Cruyff marca um "antes e depois" no futebol
Alex Santos.
Barcelona, 24 mar (EFE).- A história do futebol tem que ser pausada no momento em que Johan Cruyff começou a jogar para se observar que algo grande havia acontecido naquele momento, já que surgia um homem que marcaria época no Ajax e no Barcelona tanto como jogador quanto como técnico, além de brilhar pela seleção holandesa.
Com um histórico de sucesso, apesar da falta de um título de Copa do Mundo, Cruyff é sinônimo de legado. Fez parte da escola holandesa e depois a transformou para tornar o Barcelona uma equipe multicampeã.
O destino conspirou a favor do encontro entre o holandês e o Barcelona. Embora fosse indiscutivelmente um craque, Cruyff passou pelo clube como jogador na década de 70 e conquistou apenas um título do Campeonato Espanhol e um da Copa do Rei.
Foi como técnico que ele escreveu de vez seu nome na história do Barça. E isso aconteceu somente porque o ex-jogador brigou com os líderes do Ajax da segunda metade dos anos 80 e porque a equipe catalã perdeu para o Steaua Bucareste nos pênaltis na final da Copa da Europa (atual Liga dos Campeões).
Cruyff foi, simplesmente, atrevimento. Cruyff foi ir contra as normas e impor seu critério no campo. Acreditar que se sua equipe tivesse a bola, o adversário não sentiria o cheiro dela. Desafiava o futebol de força com o controle da bola, movimentando-a com inteligência, rapidez, buscando apoios, com triangulações em todos os cantos do campo.
Cruyff passou longe de ficar ancorado no estilo de jogo que se destacava no final dos 70 e começo dos 80, época em que deixou de ser jogador para se tornar técnico. Lançou mão dos antigos manuais do Ajax para dar adotar um estilo que revolucionou o cenário, primeiramenta no time de Amsterdã e depois no Barça.
Antes, o Milan já tinha dado sinais do rumo que seria tomado pelo futebol. Não por acaso, contava com três holandeses no elenco: Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten. Mas foi com Cruyff como técnico do Ajax e depois que o Barça que o panorama mudou radicalmente, com equipes que chegavam a abrir mão de um centroavante de ofício. Ele fez do futebol uma arte que rendia títulos.
O controle de bola e a submissão do adversário através da troca de passes e da movimentação constante foram seus estandartes, a partir dos quais os sucessos em campo mostravam que ele tinha razão.
A força de suas ideias levou seus discípulos a continuarem a linha de trabalho de Cruyff, que ainda perdura em algumas equipes, especialmente no Barcelona. Mesmo que hoje o time catalão, sob o comando de Luis Enrique, seja considerado um dos menos 'cruyffistas' dos últimos anos.
Apesar do histórico de sucesso, com quatro títulos do Campeonato Espanhol e um da Copa da Europa (atual Liga dos Campeões), entre outros, o estilo implementado pelo holandês foi vulnerável em alguns momentos. Nem por isso as equipes que também o adotaram deixaram de receber o reconhecimento pelo atrevimento de apostar na posse de bola e por povoar o meio de campo abrindo mão de jogadores da defesa.
Cruyff deixou um grande legado esportivo e também intelectual, e algumas de suas frases fizeram história. Por exemplo, certa vez discutiu com o então presidente do Barça, Josep Lluís Núñez, por este supostamente se preocupar mais com superávit nas contas do que com o desempenho da equipe, e disse que o dinheiro deveria ficar no campo e não no banco.
Os espanhóis também gargalhavam com alguns erros que ele cometia com o idioma local. Em uma entrevista, o holandês se confundiu ao usar um ditado popular e declarou que "um pombo só não faz verão".
Cruyff não se importava por sofrer muitos gols, desde que sua equipe balançasse mais a rede que o adversário e deixasse o gramado com a vitória. No futebol de Cruyff era a bola que corria, e não os jogadores. Era quase uma afronta um jogador carregar a bola por muito tempo.
O adeus de Cruyff deixou muita gente entristecida, pessoas que viam nele um sopro de ar fresco para o futebol. No Barcelona, onde mais deixou sua marca e onde fez mais discípulos, a tristeza é enorme pela perda de um personagem único, que nunca passou despercebido e nunca deixou alguém indiferente a ele.
Barcelona, 24 mar (EFE).- A história do futebol tem que ser pausada no momento em que Johan Cruyff começou a jogar para se observar que algo grande havia acontecido naquele momento, já que surgia um homem que marcaria época no Ajax e no Barcelona tanto como jogador quanto como técnico, além de brilhar pela seleção holandesa.
Com um histórico de sucesso, apesar da falta de um título de Copa do Mundo, Cruyff é sinônimo de legado. Fez parte da escola holandesa e depois a transformou para tornar o Barcelona uma equipe multicampeã.
O destino conspirou a favor do encontro entre o holandês e o Barcelona. Embora fosse indiscutivelmente um craque, Cruyff passou pelo clube como jogador na década de 70 e conquistou apenas um título do Campeonato Espanhol e um da Copa do Rei.
Foi como técnico que ele escreveu de vez seu nome na história do Barça. E isso aconteceu somente porque o ex-jogador brigou com os líderes do Ajax da segunda metade dos anos 80 e porque a equipe catalã perdeu para o Steaua Bucareste nos pênaltis na final da Copa da Europa (atual Liga dos Campeões).
Cruyff foi, simplesmente, atrevimento. Cruyff foi ir contra as normas e impor seu critério no campo. Acreditar que se sua equipe tivesse a bola, o adversário não sentiria o cheiro dela. Desafiava o futebol de força com o controle da bola, movimentando-a com inteligência, rapidez, buscando apoios, com triangulações em todos os cantos do campo.
Cruyff passou longe de ficar ancorado no estilo de jogo que se destacava no final dos 70 e começo dos 80, época em que deixou de ser jogador para se tornar técnico. Lançou mão dos antigos manuais do Ajax para dar adotar um estilo que revolucionou o cenário, primeiramenta no time de Amsterdã e depois no Barça.
Antes, o Milan já tinha dado sinais do rumo que seria tomado pelo futebol. Não por acaso, contava com três holandeses no elenco: Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten. Mas foi com Cruyff como técnico do Ajax e depois que o Barça que o panorama mudou radicalmente, com equipes que chegavam a abrir mão de um centroavante de ofício. Ele fez do futebol uma arte que rendia títulos.
O controle de bola e a submissão do adversário através da troca de passes e da movimentação constante foram seus estandartes, a partir dos quais os sucessos em campo mostravam que ele tinha razão.
A força de suas ideias levou seus discípulos a continuarem a linha de trabalho de Cruyff, que ainda perdura em algumas equipes, especialmente no Barcelona. Mesmo que hoje o time catalão, sob o comando de Luis Enrique, seja considerado um dos menos 'cruyffistas' dos últimos anos.
Apesar do histórico de sucesso, com quatro títulos do Campeonato Espanhol e um da Copa da Europa (atual Liga dos Campeões), entre outros, o estilo implementado pelo holandês foi vulnerável em alguns momentos. Nem por isso as equipes que também o adotaram deixaram de receber o reconhecimento pelo atrevimento de apostar na posse de bola e por povoar o meio de campo abrindo mão de jogadores da defesa.
Cruyff deixou um grande legado esportivo e também intelectual, e algumas de suas frases fizeram história. Por exemplo, certa vez discutiu com o então presidente do Barça, Josep Lluís Núñez, por este supostamente se preocupar mais com superávit nas contas do que com o desempenho da equipe, e disse que o dinheiro deveria ficar no campo e não no banco.
Os espanhóis também gargalhavam com alguns erros que ele cometia com o idioma local. Em uma entrevista, o holandês se confundiu ao usar um ditado popular e declarou que "um pombo só não faz verão".
Cruyff não se importava por sofrer muitos gols, desde que sua equipe balançasse mais a rede que o adversário e deixasse o gramado com a vitória. No futebol de Cruyff era a bola que corria, e não os jogadores. Era quase uma afronta um jogador carregar a bola por muito tempo.
O adeus de Cruyff deixou muita gente entristecida, pessoas que viam nele um sopro de ar fresco para o futebol. No Barcelona, onde mais deixou sua marca e onde fez mais discípulos, a tristeza é enorme pela perda de um personagem único, que nunca passou despercebido e nunca deixou alguém indiferente a ele.
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