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Bisneto do último imperador austro-húngaro sonha em reinar na Fórmula 1

05/11/2016 06h01

Fran Gálvez.

Viena, 5 nov (EFE).- Entre todos os jovens pilotos que tentam ganhar espaço no mundo do automobilismo, Ferdinando de Habsburgo-Lorena, bisneto do último imperador austro-húngaro, Carlos I, se destaca por seu talento e suas origens.

Apesar de sua linhagem real e do rebuliço que desperta entre as equipes e adversários, o "príncipe", como ele é chamado pelos companheiros de forma irônica, não acredita que seu sobrenome o beneficie na hora de competir nas pistas.

"Não acredito que meu sobrenome me ajude nas corridas. Na pista, a única coisa que importa é o cronômetro" disse à Agência Efe o jovem piloto, de 19 anos, que na semana passada conquistou em Jerez o título de novato do ano na Euro Fórmula Open, uma categoria que serve como preparação para a Fórmula 1.

"Embora meu nome possa abrir portas com os patrocinadores, espero que meus resultados falem por si só", comentou o jovem piloto.

Além do título, Ferdinando já praticamente garantiu o vice-campeonato geral da Euro Fórmula Open nesta temporada, atrás apenas do italiano Leonardo Pulcini. Para participar da categoria, é preciso um investimento de 400 mil euros por ano.

Nascido em 21 de junho de 1997, em Salzburgo, Ferdinando é filho dos arquiduques da Áustria, Carlos de Habsburgo-Lorena e Francesca Thyssen-Bornemisza, e futuro herdeiro da chefia da Casa de Habsburgo.

Os títulos de nobreza do jovem, que começou a competir aos 12 anos, são de Príncipe Imperial da Áustria, Príncipe Real da Hungria, Croácia e Boêmia, além de Arquiduque da Áustria.

Seu tataravó, Carlos I, foi o último líder do Império Austro-húngaro e reinou entre os anos de 1916 e 1918, quando o império foi desmantelado depois do fim da 1ª Guerra Mundial.

Outro dos apelidos que amistosamente é dado a Ferdinando no paddock é o de "Águia Bicéfala", em referência ao escudo de armas da família Habsburgo.

"Meus concorrentes não têm tempo de fazer brincadeiras na pista porque lá sempre estou atento", brincou o piloto sobre as ironias feitas pelos adversários.

O piloto chega neste fim de semana a Barcelona para disputar as duas últimas etapas da Euro Fórmula Open. Na categoria, são disputadas duas provas por etapa e ambas somam pontos na classificação. O "príncipe" não tem mais chances de título.

Apesar de ter aproveitado a experiência na categoria, Ferdinando acredita que precisa disputar um campeonato mais competitivo na próxima temporada. A ambição, porém, é a mesma: conquistar o título como piloto novato da nova categoria escolhida.

Em duas ou três semanas, a promessa decidirá entre competir na European Formula 3 ou na GP3, outros dois campeonatos que servem como preparação para quem quer chegar à Fórmula 1.

"A Fórmula 1 é um sonho, mas dito isto, também estou aberto ao World Endurance Championship, a Indycar e outras competições. Gostaria de correr em todas elas", disse Ferdinando sobre as várias categorias amparadas pela Federação Internacional de Automobilismo.

A família do jovem piloto está encantada com a paixão dele pelas pistas e a ambição de atingir o topo do esporte motor. "Meu pai, meus irmãos, todos me apoiam. Mas, sem dúvida, minha maior fã é minha mãe", contou o herdeiro do imperador austro-húngaro.

Para Ferdinando, que escolheu uma carreira profissional pouco habitual para alguém de sua posição social, sempre é divertido explicar o que ele faz da vida. Se não tivesse optado por ser piloto, segundo revelou, a alternativa que o agrada também está fora da esfera da nobreza: a indústria da música.

Na Fórmula 1, Ferdinando é fã do finlandês Valtteri Bottas e da escuderia Williams, segundo ele, de grande "ética profissional". Já o circuito favorito do membro da nobreza não poderia ser outro: o de Mônaco, montado nas ruas do principado.