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Ronaldo vê jogadores 'cada vez mais comprometidos' com causas sociais

Ex-jogador Ronaldo Fenômeno é dono do Valladolid - Xinhua/Mahmoud Khaled
Ex-jogador Ronaldo Fenômeno é dono do Valladolid Imagem: Xinhua/Mahmoud Khaled

Madri (Espanha)

08/07/2020 16h20

Os jogadores de futebol estão "cada vez mais comprometidos" com causas sociais e "mais conscientes sobre a força que têm" para impulsionar ações beneficentes, disse Ronaldo, o 'Fenômeno', durante uma conversa com o meia espanhol Juan Mata, do Manchester United, no fórum virtual WFS Live.

"Em geral, os jogadores estão cada vez mais comprometidos. Eles estão cada vez mais conscientes da força que têm, embora seja verdade que ainda cometem erros, eu os cometi quando era jovem", analisou o ex-jogador brasileiro durante uma mesa redonda sobre o impacto social dos jogadores neste fórum virtual organizado com o World Football Summit.

Na visão do espanhol, os jogadores estão percebendo que "quando comunicam seus valores, as pessoas ouvem", e muitos estão tentando usar essa plataforma para "lutar por causas justas".

"É algo que temos inato por sermos atletas profissionais nos dias de hoje, e os jogadores vão perceber o valor de poderem chegar às pessoas. O futebol é incomparável neste aspecto, talvez a música também. São as duas maiores forças de união no mundo", acrescentou o meia.

Ronaldo e Mata são dois exemplos desta dinâmica. Em 2011, o ex-atacante brasileiro abriu a Fundação Fenômenos, que se dedica a promover projetos sociais no Brasil, enquanto o atacante espanhol é uma das forças motrizes do movimento Common Goal, através do qual mais de uma centena de futebolistas, técnicos, personalidades do futebol e organizações doam 1% do salário para financiar projetos sociais em vários países.

O ex-atacante de Real Madrid, Barcelona e Inter de Milão e atual presidente do Real Valladolid explicou que a sua fundação surgiu da intenção de "devolver algo à sociedade". Desde que a criação, a entidade realizou 24 projetos no Brasil, que beneficiaram 85 mil pessoas.

"Existem mais de 800 mil ONGs no Brasil, e muitas foram usadas de maneira errada para lavar dinheiro, e eu não queria ir nessa direção. O caminho mais difícil foi criar uma fundação, que é controlada pela procuradoria. Isso dá muito mais credibilidade", detalhou Ronaldo.

Mata explicou que o Common Goal nasceu de uma conversa com Jürgen Griesbeck, o chefe da Streetfootballworld, organização que usa o futebol para realizar projetos sociais, da qual o espanhol se tornou embaixador e teve a ideia de fazer uma organização que usa o futebol para proporcionar educação e igualdade de oportunidades.

"Ter começado o Common Goal me dá uma satisfação além de ganhar títulos e marcar gols. O futebol se tornou muito mais do que apenas um esporte, se tornou uma válvula de escape para muitas pessoas. Eu viajei para a Índia, para a Colômbia, e vi a mudança que o futebol faz nesses países, onde as crianças não têm o direito a ter uma educação ou necessidades básicas atendidas", acrescentou.

O espanhol mencionou que a partir da crise do novo coronavírus sua organização mobilizou um fundo de emergência que arrecadou 600 mil euros para 35 organizações com as quais costuma colaborar, com o objetivo de "ajudar no curto prazo" com materiais de saúde e alimentos, mas ressaltou que também quer realizar medidas de médio prazo relacionadas ao acesso à educação.

Ronaldo admitiu que a pandemia de covid-19 está fazendo tanto as empresas doadoras quanto a população mais desfavorecida "sofrerem demais", e que sua fundação está atualmente tendo que ajudar muitas pessoas sem recursos.

"No Brasil, os negros, os indígenas, os trans não têm alternativa, e devemos oferecer a eles oportunidades para superar esta crise de forma digna", acrescentou o 'Fenômeno'.

Ambos os jogadores concordaram durante esta mesa redonda, moderada pelo diretor de patrocínios do Banco Santander, Enrique Geijo, sobre a importância de as organizações sociais unirem esforços para empreender em projetos de forma global.

"Se aprendemos alguma coisa com esta pandemia, é que todos nós precisamos uns dos outros e que o futebol não tem sido imune. Idealmente, o futebol, que já está fazendo tanto, deveria ter esse efeito na sociedade. O futebol é uma das conversas mais importantes e também uma das maiores indústrias, portanto, colaborar de forma sistematizada seria mais eficaz", concluiu Juan Mata.