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Oscar Schmidt diz não se arrepender de trocar NBA pela seleção brasileira

Eduardo Knapp/Folhapress
Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

24/07/2019 15h09

Membro do Hall da Fama do basquete, Oscar Schmidt disse à Agência Efe que não se arrepende de ter defendido a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis, nos Estados Unidos, em vez de ter escolhido iniciar carreira na NBA, a badalada liga norte-americana.

Na ocasião, o ala foi um dos destaques da histórica vitória do Brasil sobre os anfitriões do torneio, por 120 a 115, que valeu medalha de ouro e é, até hoje, um dos maiores feitos do país no basquete.

Na ocasião, jogadores que estavam na NBA não eram autorizados a disputar o Pan e os Jogos Olímpicos. Oscar, que chegou a participar do draft de 1984 como a 131ª escolha, feita pelo New Jersey Nets, recusou propostas para atuar na liga e, assim, passou boa parte da carreira atuando na Europa, em clubes de Itália e Espanha.

Em entrevista aos 61 anos, o ídolo do basquete brasileiro que superou um tumor cerebral conta detalhes da histórica vitória brasileira em Indianápolis e também falou sobre o futuro da modalidade no país.

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Imagem: Joel Silva/ Folhapress

EFE: Você se arrepende de ter rejeitado a NBA para jogar com o Brasil nos Jogos Pan-Americanos e Olímpicos?

OSCAR: Foi uma decisão que eu nunca mudaria. Foi a decisão mais fácil que já tomei na minha vida. Jogar pela seleção é a coisa mais nobre que existe, é diferente. É representar um país inteiro, e isso é muito melhor do que jogar na NBA.

Na NBA, você volta rico, mas na seleção você será famoso, e as pessoas tiram o chapéu para você. Isso não tem preço. Eu jogava de graça. Eu terminava a temporada inteira na Itália e vinha para seleção, para jogar de graça.

Tive propostas, mas preferi não jogar na NBA. O fato de jogar na NBA não significa que o jogador que está lá, seja um fenômeno, porque há jogadores péssimos na NBA. É uma pena, porque o que mais motiva é a NBA e, na minha época, tive que escolher.

E: O que significou essa vitória, na sua vida pessoal e esportiva?

O: Foi um marco na minha vida. Não esperávamos ganhar lá. No segundo tempo, começamos a acertar e passamos na frente.

A organização não tinha o hino brasileiro. Tiveram que sair correndo para pedir emprestado nos estádios de futebol, onde esperavam que o Brasil fosse campeão. O champanhe enorme que bebemos, foi roubado do vestiário americano.

Meia dúzia de brasileiros fizeram mais alvoroço que a torcida americana. Foi um dia especial, que não mudaria por nenhum outro.

Para nós, faltou ganhar um Mundial e os Jogos Olímpicos, porque tínhamos condições e time para ganhar os dois. Jogávamos de igual para igual com qualquer time do planeta. Por isso, é muito difícil de substituir uma geração bem-sucedida, como o que está acontecendo agora com a Argentina.

E: O que espera para o futuro do basquete brasileiro?

O: Levamos um período longo de falta de êxitos, mas estou otimista que o basquete brasileiro volte a ter o respeito que merece. O Brasil adora o basquete, e as pessoas sentem a falta do basquete. Falta o simples, é só ir para a frente de uma favela e ver quem entra e sai. Certamente vamos encontrar gente alta e grandes talentos perdidos.