O youtuber que levou tiro no peito e ajudou a criar o canal Desimpedidos
Menino de origem humilde, Paulo Eduardo Delta quase virou estatística de vítimas de homicídio. Aos 15 anos, estava num boteco em Osasco, região metropolitana de São Paulo, comprando doce de amendoim e vendo seus amigos jogar sinuca. Ao seu lado, circulava um traficante conhecido da área.
Começou um tiroteio, e uma bala atingiu o peito do garoto. Seu erro foi estar no lugar errado e não perceber que corria perigo.
O tiro passou a milímetros do coração. Paulo ficou bem. Seguiu sua vida, mas de forma diferente. “Mudou a chavinha. Pensei 'aproveita a vida aí porque você quase morreu'”.
Foi naquela época que pegou gosto pelo cinema, porque trabalhava na locadora de vídeos VHS do seu tio. “Meu trampo era assistir filmes. Eu adorava!”
Seguir carreira na sétima arte passou a ser o seu sonho de vida. Ao terminar o ensino médio, bateu na porta da FAAP, uma das faculdades mais caras de São Paulo, para saber quanto custava o curso de Cinema. “A mensalidade era 1.500 reais, e meu pai ganhava uns 800 na época. Foi o primeiro choque de realidade...”
O sonho de trabalhar com cinema
Sem condições de pagar a faculdade de Cinema, Paulo Eduardo procurou o Instituto Criar de TV e Cinema, uma organização não-governamental fundada por Luciano Huck para o desenvolvimento de jovens por meio do audiovisual. “Lá foi a grande virada!”.
Estudou, fez outros cursos e começou a trabalhar em produtoras de vídeo. Até que recebeu uma proposta para ajudar a tocar do zero um canal de Youtube sobre futebol.
Atuava por trás das câmeras, na produção e edição de vídeos, mas começou a aparecer no quadro Fred + 10. Hoje, é conhecido como Paulinho do Desimpedidos. O canal é febre entre os jovens, com 6,6 milhões de seguidores.
“Sou uma subcelebridade”, brinca. Ele tem quase 300 mil seguidores no Instagram.
Paulinho criou um cinema na periferia
Em 2006, quando finalizava o curso de TV e Cinema no Instituo Criar, Paulinho tomou conhecimento de um edital de incentivo a projetos que utilizassem a cultura como ferramenta para transformação social.
Surgiu então a ideia de oferecer às crianças do conjunto habitacional Rincão a oportunidade de frequentar o cinema.
“Fizemos uma pesquisa e vimos que 90% das crianças com menos de 10 anos nunca tinham ido ao cinema. Eu fui ao cinema pela primeira vez com 15 anos. Aí eu e amigos criamos o Cine Rincão na quebrada para a molecada”.
Um depósito de entulho que era utilizado até para velar corpos foi reformado e virou sala de cinema para a garotada da comunidade. Entre 2006 e 2008, cerca de duas mil pessoas viram filmes no Cine Rincão.
A história de Paulinho virou filme
Em 2011, o diretor Fernando Grostein Andrade, irmão de Luciano Huck, recebeu uma proposta da revista italiana Colors para produzir um curta-metragem. A missão do cineasta era contar a história de uma vítima da violência que, em vez de se vingar e entrar para o crime, reagiu à situação vivendo melhor.
“O tema era alguém que tomou um tiro, e o tiro impulsionou a algo positivo. O Fernando me ligou e disse: ‘preciso contar sua história’”, revela Paulinho. Ele viajou a Dubai para exibir o curta Cine Rincão.
Por causa do sucesso do curta, Fernando Andrade decidiu, em 2014, produzir o longa-metragem Na Quebrada, inspirado na história real de Paulo Eduardo e de outros jovens, e o convidou para ser codiretor do filme. Meses depois, apareceu a proposta para Paulinho fazer parte da equipe que iniciava o canal Desimpedidos.
Quer saber quantas cestas Paulinho fez? Veja episódio completo
Créditos
Direção: Giu Zanelato;
Edição de texto e produção: Carlos Padeiro;
Equipe de filmagem: Daniel Grilli, Diego Garcia e Pablo Saed;
Estagiário: Vinícius Rolim.
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