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Robinho relembra rebaixamento do Cruzeiro: 'Não demos o devido valor ao campeonato'

Esporte News Mundo (redacao@esportenewsmundo.com.br)

13/09/2021 18h33

Hoje no Coritiba, Robinho atuou entre 2016 e 2020 no Cruzeiro. O meia deixou a Toca da Raposa em junho do ano passado, após o clube iniciar uma série de dispensas devido ao mau momento financeiro que vivia.

Em entrevista ao portal iG, o atleta relembrou seus tempos em Minas Gerais e desabafou sobre o rebaixamento da Raposa no Campeonato Brasileiro de 2019.

– Quem diria que a gente ia cair? Eu olhava pra tabela e falava que nós não íamos cair. Nós fazíamos várias conversas no vestiário, onde falávamos: ‘Gente, temos dois jogos em casa que vamos ganhar e vamos escapar”. Aí foram acontecendo as trocas de técnico, os atrasos salariais e algumas reuniões, que não eram verdadeiras, onde a diretoria falava uma coisa pra gente e fazia outra -, afirma Robinho.

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Os motivos que levaram o Cruzeiro ao rebaixamento

Peça importante do Cruzeiro ao longo de sua passagem, Robinho assistiu de dentro do campo o primeiro rebaixamento da Raposa no Brasileirão. Para o meia, um dos principais motivos da queda do foi a falta de valor que os jogadores deram ao campeonato:

– Eu acho que nós jogadores talvez não demos o valor que deveríamos ao campeonato. A gente achava que ia sair daquele momento pela qualidade do time. Achávamos que a qualquer momento venceríamos os jogos. Isso também atrapalhou muito. Mas racha no elenco não teve, nós éramos muito unidos. Talvez tenha faltado isso também. Ter uma discussão, ter briga, outras coisas que dessem uma ligada, uma mudança. Existia muita cobrança interna entre nós atletas. A gente faz várias e várias reuniões. Existiram discussões em algumas reuniões, mas não chegou a ter briga. Olha como era o elenco no começo do ano. As brincadeiras do Fred viralizaram. Nosso time era muito unido.

Robinho relembra mudanças no elenco do Cruzeiro

Se você for ver, time que começou 2019 e o time que acabou 2019 é time que talvez brigue sim por rebaixamento na Série A. Eu digo os jogadores que jogaram. Estava lá todo todo mundo? Estava. Mas o Rodriguinho machucou; Rafinha, Lucas Romero e Lucas Silva saíram… São jogadores que não eram titulares mas eram reservas que entravam e faziam a diferença também. Subiram muitos jogadores da base que talvez não estivessem preparados para assumir a titularidade em uma Série A, competição tão difícil, e na zona de rebaixamento. Acho que isso pesou também. Muita gente ficava falando de elenco rachado, que os jogadores brigaram com o Rogério, só que ninguém estava olhando o elenco certinho como foi -, indaga Robinho.

Para o jogador, outro ponto importante sobre a queda foi a sobrecarga de responsabilidade nos atletas que haviam subido da base e a chegada de reforços que não renderam o esperado:

– Com o elenco que começou 2019 ficamos em segundo na Libertadores, fomos campeões mineiros invictos e estávamos na semifinal da Copa do Brasil até o Mano sair. Depois, houveram muitas mudanças e muitos jogadores foram saindo. A nossa zaga titular era Dedé e Léo, e o reserva, Manoel, saiu. (Com a lesão dos titulares) terminaram jogando Cacá, que tinha recém subido da base, e Fabrício Bruno, que hoje está no Bragantino fazendo um grande campeonato mas que naquela época talvez não estivesse preparado para assumir a titularidade. Volante foi o Éderson, que hoje está no Fortaleza fazendo um campeonato espetacular, e assumiu a titularidade como um dos nossos melhores jogadores, mas talvez não estivesse preparado também. Tiveram muitos jogadores que entraram que ninguém está vendo, falando. Chegaram alguns jogadores que talvez não renderam o esperado, que vieram no meio do campeonato, que foram aposta de outros lugares e não renderam. Não foi bem o elenco que começou que acabou (o ano). Aconteceram algumas trocas que, na minha visão, pesaram muito.

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Robinho relembra problemas salariais

– A falta de pagamento salarial é uma coisa que atrapalha muito. Muitas vezes meninos da base pediram dinheiro emprestado para por gasolina e poder ir ao treino. Essas coisas não saem, e eu também não gosto de ficar falando disso. Aconteceu. Em várias reuniões falaram que iam pagar o salário na hora e até hoje não recebi. Até agora eu não recebi setembro, outubro e novembro de 2019 do Cruzeiro. 13º, férias e essas coisas, não preciso nem falar. E pesa, não tem como falar que não vai pesar. Não me atrapalhou, mas, para outros, atrapalha. Tem gente que não tem um plano de carreira de guardar a parte financeira para o que pode vir a acontecer. Tem menino que estava subindo da base e talvez não tinha condições de ter guardado um dinheiro pra se sustentar durante três, quatro meses como a gente ficou. Pagar aluguel, comida, filho na escola e esse monte de coisas. Isso vai atrapalhando -, afirma o jogador.

Por fim, Robinho relembrou situações que aconteceram nos bastidores da temporada:

– Tinha dia que chegávamos para treinar e os meninos perguntavam: ‘E o salário? Falaram que vai sair hoje’. Aí vinha o Fábio: ‘Não, é sexta-feira’. Chegava sexta-feira e eles perguntavam do salário pro Fábio e pro Edílson, que é um cara que cobrava muito, e eles falavam: ‘Vai sair segunda’. Chegava na segunda: ‘Vai sair quinta’. Isso vai mexendo. Em alguns jogos os caras nem pensavam no jogo, pensavam só se o dinheiro estava na conta. A gente dentro do ônibus indo pro estádio e os caras olhando o extrato bancário pra ver se tinha caído. Isso atrapalha muito.