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Bruxelas: da tragédia de Heysel ao novo Eurostadium para a Eurocopa 2020

26/12/2016 10h04

Laura Zornoza.

Bruxelas, 26 dez (EFE).- Bruxelas, escolhida pela Uefa como uma das 13 sedes para a próxima Eurocopa de 2020, quer fechar um capítulo negro da história de seu esporte e, 31 anos depois da tragédia de Heysel, avança na construção de seu novo grande estádio.

O próximo templo do futebol, batizado provisoriamente como Eurostadium, deve receber uma partida das oitavas de final e três da fase de grupos do torneio continental de seleções que, por ocasião da celebração de seu 60° aniversário, será realizado em 13 cidades europeias diferentes, que também incluem Londres, Munique e Roma.

No entanto, com a Eurocopa da França concluída e a edição de 2020 que começa a surgir no horizonte, Bruxelas é a única sede que terminará o ano de 2016 sem sequer ter uma data de início para a construção de seu novo estádio.

O diretor de projeto da Eurocopa 2020 na cidade belga, Dimitri Hyugen, afirmou à Agência Efe que não houve "grandes atrasos" no planejamento original de construção do Eurostadium, que deve começar na primeira metade de 2017.

O novo estádio, que terá capacidade para 60.250 espectadores, ficará no lado norte da fronteira entre as regiões belgas de Bruxelas e Flandres, na cidade de Grimbergen.

O projeto está justamente na fase de obtenção de permissões de construção do governo de Flandres, depois que as autoridades da província deram sinal verde ao relatório de impacto ambiental da construção do estádio em outubro.

Um porta-voz da Uefa afirmou que está "satisfeito" com o progresso realizado pelas equipes organizadoras de Bruxelas como sede da Eurocopa, com quem mantêm um "contato regular".

O que sim parece claro é que o estádio de Heysel, palco da tragédia na qual 39 pessoas morreram durante a final da Liga dos Campeões da Europa, de 1985 entre Liverpool e Juventus, será destruído.

Em entrevista à Efe, o responsável de Esportes do distrito de Bruxelas, Alain Courtois, afirmou que é o momento de a cidade "virar a página" da catástrofe.

"É preciso manter um memorial, claro, mas também temos o dever de superar aquilo definitivamente. Heysel está acabado, não é uma boa localização", disse Courtois.

O secretário também disse que a construção de um novo estádio não só tem um objetivo esportivo, mas persegue uma revitalização da parte norte da cidade, na qual se encontra um monumento tão simbólico como o Atomium, mas que "os turistas não visitam".

Em resposta às críticas do fornecimento de dinheiro público para a construção do Eurostadium, Courtois afirmou que a quantidade de dinheiro público investido pela Prefeitura para manter Heysel aberto atualmente "para cinco eventos ao ano" é muito similar à contribuição para o novo estádio.

Segundo dados da Prefeitura, o financiamento procede em sua maioria de capital privado, com 480 milhões de euros de investimento para a construção do estádio e de seu estacionamento, enquanto a prefeitura fornecerá quatro milhões de euros anuais.

O começo da construção do estádio adquire um caráter ainda mais urgente ao considerar que o nome de Bruxelas aparece com força para ser sede da primeira partida do campeonato.

Apesar de a Uefa dizer que o calendário completo de partidas, que inclui a cidade escolhida para abrigar o jogo inaugural, será publicado "mais para frente" e ainda não foi tomada uma decisão, o próprio Courtois manifestou seu desejo de que a primeira partida do torneio fosse disputada no Eurostadium.

"Bruxelas é o centro da Europa e pela primeira vez o torneio de seleções europeias será realizado em 13 cidades. Para nós, seria o mais normal que a cidade central da Eurocopa, e sede da partida de abertura, fosse Bruxelas", afirmou.