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Liga espanhola tentará bloquear novo contrato de Mbappé com o PSG

Mbappé lamenta em jogo contra o Croácia pela Liga das Nações - Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images
Mbappé lamenta em jogo contra o Croácia pela Liga das Nações Imagem: Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images

17/06/2022 14h54

Paris, 17 jun (EFE) - A Liga Espanhola de Futebol Profissional (LFP), por meio do advogado francês Juan Blanco, vai entrar com um processo na Justiça da França para impedir que o novo contrato da Kylian Mbappé com o Paris Saint-Germain seja validado, considerando-o "ilegal" por violar as regras do 'fair play' da UEFA.

Se a Justiça francesa não se pronunciar a favor da LFP, será solicitada uma ação à Comissão Europeia, e não está excluída a apresentação de um processo no Tribunal de Justiça da União Europeia.

"Estamos à procura de uma nova decisão como a Bosman (lei), que liberalizou o mercado (a partir de 1995). Agora o que queremos é que o mercado seja regulamentado e que as regras (financeiras) da Liga (espanhola), que são muito rigorosas, sejam expandidas por toda a Europa", disse Blanco nesta sexta-feira em uma entrevista coletiva em um hotel de Paris.

O advogado explicou que a primeira iniciativa legal será pedir à ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, que revogue as aprovações contratuais de todos os jogadores do PSG assinados após 25 de junho de 2021, data da última inspeção realizada pelas autoridades francesas.

Isso incluiria tanto o novo contrato de Mbappé, de 500 milhões de euros por três anos, segundo os números do advogado, quanto o de Lionel Messi, assinado pelo PSG em agosto de 2021 e também objeto de processo judicial movido pelo próprio Blanco a pedido de um grupo de sócios do Barcelona.

O advogado contratado pela liga espanhola anunciou que também está preparando um recurso em nível administrativo para que o Campeonato Francês realize uma inspeção das contas do PSG através da Diretoria Nacional de Controle e Gestão (DNCG), um órgão de supervisão sobre a saúde financeira das entidades esportivas da França.

"Hoje, Mbappé não pode jogar pelo PSG. Sabemos que será difícil (vencer nos tribunais franceses), considerando que o próprio presidente (da França) Emmanuel Macron pediu a ele para ficar", admitiu o advogado, famoso por seu envolvimento no movimento "coletes amarelos" e por ter representado Julian Assange, fundador do portal Wikileaks, na França.

Blanco disse estar confiante de que este processo terá sucesso nos tribunais europeus, considerando que um clube como o PSG, de propriedade de um fundo soberano do Catar por 11 anos, viola as regras da livre concorrência que regem o mercado único da UE.

Com isso, ele pretende solicitar à Comissão Europeia (CE) que se pronuncie sobre o assunto, levando em conta que o PSG não cumpre o equilíbrio entre receitas e despesas estabelecido pelo próprio Campeonato Francês, graças - segundo Branco - a sucessivas moratórias concedidas ao clube.

"Foi planejado que nesta temporada arrecadasse 180 milhões de euros em vendas de jogadores para ter equilíbrio financeiro, mas só vendeu um jogador por 7 milhões e, além disso, renovou com Mbappé", alegou.

O advogado denunciou "um conflito de interesses" entre a liga francesa e o Catar, acusando as autoridades francesas de favorecer o PSG ao adiar a aplicação das regras do 'fair play' financeiro porque o Campeonato Francês depende - em sua opinião - do dinheiro do país árabe.

Ele também acusou "clubes estatais ou clubes de oligarcas" como PSG e Manchester City de prejudicarem o futebol europeu forçando associações como Real Madrid e Barcelona, que respeitam as regras de 'fair play', a aumentar receitas por meio da venda de ingressos e de camisas para competir em pé de igualdade.

O advogado que representa a liga espanhola fez outra acusação, mais complexa e indireta. Ele argumentou que o forte investimento do Catar no PSG leva o país a aumentar o preço do gás que vende para a Europa.

"O dinheiro do Catar não é mágico como você pode pensar, o que foi gasto com Mbappé é pago por todos nós, como consumidores de eletricidade", argumentou. EFE