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'Salvou minha vida': veja outros momentos que o Halo evitou tragédias na Fórmula 1

Red Bull de Max Verstappen passa por cima da Mercedes de Lewis Hamilton no GP da Itália - Twitter/Lewis Hamilton
Red Bull de Max Verstappen passa por cima da Mercedes de Lewis Hamilton no GP da Itália Imagem: Twitter/Lewis Hamilton

Esporte News Mundo (redacao@esportenewsmundo.com.br)

13/09/2021 15h19

O acidente entre Max Verstappen e Lewis Hamilton no domingo (12), em Monza, teve um grande impacto na luta pelo título do Campeonato de Pilotos. Em uma pista que favorecia a Mercedes, com ambos os pilotos fora, o holandês manteve os cinco pontos de vantagem para o rival.

Mesmo assim, o contato entre a Red Bull e a Mercedes na curva 2 poderia ter sido muito mais grave, se não fosse por uma composição recente nos carros da Fórmula 1: o Halo. O carro de Verstappen passou por cima do cockpit de Hamilton, tendo contato com o assoalho e com o pneu traseiro passando diretamente por cima da cabeça do britânico.

A proteção evitou que o carro caísse diretamente em cima de Hamilton, e ainda assim a roda chegou a ter contato com o capacete do heptacampeão. Em entrevista, disse ter sido muito 'sortudo':

"Graças a Deus pelo Halo, que no fim do dia, eu acho que salvou minha vida, e salvou meu pescoço. Eu acho que nunca fui atingido na cabeça por um carro antes, e foi um choque para mim, porque eu não sei se você viu a imagem, mas minha cabeça está bem pra frente. E eu venho correndo por um bom tempo, e eu sou tão grato por ainda estar aqui".

Em sua origem, o Halo foi amplamente criticado. Sua aparência estranha para um carro clássico de Fórmula 1, o fato de poder atrapalhar a visibilidade dos pilotos ao conduzirem a mais de 300km/h, ou mesmo que não ajudaria tanto na proteção, como no caso do acidente de Felipe Massa em 2009, quando foi atingido por uma mola, foram argumentos dos críticos.

A realidade, no entanto, mostrou que essa nova peça de segurança seria muito necessária nos anos seguintes. Adicionado ao mundo da F1 em 2018, o Halo tem uma estrutura de titânio grau 5 (muito utilizado na indústria aeronáutica), pesa apenas sete quilos, mas consegue suportar cerca de 12 toneladas em sua estrutura, algo semelhante a um ônibus londrino de dois andares. É a peça mais resistente do atual carro da categoria.

Assim, vamos ver abaixo algumas situações na Fórmula 1 em que o Halo foi importante para manter a integridade física dos pilotos, e evitar potenciais acidentes graves:

O primeiro teste - Spa-Francorchamps 2018

Na primeira temporada com a novidade em segurança, já ocorreu também seu primeiro 'teste de campo'. Logo após a largada no GP da Bélgica em 2018, Hulkenberg bateu na traseira de Fernando Alonso e lançou a McLaren do espanhol por cima da Alfa Romeo de Charles Leclerc.

Quase como numa manobra de skate, o carro de Alonso deslizou por cima do monegasco, com uma das rodas batendo diretamente no Halo. Apesar do forte impacto e de sair sem a asa traseira de seu carro, Leclerc saiu ileso do acidente, tido como o 'ponto final' na discussão se a presença da proteção seria ou não necessária.

GP do Canadá - 2019

Halo de Grosjean no Canadá Reprodução/F1

Reprodução/F1

Semelhante ao acidente de Felipe Massa, Romain Grosjean quase foi atingido por uma peça de um dos carros do grid após a largada na corrida de Montreal, em 2019. Na disputa inicial por espaço, Kimi Raikkonen e Alexander Albon se chocaram, e uma peça da asa da Toro Rosso foi diretamente no carro do francês.

Mesmo tendo um espaço considerável entre o carro e a parte superior do Halo, a peça do carro do tailandês voou e ficou presa na Haas de Grosjean, evitando que o detrito se chocasse diretamente com o capacete do piloto.

GP da Toscana - 2020

Sainz e Giovinazzi em Toscana Divulgação/F1

Divulgação/F1

Em uma corrida marcada por um acidente múltiplo na relargada que resultou em quatro abandonos, o Halo também teve uma participação na proteção de Carlos Sainz. O espanhol, assim como outros pilotos, acelerou para a bandeira verde, porém, alguns carros frearam novamente. Assim, o número 55 levantou o carro de Giovinazzi, da Alfa Romeo, que foi amparado pela proteção de titânio.

GP de Emilia-Romagna - 2021

Halo impede acidente com Bottas Reprodução/F1

Reprodução/F1

Valtteri Bottas e George Russell disputavam a décima posição no circuito italiano, até que o britânico, ao tentar a ultrapassagem, derrapou na grama e fez contato com a Mercedes de Bottas.

Em alta velocidade, a Williams de Russell subiu no carro do finlandês, com o Halo evitando que a roda e o chassi do número 63 tivessem contato direto com o capacete de Bottas. A proteção segurou o carro e ambos os pilotos saíram sem ferimentos do acidente. Russell, que ná época já era especulado na vaga do próprio Bottas, ainda saiu do carro para cobrar diretamente o piloto 'rival' na Mercedes.

A prova definitiva - GP do Bahrein - 2020

Na primeira volta do circuito do Bahrein, todos que acompanhavam de alguma forma a corrida viram um carro ir na direção do guard rail da pista, na reta após a curva três.

A Haas de Romain Grosjean bateu de frente com a proteção lateral da pista e foi dividida ao meio. Com a colisão, o carro rapidamente pegou fogo com o piloto francês ainda dentro das ferragens, mas o Halo salvou o francês de diversas maneiras.

A batida em alta velocidade produziu uma força de 67 Gs, ou seja, a pressão no piloto foi 67 vezes o peso de seu próprio corpo. No ângulo de batida, sem o Halo, o capacete poderia ter tido um contato direto com o guard rail, que foi cortado pelo carro. Além de evitar uma cena fatal, o Halo 'cortou' a proteção no contato, e possibilitou que Grosjean não desmaiasse, algo que potencialmente também seria fatal devido ao incêndio.

Apesar do susto e de queimaduras nas mãos, Grosjean voltou aos treinos na Indy depois de cerca de três meses de seu acidente na Fórmula 1. O fato ainda levou o francês a se "desculpar" com o equipamento:

? Eu era totalmente contra a introdução do Halo. Como eu fui idiota. O Jules salvou minha vida, salvou a vida de outros pilotos. Serei grato a ele para sempre.

Grosjean no Bahrein Divulgação/F1

Divulgação/F1

"Jules" que Romain Grosjean cita na entrevista à TV francesa Canal Super é Jules Bianchi, piloto francês que faleceu por decorrência de um acidente no GP de Suzuka em 2014. Na época, o piloto da Marussia escapou da pista e bateu num trator que retirava o carro de Adrian Sutil do circuito. Pela altura do carro, Bianchi acertou diretamente o capacete no trator, o que resultou na primeira morte em decorrência de acidente na Fórmula 1 desde Ayrton Senna em 1994.

Durante o GP da Hungria de 2017, o diretor de segurança da Federação Internacional de Automobilismo, Lauren Mekies, explicou como foi realizado o processo de adoção do Halo, um elemento pesquisado principalmente após a morte do piloto francês.

Jules Bianchi na Marussia Divulgação/F1

Divulgação/F1

Mekies explicou que a sua equipe fez numerosas simulações de alguns tipos de colisão: carro com carro; carro com objeto; e fatores externos, como pneus ou detritos. Apesar do acidente de Bianchi ter saído com uma análise neutra na simulação com Halo, considerando que não há certeza absoluta que o equipamento teria salvo o piloto, outros acidentes a FIA tem segurança de que o sistema poderia evitar uma fatalidade.

O primeiro é o acidente de Henry Surtees, jovem que faleceu aos 18 anos em 2009, quando pilotava pela Fórmula 2. Em um acidente em Brands Hatch, o capacete de Surtees foi atingido pela roda de Jack Clarke, que cruzava a pista após uma batida. Outro caso foi o de Justin Wilson, que morreu em 2015, quando pilotava na Indy e foi atingido no capacete pelo carro de Sage Karam.

Apesar de não ser uma garantia de total segurança, ou não ser mais fechado como o aeroscreen adotado pela Indy a partir de 2020, o Halo é, desde sua estreia, uma importante peça para manutenção da integridade física dos pilotos, principalmente em acidentes que poderiam ter consequências trágicas.

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