Como Nadia Comaneci inspirou a primeira brasileira campeã olímpica
Jackie Silva e Sandra Pires entraram para a história como as primeiras brasileiras a ganharem uma medalha olímpica de ouro. Foi nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, quando a final do vôlei de praia colocou frente a frente duas duplas brasileiras: Jackie e Sandra venceram, e Mônica e Adriana ficaram com a prata.
Vinte anos antes, em 1976, Jackie Silva já se destacava nas quadras de vôlei. Aos 14 anos, sagrou-se bicampeã carioca infanto-juvenil e bicampeã brasileira da categoria. Ainda era quase uma criança quando foi convocada para a seleção principal pela primeira vez.
Pela televisão, acompanhou os Jogos Olímpicos de Montreal. E descobriu a sua primeira referência no esporte: a ginasta romena Nadia Comaneci.
“Se eu, em algum dia, pensasse em Olimpíada, eu pensei nela, sim. Uma pessoa que me colocou ali perto de uma Olimpíada, de pensar ‘poxa, que legal ser campeã olímpica’”, conta Jackie.
A carioca de 55 anos considera a apresentação perfeita de Nadia Comaneci, a primeira nota dez na história da ginástica artística, o maior momento que viu no esporte.
Ela era tudo que deu certo, num esporte de precisão, num esporte difícil, naquela barra que não pode piscar que cai. Lembro dos juízes, todo mundo dando dez, dez, dez, dez..."
Em 18 de julho de 1976, data em que ocorreu aquele momento histórico no esporte mundial, Jaqueline ainda não era Jackie Silva. E também não sabia que 20 anos depois sentiria a mesma alegria de Nadia Comaneci, ao subir ao topo do pódio olímpico. “É um lugar muito especial. Quem experimentou sabe que é muito iluminado”.
Das quadras para a areia
Jaqueline era uma jogadora de muito talento. E de muita personalidade. “Acho que eu sempre joguei muito bem, desde pequena. Pelo menos as pessoas falavam isso. Por tudo o que fiz, e eu sempre encontrava as portas abertas... então eu devia ser boazinha mesmo”, sorri.
Antes de se consagrar no vôlei de praia, defendeu a seleção brasileira de vôlei em duas Olimpíadas – nos Jogos de Moscou, em 1980, e de Los Angeles, em 84. Mas o Brasil não foi bem e terminou em sétimo lugar.
Jaqueline também acumulou discordâncias e dispensas na seleção. A terceira e última delas ocorreu em 1985, quando foi cortada por não aceitar vestir o uniforme com o nome de um patrocinador sem receber um valor por isso.
Depois de uma temporada na Itália, partiu para o vôlei de praia nos Estados Unidos, onde fez muito sucesso ao lado da norte-americana Linda Chisholm. No Brasil, a primeira parceira de Jackie Silva foi Isabel, mas a companheira conciliava a praia com a quadra, e elas não tinha tempo para treinar juntas.
A difícil relação com Sandra na praia
Em 1993, Jackie começou a jogar com Sandra Pires. Ela conta que o início foi complicado.
"Eu era número 1 do ranking americano. Quando me juntei com a Sandra, a gente despencou. Caímos para o último lugar do ranking, e era normal porque a Sandra tinha que aprender. O problema era lidar com as derrotas para não se frustrar. A gente perdia, perdia, perdia... Mas de vez em quando dava um sinal de vida, parece que era para não desistir".
Em 94, a dupla retornou ao Brasil e faturou o Circuito Brasileiro. Começava a trajetória de títulos - foram bicampeãs mundiais e campeãs olímpicas.
Na dupla eu era a líder, dava a direção pra onde a gente ia, o que a gente ia fazer. A Sandra era uma aprendiz, mas com uma personalidade muito forte, respondia as coisas. Ela aceitava, mas a gente brigava um pouco, não era uma coisa simples. Dentro do jogo era uma relação muito ruim, o coro comia."
ESPORTE(ponto final)
A entrevista com Jackie Silva foi realizada pelo ESPORTE(ponto final), um canal produzido a partir de depoimentos de ídolos sobre os grandes momentos do esporte.
A cada semana, novos episódios serão lançados na página especial do ESPORTE(ponto final). E você também pode acompanhar nas mídias sociais: youtube.com/esportepontofinal e facebook.com/esportepontofinal.
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