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Seleção brasileira tem ano marcado por reação e inédito ouro olímpico

22/12/2016 13h52

Redação Central, 22 dez (EFE).- Para todo o planeta, o ano de 2016 teve 366 dias, mas, a sensação é de que para a seleção brasileira o período foi bem mais longo, mais precisamente o tempo que duraria uma viagem do inferno para o céu, ou seja, do risco de não garantir vaga na Copa do Mundo de 2018 à liderança das Eliminatórias sul-americanas, e também dos tropeços até a conquista do ouro olímpico.

Os pentacampeões mundiais começaram carregavam do ano passado um acúmulo de apenas sete pontos em quatro rodadas do torneio classificatório disputadas no ano passado, com derrota para o Chile, empate com Argentina, fora de casa, e vitórias sobre Venezuela e Peru.

Naquele momento, a terceira colocação não era assustadora para os comandados de Dunga, mas, em março, a situação começou a se complicar, com dois empates - com Uruguai e Paraguai, ambos em 2 a 2 - que tiraram a seleção da zona de classificação, colocando-a na sexta colocação.

O jogo contra a 'Albirroja', no estádio Defensores del Chaco, em Assunção, deixou o então técnico da seleção na corda bamba, devido a uma atuação muito ruim, salva pelos gols no segundo tempo de Ricardo Oliveira, aos 33 minutos, e Daniel Alves, aos 46.

O pior viria na edição especial de centenário da Copa América, disputada em junho, nos Estados Unidos. Na estreia no grupo B, o Brasil empatou com o Equador em 0 a 0. Depois veio o massacre em duelo com o frágil Haiti por 7 a 1.

Na última rodada, depois da goleada dos equatorianos sobre os haitianos, a seleção fez uma verdadeira final com o Peru, no Gillette Stadium, em Foxborough. O gol do atacante Raúl Ruidíaz, aos 30 minutos do segundo tempo, decretou a eliminação dos pentacampeões e a demissão de Dunga, anunciada dias depois.

Após a queda do capitão do tetra, Tite foi contratado, iniciando um casamento esperado desde o fim da Copa do Mundo de 2014, quando o ex-comandante de Grêmio, Internacional, Corinthians, entre outros, era considerado o sucessor natural de Luiz Felipe Scolari.

Sem tempo para amistosos e testes, o novo técnico estreou já nas Eliminatórias, na altitude de Quito, contra o Equador, então vice-líder. Neymar e o novato Gabriel Jesus, com dois gols, garantiram a vitória por 3 a 0. Cinco dias depois, vieram mais três pontos, com o triunfo sobre a Colômbia, em Manaus, por 2 a 1.

Em outubro, Bolívia, por 5 a 0, e Venezuela, por 2 a 0, foram as vítimas seguintes da nova seleção, que assumia assim a liderança do torneio. Jogadores como Marquinhos, Paulinho, Philippe Coutinho se firmavam cada vez mais, enquanto o time mostrava um padrão de jogo que parecia perdido.

Em novembro veio o maior desafio da "Era Tite", com o clássico com a Argentina, no emblemático Mineirão, palco da derrota para a Alemanha por 7 a 1. Coutinho, Neymar e Paulinho, no entanto, exorcizaram qualquer fantasma.

Na semana seguinte, a seleção peruana, responsável pelo último vexame do futebol brasileiro, também foi derrotada, por 2 a 0. O resultado deixou os pentacampeões com 27 pontos, quatro à frente do Uruguai, segundo colocado, e nove distante da Colômbia, primeira fora da zona de classificação.

De acordo com matemáticos, mais três vitórias em 2017 serão suficientes para colocar o Brasil na Copa do Mundo - que será disputada no ano seguinte, na Rússia - e mantê-lo como único país a ter participado de todas as edições do torneio.

O ano de 2016 ainda entrou para a história do futebol verde e amarelo com a conquista do tão sonhado ouro olímpico, na edição sediada no Rio de Janeiro dos Jogos. O roteiro, inclusive, também foi de ida do inferno ao céu, que culminou com vitória nos pênaltis sobre a Alemanha, na final.

A princípio, Dunga seria o comandante, depois de Rogério Micale ter ficado à frente da preparação e formação do elenco. Com a saída do capitão do tetra, dando lugar a Tite, o novo técnico preferiu que o baiano seguisse na função, definindo convocados, inclusive.

A princípio, Fernando Prass, Douglas Costa e Neymar seriam os três jogadores acima de 23 anos no elenco. Os dois primeiros, no entanto, sofreram lesões, tiveram que ser cortados e deram lugar a Weverton e Renato Augusto.

A campanha, no entanto, começou com tropeços, com dois empates sem gols, com África do Sul e Iraque, em jogos disputados no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. A vaga nas quartas de final veio só na última rodada, com goleada sobre a Dinamarca por 4 a 0.

A partir daí, o futebol da equipe foi crescendo jogo a jogo, com vitória sobre a Colômbia por 2 a 0, e a goleada implacável em Honduras por 6 a 0, nas semifinais, na primeira partida dos anfitriões no Maracanã na competição.

Na final, Brasil e Alemanha fizeram duelo equilibrado com bola rolando. Neymar, em golaço de falta, abriu o placar aos 26 minutos do primeiro tempo. Na etapa final, Max Meyer empatou aos 14.

Depois da prorrogação, nos pênaltis, vitória verde e amarela por 5 a 4, com Weverton defendendo cobrança de Nils Petersen, e o craque do Barcelona fechando a série, marcando gol e garantindo o ouro inédito.