som sem ajuda mecânica.

O ex-instrutor de pára-quedismo da elite do exército austríaco e dublador de filmes de ação, de 43 anos, pretende quebrar quatro recordes mundiais de uma vez só.

Se conseguir seu objetivo, Baumgartner se transformará no primeiro homem a superar a velocidade do som (mais de 1.100 km/h) sem ajuda mecânica, ao pular de paraquedas do lugar mais alto -mais de 36 quilômetros-, protagonizar a queda livre mais longa (15 minutos, contando com a abertura dos paraquedas) e subir num balão até o ponto mais longínquo da terra.

Seus recordes anteriores, como o salto do edifício mais alto do planeta, o arranha-céu Taipei 101 (Taiwan), de 509 metros de altura, e de outros lugares emblemáticos como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, dão mostras do seu gosto pela aventura.

Baumgartner também foi o primeiro a atravessar o canal da Mancha em queda livre, desde Dover (Reino Unido) até Calais (França), e se jogou da maior construção da América Latina, La Torre Mayor, no México.

Alguns dos saltos eram ilegais, o que além do desafio de chegar inteiro ao solo, também faz de suas aventuras uma corrida para escapar da polícia. Sua filosofia de vida é resumida em uma frase que disse após completar o salto no Rio de Janeiro.

"Não vale a pena morrer em um salto. Mas pular da estátua de Jesus tem algo glorioso", disse o para-quedista.

Com esses antecedentes não é necessário explicar seu apelido: Felix "sem medo". "O medo se transformou em um amigo próximo", afirma Baumgartner.

Os riscos do para-quedismo, aonde qualquer erro pode custar a sua vida, não parecem provocar medo no atleta.

No exército, Felix abandonou as forças armadas porque não se sentia à vontade com as regras militares e por ter que acatar ordens que não lhe agradavam.

Em 1988, o para-quedista assinou contrato com a Red Bull, atual patrocinadora das suas aventuras. Uma equipe médica e de especialistas em engenharia aeronáutica desenvolveram durante cinco anos o projeto com Baumgartner e a cápsula e o traje pressurizado que ele costuma usar desde que se lançou de 29 quilômetros de altura.

Um de seus assessores é o dono do recorde do salto em paraquedas de maior altitude: Joe Kittinger, que em 1960 saltou de uma altura de 31 quilômetros, quando era membro das forças armadas.

Caso tudo ocorra bem no deserto do Novo México, Baumgartner ultrapassará a velocidade do som 30 segundos após iniciar a queda livre, para depois perder velocidade devido à maior densidade da atmosfera terrestre.

A Red Bull diz que o projeto é científico e o atleta radical considera que poderá conseguir informações cruciais sobre a reação do corpo humano para futuras missões espaciais.

"Demonstrar que um ser humano pode romper a barreira do som na estratosfera e retornar à terra seria um passo enorme rumo à criação no espaço de procedimentos de resgate que atualmente não existem", disse Felix Baumgartner em entrevista divulgada pela Red Bull.

O traje pressurizado é necessário porque na estratosfera não existem condições para a vida devido à falta de oxigênio, ao frio (inferior a 68 graus abaixo de zero), e à pressão, que podem levar a uma hemorragia cerebreal.

"Uma das incógnitas é como o corpo humano reage ao se aproximar de velocidades supersônicas. Os efeitos da transição desde a velocidade supersônica a outra abaixo dela não são conhecidas", confessa Baumgartner.

E aconteça o que acontecer, tudo poderá ser acompanhado pelas câmeras que Felix levará com ele.