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Yaras vão usar uniformes com temática indígena na Olimpíada

Camisas contam com detalhes geométricos inspirados em artes indígenas Imagem: Fotojump/Brasil Rugby

12/06/2024 19h12

As Yaras, como são chamadas as jogadoras da seleção brasileira de rúgbi sevens, vão usar nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 uniformes inspirados na cultura indígena.

A revelação dos uniformes aconteceu nesta terça-feira (11), em um evento para convidados, imprensa e representantes da cultura indígena, como Juma Xipaia, secretária nacional de articulação e promoção de direitos indígenas, e representantes do Museu das Culturas Indígenas (MCI), local onde a cerimônia foi realizada.

Juma destacou a presença feminina no esporte. "É necessário respeitar a nossa existência no esporte. Independentemente do local, as mulheres são uma fortaleza. Somos o símbolo da vida e da resistência. Agradeço o esforço e dedicação. As meninas do rúgbi carregaram uma nação, a nossa ancestralidade e o sonho de muitas que desejam chegar neste espaço. Vocês são inspiração e realidade", concluiu.

Os novos uniformes

O design das camisas amarela e verde conta com detalhes geométricos inspirados em artes indígenas e animais característicos da fauna brasileira como boto, jiboia, mico-leão e lobo-guará.

Segundo Claudio Verá, mestre de saberes do MCI, o grafismo na cultura indígena é usado apenas em ocasiões especiais como rituais de passagem, luto, casamento e festejos culturais.

As Yaras

Em 2013, a seleção feminina de rúgbi adotou o apelido Yaras, mas usava o símbolo masculino no peito, o Tupi.

Em 2021, a seleção brasileira de rúgbi feminino ganhou uma nova identidade, idealizada por um movimento independente que teve como líderes as próprias atletas. A ideia foi resgatar a origem do nome de batismo, que reflete o espírito guerreiro da mulher brasileira.

Na mitologia tupi-guarani, Yara, filha de Pajé, é uma temida guerreira que, para escapar da morte, se refugiou nos rios amazônicos. Por isso, é conhecida como a Senhora Das Águas.

Durante o evento, Mariana Miné, CEO da CBRu, destacou que o time construiu um legado que reflete nos últimos resultados históricos, como a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago e a permanência em 2025 na elite da modalidade no circuito mundial.

"O rúgbi é um esporte que tem uma tradição muito forte de reverenciar e trazer relevância para os povos originários mundiais. Exemplos como esse são a Nova Zelândia, a Austrália e Fiji, que trabalham com as matrizes culturais indígenas dentro do jogo. No Brasil, queremos esse diálogo e caminhar na mesma direção", explica Miné.

Convocação

O evento também teve como objetivo convocar oficialmente as atletas para os Jogos e detalhar a preparação do time até o início da competição.

Um dos destaques da relação foi Luiza Campos, do Charrua (RS). Será a terceira olimpíada na carreira da capitã.

"Eu visto a amarelinha há 12 anos, já joguei com muitas referências do nosso país. Vestir este uniforme é sempre um orgulho. É representar o Brasil levando a nossa cultura pelo mundo. O Brasil não é só futebol e samba. Somos muito mais do que isso e temos muito a acrescentar. Com o Will, estamos descobrindo o jeito brasileiro de jogar. Estou feliz de estar aqui e presenciar um ano histórico. Vamos dar tudo de si e mais um pouco porque carregamos vocês com a gente. Obrigada pelo apoio nos momentos mais difíceis", ressalta Luiza.

A lista inicial divulgada pelo técnico britânico Will Broderick conta com 18 nomes, mas apenas 14 vão jogar em Paris-2024, sendo uma na condição de suplente.

A ideia é avaliar a condição física de algumas atletas até o limite do prazo. Há jogadoras, como Aline Furtado, Milena Mariano e Rafaela Zanellato, que se recuperam de lesão.

A seleção vai fazer um período de aclimatação entre os dias 7 e 21 de julho, em Saint-Affrique, no Sul da França, que fica a 650km de distância capital Paris, local dos Jogos Olímpicos.

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