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Rosell não pediu propina por partidas da seleção brasileira, diz comprador

11/03/2019 13h08

Madri, 11 mar (EFE).- Um ex-diretor da International Sports Events (ISE) declarou nesta segunda-feira, no julgamento de Sandro Rosell, que o ex-presidente do Barcelona não o pediu propina ao intermediar para que uma televisão da Arábia Saudita adquirisse em 2006 os direitos de partidas da seleção brasileira.

A Audiência Nacional da Espanha retomou com depoimentos o julgamento de Sandro Rosell, da esposa, Marta Pineda, do sócio Joan Besolí, de um amigo libanês e dois supostos testas de ferro, para os quais o Ministério Público pede penas de seis a 11 anos de prisão por supostos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O Ministério Público acusa os seis processados de participarem da lavagem de 20 milhões de euros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), dos quais Rosell supostamente ficou com pelo menos 6,5 milhões.

Esta segunda-feira contou com o depoimento de Dirk Hollstein, que em 2006 era diretor de Direitos Esportivos da ISE, a empresa que se encarregava de comprar conteúdos televisivos para o Dallah Albaraka Group, da Arábia Saudita.

Dirk Hollstein explicou que recorreu a Sandro Rosell, que era proprietário da empresa de marketing esportivo BSM, para tentar conseguir direitos audiovisuais de partidas do Campeonato Espanhol para o grupo de televisão saudita. Como não foi possível, pois já estavam adquiridos, surgiu a possibilidade de adquirir os direitos de partidas da seleção brasileira.

Hollstein acrescentou que em novembro de 2006 foi formalizado o contrato entre ISE e CBF - que chegava a 27 milhões de euros por 24 amistosos da seleção brasileira -, pelo qual Rosell receberia 8,3 milhões de euros da ISE, mas acabou recebendo 5,8 milhões já que faltaram ser disputadas dez partidas em 2009.

De acordo com Hollstein, o motivo foi que, em 2009, Rosell rescindiu o contrato com a ISE pela sua intermediação, já que havia se candidatado à presidência do Barcelona e não queria incorrer em incompatibilidades ao se dedicar à BSM para negociar direitos de eventos esportivos.

O advogado de Rosell, Pau Molins, perguntou se "alguma vez Ricardo Teixeira - então presidente da CBF - ou Sandro Rosell o pediram o pagamento de comissões ilegais a favor de algum deles" por alguma operação. Hollstein negou.

"Não tínhamos nenhum problema nem nenhuma queixa com Sandro Rosell", disse Hollstein, ao relatar que o ex-dirigente simplesmente foi remunerado por uma prestação de serviços como intermediário entre ISE e CBF.

Hoje também prestou depoimento o advogado da ISE Hinnerk Fauteck, que lembrou que quando Rosell chegou à presidência do Barcelona, em 2010, e para evitar tal incompatibilidade da atividade da sua empresa com o cargo no clube, vendeu a BSM à empresa do grupo saudita, que estava interessada no seu projeto de busca de jovens talentos do futebol no Qatar.

Tanto Hollstein como Fauteck explicaram que embora Rosell tenha pedido 20 milhões de euros pela venda da empresa, ISE a comprou por 13,5 milhões a serem pagos parceladamente. Foram pagos 6,5 milhões, já que em 2011 o grupo saudita desistiu da compra, dando por perdido este dinheiro porque tinham se deteriorado as relações entre Arábia Saudita e Qatar.

Sobre a venda da BSM, que o Ministério Público considera simulada, Fauteck disse que "a compra e venda não mascarava o pagamento de comissões ilegais pelos direitos de televisão" do citado contrato com a CBF, já que este tinha sido fechado em 2009.

Hollstein afirmou que não teve nenhuma negociação com a esposa de Sandro Rosell, Marta Pineda, em relação às operações que estão sendo investigadas. EFE