Velejadoras admitem "vergonha" por poluição na Baía de Guanabara
As velejadoras Isabel Swan e Renata Decnop, da classe 470, afirmaram que estão envergonhadas pelo alto grau de poluição das águas da Baía de Guanabara, sede das provas de iatismo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
"É uma vergonha treinar e o barco bater em caixas de madeira, pneus e sacolas plásticas", disse Isabel, medalhista de bronze nos Jogos de Pequim, em 2008.
Renata, que disputará seus primeiros Jogos em 2016 depois de conquistar o título mundial universitário na classe Match Race, também criticou o estado de conversação do local.
"Em nenhum lugar do mundo competi em águas tão sujas como as da Baía da Guanabara. É uma tristeza", lamenta.
O local foi escolhido como sede das competições de vela dos Jogos Olímpicos após compromisso do governo do Estado do Rio de Janeiro de se empenhar para a recuperação de até 80% da qualidade da água. As duas velejadoras, no entanto, garantiram que não acreditam no sucesso do projeto.
"Tenho mais esperança do que confiança", disse Renata.
Isabel Swan lembra que esta é uma verdadeira corrida contra o tempo, com o prazo para os Jogos Olímpicos se esgotando.
"Faltam menos de mil dias, com muito trabalho a fazer. Me dá medo pensar que a baía poderá não ficar pronta para receber as competições", disse a atleta.
O secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc, disse à Efe que tem plena confiança no cumprimento do compromisso firmado. Segundo a secretaria, estão sendo realizadas 12 ações "para reverter descaso ambiental histórico e avançar com o saneamento da Baía de Guanabara".
"Para nós, as Olimpíadas não são um final, mas uma etapa", disse o secretário.
Segundo especialistas consultados pelo Efe, vários fatores influem na contaminação da Baía de Guanabara, o principal, a superpopulação dos bairros que a cercam - cerca de 8 milhões de pessoas -, aliada a falta de infraestrutura eficaz de saneamento.
O biólogo Mario Moscatelli discordou da eficácia do Plano de Descontaminação para sanear o local. Segundo o especialista, a sede da vela nos Jogos Olímpicos tem "zonas altamente poluídas e praticamente desprovidas de vida".
A Autoridade Pública Olímpica, consórcio público formado pelo governo federal, do Estado e Prefeitura do Rio de Janeiro, não quis se pronunciar sobre o assunto.
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