Anistia Internacional denuncia calote de empresa ligada à Copa de 2022
Cairo, 26 set (EFE).- A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quarta-feira (26) que uma empresa de engenharia que fez a construção de parte da infraestrutura da Copa do Mundo de 2022, no Qatar, não pagou os salários a seus empregados migrantes há alguns meses, deixando-os desamparados e com fome.
A companhia Mercury MENA deve milhares de dólares a funcionários de diversos países que trabalharam para construir projetos ao redor do estádio de Lusail, que será sede da partida de abertura e da final do primeiro Mundial em solo árabe na estreia, segundo um comunicado da AI.
Entre outubro de 2017 e abril de 2018, a Anistia entrevistou 78 ex-empregados da Mercury MENA provenientes de Índia, Nepal e Filipinas, que têm até US$ 2.470 a receber da companhia.
"Em 2017, o Governo de Qatar foi aplaudido após anunciar um programa de reformas trabalhistas. Mas, enquanto o acordo era assinado, dezenas de funcionários da empresa ficaram na miséria, em um alojamento em condições ruins, se perguntando quando voltariam a comer", disse o diretor-adjunto do Programa de Assuntos Globais da organização, Steve Cockburn.
Cockburn denunciou que muitos empregados da Mercury MENA acabaram trabalhando sem salário durante meses e não foram protegidos pelo sistema trabalhista local.
"É preciso que o Qatar ajude estes imigrantes a reconstruir suas vidas e demonstre que leva a sério a melhoria dos direitos dos trabalhadores", destacou o diretor-adjunto.
Em resposta ao relatório da Anistia Internacional, o Ministério de Trabalho catariano afirmou nesta quarta em comunicado que a situação denunciada não é tolerada pelo Governo e que está em curso um procedimento judicial contra a Mercury MENA.
"Embora a Mercury MENA não opera mais no Qatar, os assuntos legais continuarão, e realizaremos uma investigação completa. Abordaremos qualquer problema ou violação existente e solucionaremos qualquer assunto restante", prometeu o Ministério.
Em novembro de 2017, a Anistia conversou com a empresa denunciada, que confirmou a existência do atraso nos pagamentos, mas negou que seus empregados fossem explorados. A partir desse momento, segundo a organização, a companhia não respondeu mais às suas perguntas.
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